Viajante de lugares remotos conta como é visitar o mais novo país do mundo
O fotógrafo alemão Michael Runkel (@michaelrunkelphoto), de 52 anos, é uma das pessoas mais viajadas do mundo.
Com trabalhos realizados para veículos como a “National Geographic Traveller” e “The New York Times”, ele já esteve em todos os países do globo e se especializou em explorar lugares remotos e perigosos como a costa da Somália, o interior do Afeganistão e as profundezas do Iraque.
Porém, poucos destinos foram tão difíceis para Michael desbravar como o Sudão do Sul, que conquistou sua independência do Sudão em 2011 e é considerado a nação mais nova do planeta com amplo reconhecimento da comunidade internacional.
O alemão passou 12 dias no país africano neste ano, com o objetivo de fotografar diferentes tribos locais — e, nesta jornada, enfrentou um território abalado por contínuas guerras, com parca infraestrutura e cenários propícios para grandes perrengues.
E a experiência de viagem começou logo após o desembarque no aeroporto que serve a cidade de Juba, capital do Sudão do Sul.
“O terminal do aeroporto ainda é muito pequeno e quase não tem ar-condicionado. No dia em que cheguei, a temperatura estava em 42 graus. Além do teste negativo para covid-19 obrigatório, os oficiais de segurança são obsessivos com equipamentos de fotografia. Eles reviraram minhas malas e olharam cada uma das minhas câmeras”, explica.
“Antes da viagem, eu já sabia que não seria possível levar um drone, pois este tipo de equipamento é totalmente proibido por lá. Eu poderia ser preso se achassem um drone na minha bagagem”
Esta atmosfera de paranoia existe no país muito por causa da guerra civil que assolou o Sudão do Sul após sua independência — um conflito armado alimentado por disputas de poder entre líderes políticos do recém-nascido Estado soberano. Lá, estrangeiros com câmeras podem ser vistos como potenciais espiões a serviço de algum grupo político local ou inimigo estrangeiro.
E as preocupações não paravam por aí: no Sudão do Sul, o alemão esteve frequentemente acompanhado por escolta armada, visto que o país ainda é um lugar sob tensão bélica.
Da capital pro interior
Com mais de meio milhão de habitantes, a cidade de Juba é um local sem muitos atrativos. “É um dos poucos lugares do Sudão do Sul com real estrutura urbana e vias pavimentadas”, diz ele.