Plástico provoca ‘excitação’ em caranguejos; aditivo é conhecido como feromônio sexual
Um estudo recente publicado por pesquisadores da Universidade de Hull, na Inglaterra, indicou que caranguejos-eremita sentem-se “excitados” quando entram em contato com um aditivo liberado por plásticos no oceano. Além disso, também foi constado que o composto sintético presente no plástico também pode ser confundido com comida pelos animais.
A oleamida é uma amida graxa de origem vegetal conhecida por ser um feromônio sexual para determinadas espécies marinhas. Ela foi encontrada em caranguejos que indicavam alguns sinais de atração e excitação, como por exemplo, um nível de respiração elevado.
Em relação a confusão que os animais também fazem com a comida, a doutorando da Universidade de Hull, Paula Schirrmacher, explicou que a oleamida possui uma semelhança muito grande com um produto químico que é liberado por artrópodes durante a decomposição e, por isso, os caranguejos-eremita são atraídos para locais onde há plástico.
Acidez dos oceanos
No estudo a equipe também analisou como o olfato dos caranguejos-eremita sofre modificações em oceanos ácidos e também como isso pode alterar sua capacidade de comunicação. A pesquisa constatou que a diminuição do pH nos oceanos afeta a atuação do composto feniletilamina, que é conhecido como o “hormônio da paixão”. Esse hormônio também é o responsável por alertar sobre perigos e presença de predadores.
Chistina Roggatz, outra pesquisadora que também participou dos estudos, afirmou que um oceano com o pH mais baixo, ou seja, mais ácido, pode quebrar com uma comunicação bem-sucedida no oceano. Nesse ambiente acabam acontecendo alterações nas propriedades químicas das moléculas de odor que facilitam a ligação com o receptor olfativo dos caranguejos-eremita.
Reprodução dos mexilhões sob ameaça
Um outro estudo desenvolvido paralelamente, e que analisa o impacto dos plásticos e das mudanças climáticas na vida oceânica, trouxe alguns resultados sobre a reprodução de mexilhões que vivem na costa de Yorkshire, no norte da Inglaterra.
A pesquisa mostrou que que a poluição e acidificação dos oceanos afetam tanto mexilhões machos, quanto fêmeas, porém de maneiras distintas. A doutoranda Luana Mincarelli ainda destacou que as mudanças climáticas podem afetar ainda mais esses efeitos. Enquanto machos foram afetados principalmente pelo aumento da temperatura, as fêmeas mostraram-se mais sensíveis ao produto químico DEHP.
A conclusão final foi de que ambos os fatores interferem no ciclo de reprodução confundindo os animais e, dificultando que o processo seja bem sucedido.
*Com informações do Hypeness.