“Sinto ciúmes do meu namorado por ser garoto de programa”
“Conheci o Doug pela internet, através de uma sugestão de amigos no Facebook. Eu o adicionei e, depois de um tempo, ele veio puxar assunto comigo, porque ficou interessado em mim. Na época, em 2020, ele ainda morava e trabalhava em São Paulo, capital. Eu sou auxiliar de vendas em uma loja no shopping de Marília, no interior de São Paulo. Tenho 34 anos. Antes de conhecer o Doug, que tem 30, fui casada por 6 anos e tive 4 filhos com meu ex-marido (de 3, 5, 7 e 9 anos de idade).
Esse relacionamento foi complicado, fiquei traumatizada com algumas atitudes e passei quase 4 anos solteira… Até encontrar o Doug. Aos poucos, ainda pela internet, ele foi me contando sobre o trabalho dele, o que fazia. Me disse que era garoto de programa, ator pornô e ‘camboy’. No começo, não gostei da ideia. Fiquei mal, com ciúmes, me sentindo ‘boba’. Pensava: ‘Estou aqui esperando ele enquanto ele está com outra pessoa’.
“Eu pirava, a gente discutia. No começo eu não conseguia entender. Se eu fosse trabalhar com isso, estaria ferrada, me apaixonaria por qualquer um.”
Com o tempo, me acostumei com o fato de ele trabalhar com sexo. E assim assumimos o namoro em outubro do ano passado.
“Demorei para entender o que era amor e o que era trabalho” Quando eu me divorciei do meu ex-marido, me mudei com as crianças para a casa dos meus pais. Só que no começo de 2021 eu e o Doug decidimos morar juntos. Ele se mudou para Marília e alugamos uma casa.
Ele gosta muito dos meus filhos, brinca bastante com eles, é tranquilo. Digo que ele não é padrasto, é como se fosse o pai deles. Por causa da pandemia, ele está mais focado em produzir conteúdo erótico para canais online de pornografia. Agora está mais difícil dele conseguir clientes, mas de vez em quando ele faz atendimentos presenciais.
“O Doug ajusta a agenda de acordo com a minha agenda, para meus filhos não ficarem sozinhos em casa. Só atende clientes quando eu posso cuidar das crianças.”
Ele atende homens e mulheres – a maioria eu acho que é mulher. Não conversamos muito sobre o que ele faz, porque sou insegura e ciumenta. Claro que de vez em quando ele me conta o que aconteceu nos programas, principalmente se rolar algo engraçado, ou inesperado. Fico mais insegura quando ele atende mulheres, porque o Doug não é bissexual, é hétero — atende homens, sim, mas não é disso que ele gosta.
Porém não entramos em detalhes. No começo eu não conseguia distinguir o que era amor e o que era trabalho, e tínhamos algumas desavenças por conta disso. Depois que eu o conheci, que comecei a ver como ele é comigo, fiquei mais tranquila. Já vi ele trabalhando como ‘camboy’ e sei que é diferente.
Comigo ele é uma pessoa tranquila, amorosa, afetuosa. É um namorado perfeito. Já no trabalho ele age de um jeito profissional. Não tem o cuidado que um namorado tem… sei que é difícil de entender, mas eu apenas sinto que é diferente.
nclusive, a primeira vez que vi o Doug ‘em cena’, durante uma gravação para o “Câmera Privê”, encarei o que ele fazia como uma arte. Passei a dar ideias, dicas, sugestões do que ele podia acrescentar. Quando eu vejo que algum conteúdo dele está bombando, paro para analisar. Nos tornamos parceiros até nisso.
“Ele é o melhor parceiro sexual que já tive”.
Nossa vida sexual é muito boa, super ativa. Ele é, com certeza, o melhor parceiro sexual que já tive, porque quando está transando comigo, presta atenção no meu prazer, se estou curtindo ou não o momento. Evoluí muito no sexo com o Doug, aprendi até mesmo sobre o meu corpo. Antes eu não me sentia desejada, mas ele me mostrou quem eu sou de verdade. Antes de o Doug aparecer na minha vida, eu não consumia pornografia. Tanto é que o meu casamento acabou por conta disso, porque meu ex-parceiro sentia mais prazer com pornô do que comigo.
“Não fico insegura com o fato do Doug ter mais experiência sexual do que eu, mas se eu me comparo com as meninas com quem ele contracena nos filmes pornôs, aí minha autoestima vai lá pra baixo. No começo ele ficava bastante irritado com meu ciúme, mas hoje em dia levamos na brincadeira.”
Se eu paro para pensar no que ele está fazendo, fico incomodada. Dá aquele medo, mas tento não pensar nisso. Para me distrair, começo a escutar uma música, faço qualquer coisa para não criar paranoia.
“Se ele sair dessa profissão, ficarei feliz”
Eu não gosto da profissão dele, ele sabe disso. Mas se é uma coisa que ele quer fazer — e quando eu o conheci ele já era do meio — a única coisa que posso fazer é apoiá-lo.
Só a minha melhor amiga sabe que ele é garoto de programa. Minha família e outros amigos não fazem ideia de que o Doug é acompanhante. Mas eu não tenho medo de revelar isso. Hoje em dia estou tranquila. Temos um namoro consolidado. Eu confio bastante nele, sei que ele se cuida, usa preservativo nas relações. Estamos juntos há 9 meses.
Temos planos para o futuro, a gente pretende oficializar nossa relação, queremos casar, começar nossa vida de verdade, comprar nossa casa, nosso carro. Só não penso em aumentar a família, porque ele está realizado com os meus filhos.
Eu o amo e me imagino mais velha ao lado dele. Vejo a gente juntos por um longo tempo. Sendo ele garoto de programa ou não.” Michele Bertocco, 34 anos, auxiliar de vendas de Marília, no interior de São Paulo.
*Com informações de Uol.