No MAB, exposição traça perspectivas contemporâneas de Brasília
Um Dia Abri os Olhos e Era Brasília fica em cartaz até 25 de setembro com obras de Cecília Lima, Gustavo Silvamaral e João Trevisan
O Museu de Arte de Brasília (MAB) recebe a partir de 5 de agosto a exposição Um Dia Abri os Olhos e Era Brasília. A mostra é resultado dos trabalhos de Cecilia Lima, Gustavo Silvamaral e João Trevisan e refletem a capital como uma cidade contraditória, mas repleta de possibilidades urbanas e naturais. Esta visão é apresentada em esculturas, desenhos e instalações produzidas em materiais como plástico inflável, dormentes de trilhos de trem, lona de caminhão, sementes, parafusos e papelão. A visitação é gratuita e pode ser feira de quarta a segunda-feira, das 10 às 19 horas. A exposição é realizada com apoio do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC-DF).
O diálogo com a arquitetura é transposto na concepção da exposição, uma vez que todos os trabalhos foram pensado exclusivamente para o MAB, dentro de uma proposta chamada site-specific, quando a obra dialoga diretamente com o espaço onde está instalada, como explica a curadora da mostra, Ana Avelar. “As criações de Cecília, Gustavo e João evocam a história do museu e funcionam como uma ocupação deste edifício que ficou fechado por tantos anos, e que essa geração de artistas agora tem a oportunidade de realmente conhecer pela primeira vez”, analisa.
A apropriação de materiais urbanos é outra característica da exposição, como se nota nas obras de Cecília Lima. A artista recolhe, durante caminhadas pela cidade, madeiras usadas na construção civil, pregos, papelão e outros elementos que compõem suas esculturas e instalações. A inspiração para as obras criadas para a mostra vem do cotidiano da artista. “Meus trabalhos têm uma relação com o deslocamento entre Brasília e o restante do Distrito Federal. São peças que surgiram de cenas que observei indo para Taguatinga pela via Estrutural, cruzando a cidade entre São Sebastião e o Plano Piloto, entre outros caminhos”, conta.
Assim é a visão de Brasília originária de pessoas do recorte geracional do trio de artistas, todos nascidos entre os anos 1980 e 1990, que sentem a cidade como um território onde não se nutre mais o entusiasmo que ocupou o período modernista, e que agora é tomada por diversas complexidades sociais, urbanas, simbólicas e políticas. “Nós três vivemos e compartilhamos ideias construídas nas vivências e nos arredores da cidade. Nossos trabalhos são um grande diálogo representativo deste momento”, detalha o artista plástico João Trevisan.
“Meu trabalho faz analogia com monumentos da cidades, elementos da arquitetura feitos em mármore e concreto, transformando-as em peças infláveis feitas de plástico, molengas e vulneráveis, que faz referência ao pensamento modernista, sobre a sua higienização de Brasília”, define o artista Gustavo Silvamaral ao explicar sobre as obras que concebeu para a exposição, o que evidencia esse olhar despido do romantismo com o qual a Brasília modernista costumava ser retratada em décadas passadas.
Numa das instalações do artista, o efeito físico causado pela refração de luz causa um certo desconforto visual. Nela, uma parede de vidro foi revestida de amarelo com piso branco acentuando fortemente a fotossensibilidade nos olhos do espectador.
Realizadores
A exposição Um dia Abri os Olhos e Era Brasília tem produção assinada por Mateus Vasconcelos. À frente da curadoria estão Ana Avelar e Renata Reis. Ana é professora de Teoria, Crítica e História da Arte, na Universidade de Brasília (UnB). Desenvolveu projetos curatoriais para a Casa Niemeyer e curadorias no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP) e Centro Cultural Banco do Brasil de Belo Horizonte (CCBB-BH). Também participou de júris dos prêmios Marcantonio Vilaça, Pipa, Rumos Itaú Cultural e Jabuti. Renata é graduada em teoria, crítica e História da arte pela UnB. Participou dos projetos de curadoria das exposições “Athos etc” (2019), na Fundação Athos Bulcão e da mostra “Te Faço Nascer Livre”, 2019, na CAL/UnB.
Experimentos em linguagens como instalação, pintura, vídeo, fotografia e desenhos
fazem parte do trabalho da artista visual Cecília Lima. Graduada em Artes Visuais pela UnB, ela expõe regularmente desde 2017. Em 2019 abriu sua primeira mostra individual na galeria Esponcedra Art and Culture, em Barcelona, na Espanha e em
2020 foi indicada a 11ª edição do Prêmio Pipa.
Gustavo Silvamaral é bacharel em Artes Visuais pela UnB e constrói um diálogo com a linguagem pictórica, por meio do uso da cor como protagonista. Foi indicado ao Prêmio Pipa 2021. Sua última exposição individual, Pinturas Listradas e Batatas Fritas, foi realizada na Galeria Karla Osorio. O artista já foi selecionado para o 16º Salão Nacional de Arte de Guarulhos, 2020 e para o II Prêmio Salão Mestre D’armas.
Com trabalho voltado à exploração de questões relacionadas às características como peso, leveza, articulação, equilíbrio e política, João Trevisan participa de exposições coletivas e individuais desde 2014. Em 2019, abriu a sua terceira
individual Corpo, breveinstante, na galeria Karla Osório. Em 2018 realizou a sua segunda individual com curadoria do artista Bené Fonteles na Galeria Decurators. Participou do 43º Salão de Arte de Ribeirão Preto Nacional Contemporâneo, do 46º Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto (Santo André- SP), e do 15º Salão de Artes Plásticas de Ubatuba e expôs Fundação de Arte de Ouro Preto (Faop).
SERVIÇO
Exposição “Um Dia Abri os Olhos e Era Brasília”
De 5 de agosto a 25 de setembro, de quarta a segunda, das 10h às19h
No Museu de Arte de Brasília (MAB), SHTN Trecho 1
Entrada gratuita
Classificação etária: livre
Instagram: instagram.com/erabrasilia
Informações: (61) 98123-8399