O que aconteceu em 22 de abril? Veja 7 fatos sobre sobre a chegada dos portugueses ao Brasil em 1500
A data que se convencionou chamar de “descobrimento do Brasil” marca o desembarque de europeus portugueses nesta parte das Américas – em um território onde já viviam milhões de pessoas.
Seguindo o comando do navegador português Pedro Álvares Cabral, cerca de mil pessoas, a bordo de 13 embarcações, desembarcaram na costa brasileira, na altura do que hoje é a atual cidade de Porto Seguro, na Bahia. O dia era 22 de abril de 1500 e, nesse pedaço de terra que os recém-chegados não tinham a menor ideia do tamanho, viviam dezenas de povos originários diferentes, em um total que passava das 3 milhões de pessoas, como conta um artigo sobre o tema publicado pela Agência Brasil, órgão de comunicação oficial do governo brasileiro.
Passaram-se mais de 500 anos da data comumente chamada de “descobrimento do Brasil” e, nos últimos tempos, essa expressão vem sendo questionada por especialistas e historiadores, dado que os portugueses adentraram um território no qual outros povos já viviam, como explica o artigo governamental, o que faria deles mais invasores do que descobridores.
“Após a chegada ao Brasil, os portugueses passaram a colonizar o país e explorar recursos minerais e naturais para obtenção de lucros”, diz o texto oficial. “Para isso, exploraram a mão de obra indígena, de imigrantes e de pessoas trazidas do continente africano”, completa.
Mas qual era o contexto do desembarque dos colonizadores europeus no território que hoje é o Brasil e quais fatos estão associados ao 22 de abril? A National Geographic listou os 7 acontecimentos sobre esse exato período histórico.
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Os 7 fatos históricos sobre o 22 de abril
1. Desde 1487, o reino de Portugal buscava encontrar um caminho para chegar ao Oriente, mais precisamente o caminho para as Índias, por causa das riquezas que o comércio com essa região trazia, como explica o livro “A História do Brasil Para Quem Tem Pressa” (Ed. Valentina), escrito por Marcos Costa, doutor em História pela Unesp (Universidade Estadual Paulista), pesquisador e escritor. Esse objetivo era o que estava por trás da viagem que trouxe Pedro Álvares Cabral em abril de 1500.
2. Já após a chegada dos portugueses ao novo território, Dom Manuel 1º, o rei de Portugal na época, não pareceu muito empolgado com o desembarque das caravelas de Cabral. Isso porque em uma comunicação enviada por Pero Vaz de Caminha, o escrivão da frota, o relato era de que “à primeira vista, apenas existiam nativos” no lugar. “Era um espaço virgem, sem riqueza imediata”, conta um artigo intitulado “O Descobrimento do Brasil e os interesses dos portugueses”, publicado no site de educação da prefeitura do Rio de Janeiro.
3. O artigo continua explicando que, inicialmente, o único benefício visto pela Coroa portuguesa com a chegada ao Brasil era o de fazer daquele território como um ponto de parada no litoral sul-atlântico para chegar depois às Índias Orientais. Por isso, continua a fonte, “por um longo período, a terra americana permaneceu quase que em abandono”.
4. Sobre isso, o livro “A História do Brasil Para Quem Tem Pressa” detalha que nos primeiros 30 anos após a chegada ao novo território, inúmeras viagens foram feitas pelos portugueses com o intuito de fazer um reconhecimento da região. “Muitos marinheiros desertaram ou eram propositalmente deixados entre os naturais da terra para se familiarizar com a língua e colher informações”, diz a obra.
5. A Coroa portuguesa tanto não parecia empolgada com as terras encontradas que mudou a maneira como se referia a ela diversas vezes. Antes de receber o nome de Brasil, que remetia ao pau-brasil – árvore existente em abundância na colônia recém-descoberta e que se mostrou bastante valiosa no mercado europeu, a monarquia achou que o lugar era, na verdade, uma ilha, chamando-o de Ilha de Vera Cruz. Na sequência, o país também foi nomeado como Terra de Santa Cruz e Terra dos Papagaios, como conta um artigo de National Geographic Brasil intitulado “Pau-brasil: no dia da árvore, 6 curiosidades sobre a espécie que batizou um país”.
6. Já a obra “1499 – O Brasil antes de Cabral” (Ed. Harpers Collins), de Reinaldo José Lopes, jornalista especializado em ciência, traz em suas últimas páginas um retrato do impacto da chegada dos portugueses para os povos originários que existiam no Brasil e como o passado deles e seus conhecimentos acabaram apagados dos livros de história após a chegada dos colonizadores. “A pré-história é a chave para entender estas condições iniciais [de contato de indígenas e europeus] e para demonstrar que o passado profundo do Brasil é tão rico e complexo quanto o do Velho Mundo”, detalha a obra.
7. Até 1534, esse momento pós chegada dos colonizadores portugueses termina com a Coroa arrendando as novas terras. Um dos primeiros a ter o direito de explorá-la foi Fernando de Noronha, um comerciante judeu que apostou no extrativismo do pau-brasil e de outros produtos típicos da região tropical, diz o livro “A História do Brasil Para Quem Tem Pressa”. A partir dessa data, Portugal também inaugurou o regime de capitanias hereditárias, quando ainda sem interesse em investigar na colônia, praticamente “terceiriza” o território, fatiando-o para outros indivíduos explorarem. As capitanias de São Vicente (onde hoje fica a cidade paulista), e a de Pernambuco, foram as únicas que prosperaram, sendo que a primeira avançou com o uso de engenhos de cana-de-açúcar, introduzindo a plantação da cana em terras brasileiras, detalha o livro.
*Com informações de Nacional Geographic