O vinho que você leva para sua taça pode ser uma falsificação?
O problema da procedência vai além contrabando e envolve também a falsificação
Vinho falsificado? Será que o vinho que está aí na sua casa pode ser falso? O barato pode sair caro, afinal um vinho ruim com muito desconto continua sendo um vinho ruim.
Nesses últimos dias o vídeo abaixo bombou nas redes sociais. Nele, o chef, chocolatier e sommelier Fábio Sicilia, analisa duas garrafas do mesmo vinho e mesma safra, com a diferença que uma foi comprada na importadora oficial e a outra não tem garantia de procedência.
Tirando a razão do desconhecimento, há duas desculpas utilizadas pelas pessoas para comprar vinho fruto do descaminho:
- “as importadoras oficiais ganham muito”
- “por que pagar impostos para um governo que não faz nada por mim”
Mas a verdade é que além da decisão ética que é individual, Fábio Sicilia colocou o dedo na ferida ao comparar estas duas garrafas e mostrar que os “espertos” podem estar enganados pelos “ainda mais espertos”.
Obviamente que para quem só “bebe o rótulo” isso pode não fazer diferença…
Dicas do Sommelier Fabio Sicília na hora de comprar seu vinho, desconfie de preços muito abaixo do mercado e detalhes simples que devemos observar. Como pode ser visto, os vinhos são bem diferentes, do rótulo, ao vinho, passando pela cápsula, rolha e claro, a qualidade.
E isso já foi uma preocupação expressada pela Receita Federal em uma exclusiva para ADEGA.
O delegado Mark Tollemache trabalha no posto da Receita Federal em Dionísio Cerqueira, município do oeste catarinense e é responsável pela fiscalização de parte da fronteira com a Argentina. São cerca de 450 km entre as cidades de Capanema no estado do Paraná e Itapiranga na fronteira com o Rio Grande do Sul.
Tollemache traz informações importantes sobre a qualidade do vinho fruto do descaminho. Para o delegado os vinhos muitas vezes chegam ao consumidor sem a qualidade com que deixou as vinícolas.
Os vinhos são “introduzidos por carros de passeio, batendo, é comum identificarmos garrafas quebradas”, diz Tollemache. “Esses produtos são armazenados em propriedades rurais como cochos de boi, chiqueiros, paióis. Sem nenhum controle térmico, sem nenhum controle sobre a iluminação e sem nenhuma preocupação sanitária” finaliza o delegado.
A falsificação também é comum. Tollemache diz que é corriqueiro encontrar o mesmo vinho com rótulos e cápsulas diferentes. Além de grandes quantidades sendo transportadas a granel que seriam engarrafadas no destino e ainda garrafas vazias que seriam utilizadas na falsificação.
ADEGA publicou sobre a investigação da Polícia Argentina que realizou nove prisões de pessoas ligadas ao tráfico de vinhos. Os contrabandistas pertenciam a grupos criminosos como o Primeiro Comando da Fronteira, o Comando Vermelho e o Bala na Cara, além do Primeiro Comando da Capital.
*Com informações de Revista Adega