Risco de incapacidade física é menor para donos de cães
Animal estimula o tutor a se exercitar e contribui para sua aptidão, sugere pesquisa realizada com 11 mil idosos
Para início de conversa, apesar de amar os cães e ter tido duas vira-latas, um beagle rabugento e uma labradora trapalhona, me rendi ao encanto dos gatos – portanto, essa não é uma coluna contra felinos, como você constatará ao final da leitura. Dito isso, pesquisadores do National Institute for Environmental Studies de Tsukuba (Japão) acabaram de divulgar estudo que sugere que idosos que têm um cachorro apresentam menor risco de incapacidade física.
Não se trata do primeiro trabalho nesta área. Estudos anteriores haviam estabelecido uma relação entre um nível maior de atividade física de idosos donos de cães e um risco menor de enfrentar a chamada síndrome de fragilidade – que se caracteriza por perda de peso, fraqueza, diminuição da velocidade de marcha e do equilíbrio. Desta vez, 11.233 japoneses, com idades entre 65 e 84 anos, responderam a um questionário e os pesquisadores coletaram dados demográficos e de saúde das pessoas, cobrindo o período entre 2016 e 2020. Descobriram que os proprietários de cachorros tinham uma probabilidade 50% maior de não exibir um quadro de incapacitação física, se comparados com tutores de gatos ou com aqueles sem qualquer animal de estimação.
O Japão tem 28% da sua população composta de idosos e todas as alternativas que possam auxiliar no envelhecimento saudável são investigadas à exaustão. A Associação Americana do Coração (American Heart Association) endossa a recomendação: ter um animal, especialmente um cão, pode prevenir doenças cardiovasculares. Somente o fato de sair para passear com o totó obriga o indivíduo a andar, além de ajudar a quebrar o gelo e aumentar o convívio social.
No entanto, é importante pensar na responsabilidade de adotar um pet, já que haverá mudanças na rotina, principalmente para quem gosta de viajar. Outras perguntas necessárias: você tem como sustentar o bicho? Além de ração, é preciso considerar os custos com vacinação e idas ao veterinário. E, se não puder cuidar dele, haverá alguém disposto a acolhê-lo? Outro alerta na hora de escolher uma companhia de quatro patas quando se é idoso: nos EUA, estima-se que, anualmente, mais de 85 mil quedas sejam causadas por cães (quase 88% dos casos) e gatos.
Animais mais velhos que precisam de adoção podem se tornar uma excelente opção. Cães e gatos que se encontram há tempos num abrigo, ou com um cuidador, com frequência passaram por maus tratos. Optar por um animal nessas condições vai fazer toda a diferença para a vida dele, que com certeza se mostrará grato pelo acolhimento e retribuirá com afeição e lealdade. Por último, sou testemunha: apesar da fama de independentes, os gatos se apegam aos tutores e são um poderoso antídoto contra a solidão e a depressão.
*Com informações do G1