O benefício dos animais para o desenvolvimento infantil

Dr. Henrique Gomes*

Um dos questionamentos mais frequentes dos pais de primeira viagem é saber o que fazer com os seus animais domésticos, assim que recebem a notícia de que um bebê está a caminho. Cães, gatos e pássaros são nossos melhores amigos e é natural temer que um recém-nascido possa ter dificuldades de se adaptar em seus primeiros meses de vida com os animais domésticos. Como médico, vejo que esta é uma dúvida genuína e antiga visto que é muito comum ouvirmos que “bicho e criança em casa não combinam”.

O fato é que não há o que temer. Diversos estudos demonstram uma série de benefícios dos pets na vida de todos que habitam a residência, incluindo os recém-nascidos. Um deles, realizado pela Universidade do Canadá, analisou 700 bebês e constatou que as crianças que mantiveram contato com animais domésticos desde a gestação têm menos chances de desenvolver crises alérgicas. Isso corrobora com outra pesquisa publicada pela revista americana Pediatrics, sugerindo que o contato com os animais eleva os níveis de imunoglobulina A, evitando a proliferação de vírus e bactérias, protegendo as crianças de doenças, principalmente as alérgicas.

Além disso, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, o convívio com os animais de estimação diminui o risco de desenvolvimento de quadros de ansiedade, depressão, doenças cardiovasculares e ajudam na socialização com outras crianças.

Outro estudo realizado pelo pesquisador Bill Hesselmar, da Universidade de Gothenburg (Suécia), envolveu dois grandes grupos de crianças (1.029 crianças de sete e oito anos de idade e 249 recém-nascidos de nove meses) e concluiu que existe uma relação inversamente proporcional com aparecimento de quadros alérgicos com o número de animais domésticos que convivem com a criança. Quanto mais animais em casa, menor é o risco de desenvolvimento de alergias no primeiro ano de vida das crianças.

Principal benefício para os pequenos, um animal em casa é sem dúvidas o sinônimo de aconchego, companhia diária e adaptação fisiológica. As carícias e até mesmo a troca de olhares entre os tutores e seus animais aumentam os níveis de ocitocina em ambos, fortalecendo cada mais a relação entre eles. Portanto, como pediatra, tranquilizo os pais ao afirmar que não é necessário excluir os bichinhos da vida dos pequenos, afinal todo carinho, amor e atenção é valioso na fase da infância.

Pediatra da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal desde 2008; pediatra do Grupo Santa (Hospital Santa Lúcia Sul e Taguatinga) e pediatra da clínica PedCare e Gastrus Clinic

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