Mulher se livra de HIV sem tratamento e anima cientistas
Essa é a segunda vez que o fenômeno acontece.
Um milagre da saúde parece ter acontecido com uma mulher na Argentina. Após uma série de exames, os médicos constataram que a paciente teria se livrado do seu diagnóstico de HIV, vírus causador da Aids, sem necessitar de qualquer tipo de drogas ou tratamento para lhe auxiliar nesse processo.
Segundo os arquivos históricos, essa seria apenas a segunda vez que algo do tipo teria sido registrado. Especialistas acreditam que o sistema imunológico da mulher tenha eliminado o vírus por conta própria. Conforme apontado na revista científica Archives of Internal Medicine, foram feitos testes em mais de 1 bilhão de suas células e nenhum traço da infecção foi encontrado.
O caso da “paciente Esperanza”, nome dado para que ela permanecesse anônima, é uma amostra de que algumas pessoas nasceriam com uma resistência natural ao HIV. Portanto, alguns indivíduos teriam genes capazes de evitar a infecção por completo, enquanto outros podem até contraí-la para depois erradicá-la.
Mesmo assim, isso não parece ser um fator comum na sociedade. Na maioria dos casos, os pacientes diagnosticados com HIV necessitam receber a terapia antirretroviral (TARV) para o restante da vida — correndo sérios riscos caso interrompam o tratamento.
Ao que tudo indica, somente 1% das pessoas no mundo nasce com os genes que impedem o HIV de entrar e infectar as células. Caso os cientistas encontrem uma forma de controlar esse processo, esse seria o primeiro passo a ser dado para conseguirmos eliminar ou curar efetivamente o vírus.
Possibilidade de novos tratamentos
Responsável pelo estudo, o pesquisador Xu Yu, do Instituto Ragon do Hospital Geral de Massachusetts, ligado ao Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, afirmou o desejo da comunidade médica em realizar novos estudos sobre a cura do HIV.
“Pode haver um caminho prático a uma cura esterilizante para pessoas que não são capazes de fazer isso por conta própria”, disse em entrevista à BBC. Como próxima etapa, os cientistas devem analisar os casos de Esperanza, que passou 8 anos com o vírus não detectado, e Loreen Willenberg, primeiro caso de imunidade contra o vírus, para coletar mais informações.
“Estamos agora observando a possibilidade de induzir esse tipo de imunidade em pessoas em TARV, por meio da vacinação, com o objetivo de educar seus sistemas imunológicos para serem capazes de controlar o vírus sem a terapia antirretroviral”, concluiu Yu.
Comprovação da cura
Embora o caso de Esperanza chame a atenção da comunidade médica, existe cautela a respeito do tema. Na visão de alguns especialistas, é praticamente impossível afirmar se uma pessoa foi definitivamente curada do HIV, por mais que todos os recursos tecnológicos existentes atualmente tenham sido esgotados.
Uma das explicações para isso é a possibilidade de um desses casos de “cura” ser na verdade uma “infecção abortiva”, isto é, a infecção teria tentado progredir pelo organismo da pessoa, mas foi eliminada ainda precocemente. Portanto, esse tipo de situação não poderia ser configurado como uma pessoa com HIV.
Pelo lado bom, a análise do sistema imunológico da paciente mostra ter uma lembrança de ter sido infectado, dando indícios de que ela teria contraído o vírus. Essa descoberta é especialmente importante porque pode oferecer uma nova visão para as terapias imunológicas existentes atualmente. Sendo assim, é possível que o campo científico continue progredindo para alcançar a cura contra o HIV em breve.
*Com informações do Mega Curioso