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Segunda temporada de Modern Love reafirma a máxima do amor a qualquer hora, em qualquer lugar

No trem, na escola, na rua, na porta de casa: atire a primeira pedra quem nunca se apaixonou quando menos esperava. É um olhar, um cheiro, um toque e o coração esquenta fazendo as bochechas corarem. Parece papo de comédia romântica utópica, mas a ficção sempre tem um pé na realidade, e Modern Love não nos deixa mentir. A produção da Amazon é inspirada na coluna de mesmo nome, publicada semanalmente há 17 anos no The New York Times. As histórias reais viraram podcast, livro e, claro, a série mais apaixonante do momento.

Nesta segunda temporada, damos adeus ao cenário de Nova York para abrirmos espaço aos sentimentos em Dublin, na Irlanda. São 8 episódios, de 30 minutos cada – todos já disponíveis no Prime Video –, que se entrelaçam pela temática das afetividades contemporâneas. No elenco estrelado e diverso, Lucy Boynton, Kit Harington, Gbenga Akinnagbe, Zoe Chao, Maria Dizzia, Minnie Driver, Dominique Fishback, Anna Paquin e mais.

Lucy Boynton e Kit Harington estrelam o episódio 3, “Strangers on a Train” (Foto: David Cleary/Amazon Prime Video)

Muito além da paixão física, Modern Love reafirma a máxima do amor a qualquer hora, em qualquer lugar – e não só o amor entre casais. “Para nós, o importante é falar sobre a conexão afetiva que existe no mundo, num geral. Isso gera identificação”, disse John Carney à Glamour. É com o diretor, roteirista e produtor executivo da série que seguimos para desvendar os desafios e os prazeres de filmar a segunda temporada de Modern Love:

Você escreveu e dirigiu dois episódios dessa temporada. O que te fez escolhê-los?
Eu senti que poderia trazer a minha voz artística, a minha vivência pessoal de alguma forma para essas histórias. Na verdade, é o que Modern Love faz: cada roteirista e cada diretor tem um nível mínimo de conexão com as personagens, o enredo. É a partir disso que os episódios são desenvolvidos também. No caso dos que eu dirigi, adorei a vibe de um amor num trem, com referências hitchcockianas; e o outro, sobre o luto e a tristeza, me fez refletir sobre a vida e como lidamos com a morte.

Entre tantas coisas boas que aparecem na coluna do The New York Times, como é o processo de seleção para fazer a série?
Por incrível que pareça, não é um trabalho tão difícil selecionar essas histórias. Muito porque a coluna segue ativa, então os materiais são novos, frescos, relatos apaixonantes. Fizemos uma primeira triagem, com 20, depois 15 e aí fechamos em 8 para a segunda temporada. Mas, se fosse possível, faríamos os 20 (risos). O que nos faz chegar nessa conclusão é a conexão entre as histórias. A temporada precisa ser minimamente concisa. Claro, tem peculiaridades diferentes da temporada anterior, uma é mais focada num “amor romântico” a outra nas relações interpessoais, sem ser aquela coisa de casal. A próxima ainda não sabemos, mas quem sabe algo mais familiar, esperançoso. Para nós, o importante é falar sobre a conexão afetiva que existe no mundo, num geral. Isso gera identificação.

O que te deixou motivado para fazer a série?
Eu gosto da ideia de trabalhar com o que o termo modern love (amor moderno, em tradução livre) significa para mim. “Por que a coluna tem esse nome?”, “Por que ela é um hit?”, “Como transformar isso em série?”, “O que mudaria do papel para as telas?”. Olhando para isso enquanto desenvolvedor, entendi que não era sobre personagens modernos X ou Y. O amor é ancião, ele vem de outras eras e não muda. O que muda, na verdade, é o entorno, a sociedade, as grandes cidades e o quanto todo esse cenário influencia na nossa forma de lidar com os sentimentos e com as outras pessoas. Nos últimos anos, o nosso desafio é a recepção, a empatia, o pensamento coletivo… Não nos apaixonamos mais pelo físico de alguém, mas pela atração que nos conecta com cada pessoa em outros níveis. E não digo só de amor romântico de casal. Olha o primeiro episódio da primeira temporada: é uma jovem mulher e o seu porteiro, eles construíram uma relação de amizade e carinho profundos porque eles vivem em uma cidade que 1) te coloca nesse lugar de ter um porteiro no prédio e 2) te faz olhar para as pessoas próximas com mais atenção. Na minha experiência pessoal isso também se aplica. Aqui em Dublin, onde moro, faço laços com pessoas que não necessariamente escolhi, mas a cidade me apresentou-as e me fez amá-las. Isso é incrível.

“In the Waiting Room of Estranged Spouses” traz Garrett Hedlund e Anna Paquin como dois pacientes que se conhecem na sala de espera da terapia e desenvolvem uma conexão profunda (Foto: Christopher Saunders/Amazon Prime Video)

Com o sucesso da primeira temporada, quais novos elementos vocês queriam trazer para a nova temporada?
A ideia era manter algumas coisas que as pessoas amaram na primeira temporada. Porém, também abrimos nossos ouvidos para escutar a audiência, o que deu certo, o que não deu, o que dava para melhorar. Queríamos que Modern Love tivesse essa possibilidade da escuta, de um jeito que outras produções não podem fazer, por se manterem num formato fechado de TV ou streaming. A nossa sorte é essa maleabilidade, que até nos permite ir além de amores em Nova York, pode ser sobre uma família no Brasil, amigos na Inglaterra… Diferentes cidades, estilos de vida, gostos e referências. Foi a possibilidade de abrir Modern Love para outros territórios e navegar nesta relação com a audiência, que é inédita para nós.

Quais são os desafios de gravar episódios diferentes com elencos diferentes?
Cada episódio parece um mini filme em termos de estrutura de gravação mesmo. São lugares diferentes, atores diferentes, tempos diferentes, escolhas de atuação diferentes e por aí vai. São vários universos particulares de referências e contextos que acabam se encontrando e fazendo acontecer. Num dia, estou com Kit Harington e Lucy Boynton, no outro com Gbenga Akinnagbe e Zoe Chao. É muita intensidade fazer oito episódios nesse formato em um curto período de tempo, mas muito bom também para aprender, aperfeiçoar. É uma experiência rica em todos os sentidos.

O último episódio, “Second Embrace, With Hearts and Eyes Open”, tem no elenco Sophie Okonedo e Tobias Menzies (Foto: Divulgação)

No processo de elaboração dos episódios, o que vem primeiro: o elenco, as histórias ou a direção?
É um trabalho bastante colaborativo. Não é uma série comum, mesmo sendo feita com a Amazon. A gente inclui os produtores, os roteiristas, os diretores, os atores, os jornalistas do The New York Times, a audiência. Todo mundo ajuda para conseguirmos criar algo que tenha uma real conexão com as pessoas. Estava refletindo outro dia sobre o quanto nós esquecemos do propósito da TV. Quando ela surgiu, lá atrás, era um jeito de entrar em contato com outras culturas, diferentes partes do mundo, escutar outras vozes. Claro, não estou aqui dizendo que Modern Love tem esse poder tão grande, seria pretensioso da minha parte. Mas a série precisava ter essa vivacidade, algo intrínseco aos episódios que fizesse qualquer pessoa se conectar com a história. Eu particularmente amo ouvir os relatos de outras pessoas, as vivências reais de cada um. Isso sempre me ajudou a viver, a criar meus filhos, a amar, a superar uma perda. A série é muito mais que uma comédia romântica, um thriller ou uma pura inspiração. É uma oportunidade de fazer a TV ser útil de alguma forma.

Pensando nisso, como você enxerga os choques culturais e políticos que podem acontecer em audiências a nível global?
Acredito que as pessoas quando veem algo que elas não entendem, elas podem fazer o exercício de ao menos respeitar e aceitar todas as formas de amor que existem por aí. Mesmo que não se interesse por esses assuntos [de gênero e sexualidade], é preciso permitir que o amor se expresse de todas as formas. Isso ajuda a melhorar a cultura local, com escuta ativa e incorporação de tudo isso na vida. É muito melhor que banir ou fingir que não existe.

E você, já fez alguma loucura por amor?
Já fiz várias coisas (risos)! Quando jovem, dirigindo sozinho, ouvindo música pop e pensando porque o relacionamento acabou ou porque tal pessoa não correspondeu meus sentimentos. Mas tirando essa parte que é bastante comum a todos nós, acho que “a maior loucura” que fiz por amor foi me conectar profundamente, aprender com os desafios, não desistir só porque eles existem; fazer dar certo de várias formas, olhar e entender que valeu o esforço.

*Com informações da Glamour

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