Ruptura

Estamos vivendo um tempo de intolerância novamente. E fica bastante
perceptível pelas manchetes em diversas mídias: a opção pela violência nos
Urais; a leste do Mediterrâneo, e em inúmeros pontos do planeta. Mesmo a
tecnologia podendo unir as pessoas e permitir a elas optar pelo melhor de todas
as culturas, todas as etnias e todos os credos, muitos têm preferido o domínio,
a subversão dos valores universais, o emudecer pela força, por um poder
sustentado em armas ou em corrupção.


Para que tenhamos o que deixar aos que virão, além das cinzas e do odor
pesado da morte, é preciso dispender alguns momentos de nossa vida e
repensar o caminho a seguir.


Muito se fez até aqui, para criar a longevidade com qualidade, para se debelar
doenças fatais ou incapacitantes, como a poliomielite que começa a ganhar novo
impulso contra as crianças. O esforço foi para gerar conforto e prosperidade ao
máximo de pessoas. No entanto o cenário que se anuncia é obscuro, insípido e
nefasto. Estamos muito próximos de um ponto, como citado na bela música de
Nelson Motta e Pino Daniele, interpretada por Mariza Monte, “Bem que se quis”
(1989): “… mas já não há caminho pra voltar. E o que é que a vida fez da nossa
vida?”. O risco é cruzarmos os braços, ou, pior, aderirmos insensatos às
campanhas de isolamento, de crítica pela crítica e do preconceito, sem nos
dignarmos a um olhar de irmãos.


Os mágicos sabem desviar nossa atenção do que deveria ser o foco. Essa
habilidade em manipular, que sempre foi vista com os bons olhos do
entretenimento, ganhou forma de veneno nas mãos de elementos
inescrupulosos. E a plateia que acorria aos circos para vê-los, hoje se espalha
por todos os cantos, encantados pela mesma prestidigitação, porém o
espetáculo é encenado por influenciadores capazes de subverter a razão em
proveito próprio.


“… E faz de conta que sabe que tem um ponto da estrada, chamado estaca zero,
onde a gente pode dizer o rumo que quer tomar…”. Outra vez a música ajudando
a mostrar o que muitos teimam e não querer enxergar. Nesse caso, são Climério
e Ednardo, em “Estaca Zero” (1976), que tentam nos tirar da inércia da ignorância a que nos lançamos tangidos por homens de má-fé, por estrelas
tortas. E esses sacolejos líricos precisam voltar e reacender a chama da batalha
pelo bem de todos e não pelos bens de alguns.


Meu saudoso irmão contava a história de uma pessoa que se aferrava a um
equívoco evidente, não por acreditar no claro absurdo, mas talvez para lograr o
status de impor uma opinião e, com isso, obter qualquer crédito. Até que alguém
se exasperasse: “ – Não seja tão idiota!”. E a resposta corroborava a percepção:
“ – Sejo, sim! “.


Mesmo a natureza parece impaciente com as coisas. Tivemos um quase dilúvio
no Sul recentemente. Agora uma seca histórica que ajuda a espalhar incêndios,
a destruir fauna e flora e rios.
Será que vamos atravessar o Rubicão?

Mário Sérgio Rodrigues Ananias é Escritor, Palestrante, Gestor Público e ativista da causa PcD. Autor do livro Sobre Viver com Pólio.

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