Tempo de Jogos
O historiador grego, Heródoto, há 2.500 anos, registrou que o soldado ateniense Fidípides foi incumbido de buscar ajuda a mais de 40 quilômetros, para salvar sua cidade, em 490 a.C. A façanha inspirou essa disputa atlética que até hoje preserva o nome da cidade, então conflagrada, Maratona.
As antigas Olimpíadas, referência ao nome da cidade grega Olímpia, onde se iniciaram os jogos, no século VII a.C. duraram até o século IV d.C.
As chamadas Olimpíadas Modernas, ressurgiram em 1.896, pelas mãos do pedagogo e historiador parisiense, Pierre de Frédy (1863/1937), mais conhecido pelo seu título de nobreza, Barão de Coubertin. E entre as modalidades, incluiu-se a Maratona.
A primeira participação brasileira nas olimpíadas ocorreu há 104 anos, em 1.920, em Antuérpia, Bélgica. O Brasil ficou na 15ª posição, conquistando 3 medalhas, uma de cada cor, todas no tiro esportivo.
A partir daí, menos os jogos de Amsterdan, 1928, quando o Brasil não participou, até Paris, em 2024, os brasileiros conquistaram 170 medalhas: 40 de ouro, 49 de prata e 81 de bronze. O ano mais expressivo foi 2.020, em Tóquio, com 42 medalhas; melhor classificação geral, 12° lugar.
Outro marco histórico, proposto pelo médico judeu Ludwig Gutterman, foi a criação dos Jogos Paralímpicos, como forma de integração de pessoas com deficiência. A primeira edição foi em Roma, 1960. Primeira participação brasileira,1972, com uma delegação mínima e sem apoios ou patrocínios, não conquistou medalhas. A primeira foi em Toronto, EUA, 1976.
Em 1.980, os jogos paralímpicos aconteceriam na Rússia, mesmo palco das Olimpíadas; mas o insano governo soviético se recusou sediar, alegando que na URSS não haviam PcD. Anheim, na Holanda, então sediou o evento.
Da primeira participação, há 52 anos, o Brasil conquistou 373 medalhas, sendo 109 de ouro mais, prata e bronze, 132 cada. Vão aumentar nos jogos de Paris, em 28 de agosto. A melhor colocação brasileira, 7º lugar, duas vezes.
O número proporcional de atletas patrocinados nas olimpíadas em relação aos paratletas é de 4×1. O tempo disponibilizado para exibição das competições na tv, entre um e outro, é de 10×1. Ou seja, para cada hora de exibição do esporte adaptado, são dez horas para os jogos olímpicos padrão. No entanto, o número de triunfos que geraram medalhas paralímpicas é mais que o dobro do número das conquistas olímpicas; em somente metade do tempo de participação.
Em países considerados desenvolvidos, as equipes paralímpicas recebem apoio, financiamento, incentivo e, principalmente respeito e oportunidade. Ainda assim o Brasil está entre os principais medalhistas, apesar das condições frequentemente adversas.
Aqui, como se vê, são apenas números frios, e esses nunca mentem. As PcD que se empenham nos esportes adaptados têm uma gama maior de adversários. Não somente os outros competidores, mas também a própria deficiência e os custos mais elevados para participação, muitas vezes bancados por parentes, amigos, rifas; além de todas as barreiras estruturais, logísticas, etc.
Então, quando assistirmos um competidor em qualquer esporte adaptado, talvez devamos elevar nossos olhares para um horizonte além dos limites.
Mário Sérgio Rodrigues Ananias é Escritor, Palestrante, Gestor Público e ativista da causa PcD. Autor do livro Sobre Viver com Pólio.
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6 Comments
Muito apropriada a matéria e faz jus ao reconhecimento do enorme esforço empreendido por nossos paratletas para se fazerem presentes nos aludidos jogos.
Com certeza o teor do presente artigo deveria servir de incentivo ao patrocínio e todo e qualquer tipo de ajuda nesse sentido, haja visto os resultados obtidos. Seria propaganda com retorno garantido pela própria estatística.
Esse é o propósito.
Informar, conscientizar para que os valores e potenciais de cada pessoa sejam dispostos à sua qualidade de vida e a também contribuir socialmente.
Meu querido Mário Sérgio você nos surpreende sempre com tanto conhecimento para nos trazer dados e fatos com uma visão muito clara. Infelizmente temos situações com falta de apoio …
Mas Deus dá tanta força àqueles que buscam que não existe barreiras humanas para segurá-los…
Você é um medalha de ouro em muitas categorias…
Parabéns..
Obrigado.
A Revista Pepper abraçou essa parceria e começamos a alcançar nossos objetivos.
A resiliência e a força de vontade nos competidores paralímpicos é visível e uma marca notável!
Infelizmente o governo brasileiro deixa muito à desejar e quando há patrocínio é insuficiente, não somente no investimento para atletas, mas em muitas outras áreas.
Parabéns aos atletas paralímpicos!
Mais uma vez, parabéns pelo texto pertinente Mário Sérgio, ainda temos pessoas sérias que reconhecem os verdadeiros valores dos atletas paralímpicos.
Exatamente isso.
Mas estamos tentando trazer, nessa parceria com a Revista Pepper, mais conhecimento, conscientização e engajamento nesta causa humanitária por excelência.