JAMAICA FAREWELL

Caminhava na praia em Kingston, na Jamaica, depois de um dia de muito trabalho ouvindo palestras e fazendo uma apresentação sobre o Brasil e o nosso variado programa turístico. Distribuí um pequeno folder sobre Minas Gerais e nossas cidades históricas e discorri genericamente sobre o turismo nessa imensidão que é a nossa Terra Brasilis. Ao final, coloquei-me à disposição para perguntas e foi um “Deus nos acuda”, pois, cada um dos participantes tinha uma indagação a fazer, afinal, o Brasil é um país para todos os gostos turísticos. Fui muito aplaudido e ao final da tarde, feliz, me vesti com uma camiseta e uma bermuda confortáveis, e fui caminhar na praia, já me preparando para as cervejas jamaicanas e os tira-gostos marítimos, que são finamente temperados com ingredientes locais que não consegui distinguir. Só sei que eram deliciosos, daí…haja cerveja.

Mas, a caminhada guardava surpresas. Olhando para o mar, que me fascina de todos os ângulos, vi que escurecia e as ondas cresciam e a água já chegava aos meus pés sem nenhuma cerimônia. Pensei rápido, continuo ou vou em frente! Resolvi continuar e aí foi o outro “Deus nos acuda” do dia. Ventos de vários quilômetros por hora me atingiram e, ora me levavam pra frente, ora pra trás ou para os lados quando perdi, totalmente, o rumo. E, de longe, via os meus colegas acenando nervosamente para que eu voltasse! É claro que eu queria voltar, mas como? Eu era um papagaio perdido no vento e na chuva, sem rumo e sem documento. Mas, como não sou medroso nem fatalista, e ainda, apaixonado pela natureza, decidi enfrentá-la e, se possível, usufruir daquele momento único na minha vida.

E valeu a pena! Foi maravilhoso deitar-me na areia e começar a contar os raios e relâmpagos, uma infinidade, e cada vez mais claros e mais fortes. E os meus colegas berrando: volta, volta, cê tá doido, you’ll die, vuelva hombre, vai morrer aí, you’re crazy, louco, maluco, tá bebum, come back!

Só sei que foi um dia de aventura de que me recordei hoje, com as mesmas emoções aqui na varanda num dia de temporal no Buritis, de um dia em que sobrevivi ensopado para contar a história, e agora, desta vez, a seco, só molhado por dentro com as deliciosas cervejas “a Ia Brandão”. Saúde, Cheeers, Salud!

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Roberto Hermeto Brandão – advogado e professor aposentado

Email: robertohbrandao@gmail.com

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