Por que está difícil conseguir uma viagem de Uber ou 99? Situação pode piorar…
Se você utilizou a Uber ou a 99 no Brasil deve ter notado que nas últimas semanas está demorando mais tempo para conseguir uma viagem. E, muitas vezes, após o motorista aceitar a corrida, ele cancela antes mesmo de chegar. Mas o que está havendo com os aplicativos de mobilidade? Será que a queda na eficiência e na qualidade do serviço é uma questão momentânea ou uma nova realidade? É o que você confere nesse post, com algumas dicas para não passar perrengue na sua próxima viagem.
O que está acontecendo com o Uber e outros apps de mobilidade?
Na semana passada eu viajei para São Paulo e na hora de ir para o aeroporto demorei quase 30 minutos para conseguir um Uber. Eu nunca tinha esperado mais do que 5 minutos para conseguir um carro naquele local. Bateu um leve desespero, pois eu não tinha muita margem de tempo. Quase perdi o voo, foi por pouco. Era um horário de maior demanda, 17 horas, no bairro do Brooklin da capital paulista, numa viagem de cerca de 15 minutos para o Aeroporto de Congonhas.
Eu já tinha notado que as corridas estavam demorando mais e que os motoristas estavam cancelando muitas viagens. E fiquei me perguntando o que estava acontecendo…
Resumindo, a Uber e outros aplicativos de mobilidade estão com um sério problema de falta de motoristas. E, nos momentos de maior demanda, falta carro para atender todas as viagens solicitadas, especialmente em locais de grande procura, como aeroportos e shoppings centers, em dias de chuva, ou em horários de pico, como entre 8 e 9 horas ou entre 17 e 19 horas. Em algumas cidades, a situação é mais complicada do que em outras. Mas todas sentem o problema.
Por que está faltando motoristas no Uber e 99?
Se parece estranho a falta de motoristas num momento em que o desemprego está em alta, a explicação vem de dois motivos principais: o aumento no preço dos combustíveis e a dificuldade em locar carro para esse tipo de serviço. Vamos entender melhor!
Aumento no preço dos combustíveis
O preço dos combustíveis vem aumentando rapidamente desde o ano passado. O litro da gasolina se aproxima de R$ 7,00 em muitas capitais. Já o gás natural veicular (GNV), muito utilizado pelos motoristas de aplicativo em algumas cidades, acumula um aumento de mais de 50% apenas em 2021. Isso diminuiu muito os ganhos dos motoristas a um ponto que alguns que estão literalmente abandonando a atividade para se dedicar a outras atividades que remunerem melhor.
Dificuldade em locar veículos
Uma parcela considerável dos motoristas de Uber e de outros apps de mobilidade não possui carro próprio e rodava com carros alugados. Acontece que as locadoras de veículos viram a demanda crescer rapidamente, num momento em que as concessionárias não estão conseguindo entregar carros novos com a velocidade esperada. Fechamento de fábricas, problemas na linha de produção e a falta de peças e de outros insumos afetaram a produção de veículos.
E, o pior: o que está sendo entregue sai um preço até 20% maior do que no ano passado. As locadoras naturalmente reajustaram os preços dos aluguéis e se concentraram em locar os veículos nos nichos mais rentáveis, o que não envolve contrato por longos períodos com tarifas baixas geralmente adquiridas pelos motoristas de apps.
Ou seja, se a situação não está nada fácil para quem tem carro próprio, imagina para quem tem que pagar o aluguel do carro e ainda lidar com os altos preços dos combustíveis.
Com tarifas congeladas, “a conta não fecha” e motoristas escolhem corridas
Os motoristas que seguem trabalhando nos aplicativos acabam, em alguns casos, escolhendo as corridas para evitar trabalhar de graça ou ficar no prejuízo. “Se eu rodo 5 km para pegar uma pessoa e faço uma corrida de apenas 900 metros, não vale a pena por conta do custo com a gasolina. Vou gastar mais do que eu ganho”, explicou o Uber Anderson Gusman, em entrevista a Auto Esporte.
Numa das viagens que fiz, após aguardar 20 minutos para conseguir um Uber no aeroporto, o motorista admitiu, em condição de anonimato, que algumas vezes os motoristas ficam esperando pela tarifa dinâmica (quando o preço da corrida aumenta por conta de uma demanda maior do que a oferta).
Basicamente, os motoristas têm cancelado corridas curtas com um valor baixo, que envolvam um deslocamento grande até o usuário e para áreas de risco ou onde há engarrafamento. Como o valor pago é definido em grande parte pela quilometragem rodada, ficar preso no trânsito significa perder dinheiro. “A demanda elevada significa que o app da Uber está tocando sem parar para os parceiros, situação em que eles relatam se sentirem mais confortáveis para recusar viagens, pois sabem que virão outros chamados na sequência, possivelmente com ganhos maiores”, admitiu a Uber.
A Associação dos Motoristas de Aplicativos de São Paulo (Amasp) alega que as tarifas dos aplicativos seguem praticamente congeladas desde 2015. E que as plataformas relutam em reajustar os preços com receio de uma queda na demanda. “Em 2021, com nove aumentos do combustível, os aplicativos deveriam fazer algo. A gente precisa desse acerto na tarifa para que a categoria sobreviva”, afirmou Eduardo Lima, presidente da Amasp.
Sem uma previsão de redução no preço dos combustíveis, podemos concluir dois desfechos nada positivos para esta situação: o primeiro é conviver com limitações e uma baixa qualidade nos serviços dos apps de mobilidade; o segundo é enfrentar um iminente aumento nas tarifas. Pior ainda, seria uma combinação dos dois fatores, já que a inflação não dá tréguas novos aumentos nos preços dos combustíveis ainda podem ocorrer até o fim do ano…
O que dizem as empresas?
De acordo com a Uber e com a 99, a procura pelos aplicativos de mobilidade cresceu durante a pandemia, já que a viagem de carro evita a aglomeração no transporte público. E a demanda segue aumentando conforme avança a vacinação e são retomadas as atividades nas grandes cidades. Por conta disso, o tempo de espera por um motorista pode ser maior.
A Uber destacou que opera um sistema de intermediação de viagens dinâmico e flexível, por isso busca sempre considerar, de um lado, as necessidades dos motoristas parceiros e, de outro, a realidade dos consumidores que usam a plataforma, tendo em vista o equilíbrio entre oferta e demanda que é fundamental para a plataforma.
As empresas não comentaram sobre possíveis aumentos nas tarifas. Mas destacaram algumas práticas para reduzir o impacto dos aumentos dos combustíveis para os seus motoristas. A 99, por exemplo, ressaltou que fornece descontos nos postos da rede Shell. Já os motoristas de Uber podem conseguir 4% de cashback usando o app “Abastece aí” da rede Ipiranga.
5 dicas para conseguir uma viagem com mais facilidade
- Converse com o motorista assim que ele aceitar a viagem. Diga que já está no local de chamada e que vai aguardá-lo. Muitos clientes deixam o Uber esperando ou cancelam a viagem por achar que o motorista vai demorar.
- Avalie todas as opções de viagem. Uber Promo, Uber X, Vip, Confort, Black. Ou 99 Pop, Confort, Táxi, Top. Não fique preso a apenas uma categoria, pois a diferença de preço pode ser mínima e a disponibilidade de carros maior. Eu já consegui Uber Black com a mesma tarifa do Uber X. Já o Uber Promo requer paciência. Evite se tiver com pressa.
- Planeje-se com mais antecedência. Economizar no transporte por aplicativo, mais do que nunca, requer um pouco de paciência. Se for fazer uma viagem nos horários de maior demanda, reserve um tempo maior para aguardar.
- Ofereça um extra ao motorista antes da viagem. Se o preço da corrida estiver baixo e os motoristas cancelando, essa pode ser uma opção para acelerar seu embarque. Manda uma mensagem dizendo quanto está disposto a dar de gorjeta. Eu já ofereci um extra ao motorista depois de esperar um tempão no aeroporto e funcionou. Você pode dar a gorjeta pelo app mesmo.
- Considere alternativas. Dependendo da situação, considerar alugar um carro ou chamar um táxi pode ser uma boa opção.
*Com informações do Melhores Destinos