Opala raro vira estrela de TV nos Estados Unidos

O Chevrolet Opala tem uma comunidade fiel de colecionadores e fãs no Brasil, onde nasceu derivado do Opel Rekord e foi fabricado durante quase 25 anos. Dentre as versões mais valorizadas e cultuadas está a Coupe 4.1 SS 1974, com seis cilindros, cujos preços facilmente ultrapassam a marca de R$ 250 mil no mercado local de carros clássicos.

Um exemplar dessa configuração com placas pretas acaba de abrir mão da honraria em troca de uma ambiciosa jornada: tornar-se o Opala mais famoso do mundo, justamente nos Estados Unidos – terra natal dos muscle cars, com seus motores aspirados e gigantes de oito cilindros.

O carro chegou em janeiro aos EUA, encerrando uma viagem literalmente sem volta – antes do embarque, houve baixa na respectiva documentação brasileira, o que também invalidou as placas pretas – concedidas a veículos com alto índice de originalidade.

As chapas especiais, de fato, já não faziam mais sentido: para desgosto dos puristas, o raro Opala já está longe de ser original: o motor de seis cilindros em linha recebeu preparação para disputar corridas de arrancada, com direito à saída de escapamento no para-lama esquerdo – que solta labaredas durante as acelerações.

Opalão brasileiro intrigou norte-americanos em 1ª aparição pública nos EUA, em Atlanta, na Geórgia

Quem conta a história é o empresário brasileiro Anderson Dick, morador de Atlanta (Geórgia) e que se tornou “guardião” do carro em território norte-americano.

Fundador da companhia de injeções programáveis FuelTech, Dick conta que a intenção é transformar o SS 1974 em uma espécie de “embaixador” de empresas de preparação brasileiras e do próprio Opala nos EUA.

O trabalho “diplomático”, adianta, incluirá algumas aparições no programa “Corridas Proibidas” (Street Outlaws), produzido nos EUA e exibido aqui no canal Discovery Turbo.

Comandante da filial norte-americana da FuelTech, Anderson tem contado a saga do SS em seu canal no YouTube desde antes do adeus ao Brasil. “Após o desembarque em Miami [Flórida], fizemos a documentação como antigo e mandamos ele para Atlanta em um caminhão super bacana, parou o trânsito em todo lugar por onde passou”, conta Dick.

O empresário explica que, já na sede da FuelTech, o Opala passou por ajustes antes da sua primeira aparição pública em solo norte-americano, da qual virou atração.

“Levamos o SS para o Caffeine and Octane, em Atlanta, que é o maior encontro mensal de carros do mundo, realizado todo primeiro domingo de cada mês. Os norte-americanos ficaram intrigados, pois nunca tinham visto um anteriormente, ainda mais ao descobrirem que tem ‘apenas seis cilindros’. Alguns pensaram que se tratava de um modelo australiano”.

Opala pode chegar a 2.000 cv

Anderson Dick explica que o carro foi restaurado e preparado em 2016 e pertence ao também empresário Daniel Dias Gonçalves, morador de Itaúna (MG) e que viajou aos Estados Unidos para acompanhar a chegada da sua “cria”.

“O Daniel restaurou e bancou toda a preparação, realizada pela Proauto e que incluiu a instalação de injeção da FuelTech. Será uma parceria: o carro é dele, mas fica comigo nos Estados Unidos para divulgar, usar e gerar conteúdo”, conta Anderson.

Da esq. para a dir.: Daniel Czarnobai, da Proauto Preparações; Daniel Dias Gonçalves e Anderson Dick Imagem: Arquivo pessoal

“Um Opala 4.1 SS 1974 original e todo documentado é mesmo raro, existem poucos como este. Os puristas realmente não vão gostar”, complementa Anderson.

Segundo ele, o Opala em questão, que originalmente rende 140 cv, hoje está com 700 cv e já conta com modificações que possibilitariam atingir cerca 2.000 cv. O motor recebeu turbo, bloco cimentado, novas bielas e pistões e muitas outras alterações.

Nada de carburador: Opala ganhou injeção programável da FuelTech, cujo painel está embaixo do rádio Imagem: Arquivo pessoal.

Como o cupê será utilizado no dia a dia, pontua, não chegará a tanta cavalaria.

“Os norte-americanos ligados às arrancadas começaram a ter curiosidade sobre os Opalas e como no Brasil se tira tanta potência de motores de seis cilindros que lá não servem para nada, jogam fora. Quase todos os componentes utilizados na preparação do SS são brasileiros”.

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