Pássaros começam a aprender a cantar antes mesmo de sair do ovo

Embriões de várias espécies de pássaro reagem a sons externos, como o canto de outras espécies

Quando os pássaros aprendem a cantar? Um estudo publicado recentemente mostrou que esse processo se inicia bem cedo, quando as aves ainda são embriões dentro dos ovos. O estudo foi conduzido por cientistas da Flinders University, na Austrália, membros de um grupo de pesquisa chamado Bird Lab, que desenvolve trabalhos focados em aves.

Entre 2012 e 2019, eles estudaram embriões de cinco espécies: os pássaros Malurus cyaneus e Malurus elegans, do sul da Austrália; os tentilhões Geospiza fuliginosa, das Ilhas Galápagos; o pinguim azul (Eudyptula minor), encontrado na Austrália e Nova Zelândia; e a codorna japonesa (Coturnix japonica domestica), encontrada na Ásia Oriental.

As três primeiras espécies são conhecidas como aprendizes vocais e, como o nome indica, aprendem a produzir sons a partir da imitação. As duas últimas espécies, o pinguim e a codorna, não são consideradas dotadas da capacidade de aprendizagem vocal – elas não emitem sons imitando um “tutor”.

Nos experimentos, os pesquisadores expuseram os embriões a vocalizações “conspecíficas” e “heteroespecíficas” – ou seja, ora tocaram para eles cantos da própria espécie ou de outras espécies. Enquanto faziam isso, eles observavam o comportamento dos embriões dentro dos ovos, analisando mudanças na sua frequência cardíaca.

Os pesquisadores descobriram que as aves consideradas aprendizes vocais respondiam com mais força aos sons da mesma espécie, em comparação às outras espécies. Mas, notavelmente, todos os pássaros se acostumaram aos sons externos, fossem da própria espécie ou não – o que indicaria um nível de aprendizado.

Segundo os autores, essas descobertas mostram uma capacidade dos pássaros de perceber, reconhecer e se habituar a sons ainda dentro do ovo – mesmo entre espécies consideradas relativamente limitadas no aprendizado vocal.

Além disso, a pesquisa também apoiaria a hipótese recente de que o aprendizado vocal não é um “comportamento binário”, mas se dá em um espectro – assim, não poderíamos dividir as espécies entre aprendizes ou não aprendizes vocais tão facilmente.

“Ao estudar a capacidade de aprendizagem de som em embriões, estamos abrindo caminho para novos avanços em escalas de tempo evolucionárias e de desenvolvimento”, disse a Diane Colombelli-Négrel, primeira autora do estudo.

Já Sonia Kleindorfer, outra pesquisadora do estudo, declarou: “Esperamos que esta pesquisa inspire mais estudos sobre a notável capacidade dos animais de aprender sons”.

*Com informações do Superinteressante.

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