Os recordes que Blake Lively quebrou com um dos maiores fracassos do cinema em todos os tempos
A estrela já entrou para o ‘Livro dos Recordes’ por um trabalho que não entre os pontos altos da sua carreira. Muito pelo contrário
Não é surpresa para ninguém que Blake Lively está entre as figuras do momento. Em meados de uma saga acalorada envolvendo os desenrolares da turnê de divulgação de seu novo sucesso, a adaptação polêmica de ‘É Assim Que Acaba’, e o sucesso do filme de seu marido, Ryan Reynolds, com ‘Deadpool & Wolverine’, a ex-estrela de ‘Gossip Girl’ voltou com tudo ao topo dos assuntos mais comentados ao estrelar interações estranhas com a imprensa e colegas de trabalho.
Ainda que ‘É Assim Que Acaba’ esteja indo muito bem nas bilheterias mundiais – já tendo acumulado quase 250 milhões de dólares -, a montanha de polêmicas envolvendo os bastidores da produção é apenas um dos vários escândalos cinematográficos em que a atriz de 37 anos já se envolveu.
Há poucos anos, em 2020, Lively estrelou aquele que seria seu maior fracasso da carreira – o equivalente ao seu próprio ‘Lanterna Verde’, o fundo do poço atingido e reconhecido por Reynolds. Ela protagonizou a ação com ares de James Bond, ‘O Ritmo da Vingança’.
E muito pior do que seu presente, mas rumuroso sucesso recente, além das polêmicas dentro do set, o filminho – que contou com até com a presença do icônico e talentosíssimo Jude Law – foi um dos maiores fracassos da história do cinema moderno e caiu no esquecimento logo depois de seu lançamento — entrou no Guinness, o Livro dos Recordes, como a pior estreia de um filme projetado em mais de 3000 salas de cinema.
Bem possivelmente você nunca nem deve ter ouvido falar da tal produção, muito menos das controvérsias que o envolvem – a menos que você seja um aficionado pela carreira de Blake Lively, é claro.
‘O Ritmo da Vingança’ foi baseado no livro de mesmo nome, escrito por Mark Burnell, em 1999. A história acompanha a jornada de vingança de Stephanie Patrick, uma jovem cuja família foi morta após um acidente aéreo. Vivendo o luto de ter se tornado órfã por uma simples e descomplicada fatalidade, a personagem acaba descobrindo que o tal “acidente” não foi obra do cruel destino, e sim planejado por um terrorista inteligentíssimo.
Com a ajuda de um ex-agente da MI6 (o serviço de inteligência estrangeira do Reino Unido, como a CIA é para os EUA), interpretado por Law, a protagonista é treinada e guiada para se tornar uma assassina profissional, indo à caça pelo terrorista que executou sua família, com a ajuda de um agente da CIA — que também possui as próprias razões para ir atrás do tal malfeitor.
Com um orçamento de 50 milhões de dólares, o filme – que poderia introduzir Lively ao mesmo gênero pelo qual seu marido ficou conhecido – lucrou o valor ínfimo de seis milhões de dólares mundialmente, gerando um dos maiores prejuízos recentes para os estúdios Paramount e todo o resto da superprodução gravada em diferentes cantos do mundo.
Foi bombardeado de críticas negativas que apenas pioraram a situação péssima em que o título já estava. Ao que se sabe, as gravações de ‘O Ritmo da Vingança’ foram recheadas de brigas, tal qual aconteceu com ‘É Assim Que Acaba’; Lively e o diretor do filme, Reed Morano, viviam em pé de guerra com os produtores, Barbara Broccoli and Michael G. Wilson. A dupla com o cineasta e a atriz lutavam por um filme de ação, focado nas cenas violentas e em planos mirabolantes, como em ‘007’ ou a franquia ‘Bourne’, com Matt Damon.
Os produtores, entretanto, tinham em mente algo mais diminuto: um thriller que focasse na jornada psicológica da protagonista à autodestruição, como em um film noir dos anos 1940. Para piorar ainda mais a situação, Blake Lively acabou fraturando as articulações das mãos durante uma cena. Com a protagonista impossibilitada de rodar a produção, as gravações tomaram seis meses de atraso, até a sua recuperação
Como consequência da confusão, que gerou um cabo de guerra para ver quem estava mais correto sobre a essência do filme, ‘O Ritmo da Vingança’ se transformou em uma verdadeira farofa de subgêneros, não agradando em nada a crítica especializada.
Para a revista Rolling Stone norte-americana, o crítico de cinema Peter Travers não foi nada amigável ao filme que tirou Blake Lively do posto de mocinha e a transformou na heroína da vez. Em sua crítica, escreveu: “Você consegue sentir o desespero dos realizadores enquanto eles jogam aos montes brigas de rua, perseguições de carro, e sim, mais trocas de perucas para passar a impressão de passagem de tempo para pegar um monte de más ideias. Não vendeu”.
Ele não foi o único a não medir as palavras, acredite. O portal norte-americano ‘The Wrap’ também foi bastante enfático sobre a má qualidade da peça. “‘O Ritmo da Vingança’ pega o material desgastado do gênero e retira toda a substância e ingenuidade, deixando para trás apenas um enredo mal desenvolvido, uma protagonista vazia e um senso de relevância que é inteiramente desmerecido”, escreveu o crítico William Bibbiani.
Assim, uma crítica negativa atrás da outra fez com que ‘O Ritmo da Vingança’ só acumulasse ainda menos conquistas positivas e uma reputação completamente detestável. A situação do filme foi tão ruim que, antes de seu lançamento (que foi adiado, de fevereiro de 2019 para janeiro de 2020), a Paramount resolveu cortar parte dos custos milionários de divulgação do longa-metragem.
O motivo? A primeira impressão do público, que aconteceu em uma exibição teste para coletar a opinião e reação dos espectadores (triagem que todo filme passa, para verificar se alguma mudança será necessária na peça antes da estreia oficial), foi absolutamente negativa. Ao que se noticiou na época, a impressão da audiência foi uma das piores da história da Paramount.
O resto virou história – e das mais infames. Com a projeção de fazer entre nove e doze milhões de dólares no fim de semana de estreia do filme (momento de importância ímpar para decidir se a produção será hit ou flop), a fita começou a baixar ainda mais suas próprias expectativas quando o estúdio baixou a projeção dos nove a doze para apenas três milhões.
No fim, ‘O Ritmo da Vingança’ arrecadou chocantes 1,2 milhões de dólares em seu dia de estreia e 2,8 milhões no primeiro fim de semana.
Com a marca terrível que cravou um carimbo de flop no pôster do thriller, ‘O Ritmo da Vingança’ foi retirado de 2995 das 3000 salas de cinema em que foi exibido na estreia.
Outro recorde histórico que denota pura desgraça.
A situação foi tão catastrófica que Blake Lively sumiu da indústria por quatro longos anos e só veio reaparecer agora, em 2024, com dois grandes sucessos. O primeiro, você já deve imaginar, foi o filme estrelado por Ryan Reynolds, seu marido, ‘Deadpool & Wolverine’, no qual ela faz uma pontinha surpresa.
O outro, é claro, o controverso ‘É Assim Que Acaba’, romance que já era polêmico como livro e agora é mais controverso ainda como filme.
A história sobre uma moça vítima de um relacionamento abusivo, que acaba até mesmo em violência física e tentativa de violência sexual, tomou o nicho do “BookTok” (bolha de literatura do TikTok) quando começou a crescer nas livrarias mundiais.
A obra, segundo reportam alguns vários leitores, aborda a violência doméstica de maneira problemática. No cinema, a situação tomou uma proporção ainda maior quando Lively, em uma tentativa de emplacar um sucesso parecido com o do marido, deu diversas entrevistas sobre o filme, retratando-o de maneira positiva, feliz e completamente desprendida de sua temática obscura.
Pedindo para que a audiência viesse vestida de peças floridas (marca visual do filme), Lively iniciou uma verdadeira guerra fria com o diretor do filme e intérprete de seu par, Justin Baldoni.
O cineasta e a atriz passaram por diversas divergências dentro do set (supostamente Lively e o próprio Reynolds tomaram várias decisões criativas envolvendo a adaptação, que iam contra a visão de Baldoni e da própria essência do tema abordado) e durante a turnê de divulgação.
Confira abaixo o trailer de ‘O Ritmo da Vingança’, filme recordista de fracassos estrelado por Blake Lively.
*Com informações de Revista Monet