Idosos que usam smartphones podem manter cérebro mais saudável

Pesquisa desafia a ideia da “demência digital” e sugere possíveis benefícios do uso de tecnologia para a saúde cerebral no envelhecimento

Uma nova pesquisa publicada na revista Nature Human Behavior nesta segunda-feira (14) revelou que pessoas acima de 50 anos que estão inseridas nos ambientes digitais e utilizam novas tecnologias podem apresentar um declínio cognitivo mais lento. O estudo analisou o uso da tecnologia e as habilidades mentais de mais de 400 mil idosos para chegar a essa conclusão.

Os pesquisadores buscaram investigar o que é conhecido como “demência digital”, ou seja, a deterioração cognitiva resultante do uso excessivo de tecnologia – um conceito popular em debates acerca da utilização da internet. Para isso, eles analisaram 57 estudos que envolveram o uso de ferramentas digitais por 411.430 adultos ao redor do mundo, com idade média de 69 anos, todos com algum tipo de avaliação cognitiva.

Contrariando expectativas, os cientistas não encontraram evidências de que o uso de tecnologia causasse danos cognitivos nos idosos. Pelo contrário, constataram que o uso de dispositivos como computadores, smartphones e a internet estava associado a um risco menor de comprometimento cognitivo.

Embora ainda não compreendam completamente o mecanismo, os investigadores consideram que, de fato, indivíduos com aptidões cognitivas mais desenvolvidas tendem a utilizar mais esses recursos digitais. Além disso, a adoção dessas tecnologias pode proporcionar vantagens cognitivas nessa fase da vida.

“Acreditamos que os três Cs podem ser importantes: complexidade, conexão e comportamentos compensatórios”, disse Jared Benge, neuropsicólogo clínico do Centro de Memória Abrangente da UT Health Austin, nos Estados Unidos, em entrevista ao jornal britânicoThe Guardian. “Ferramentas digitais podem ajudar as pessoas a se envolverem em atividades complexas e fortalecer suas conexões sociais, o que parece ser benéfico para o cérebro em processo de envelhecimento.”

Nesse caso, a tecnologia pode ser uma aliada no cotidiano de idosos com declínio cognitivo, auxiliando, por exemplo, com direções via GPS ou configurando lembretes para o pagamento de contas e a administração de medicamentos. “Nossos computadores e smartphones também podem ser mentalmente estimulantes, proporcionar conexões sociais e compensar habilidades cognitivas que estão diminuindo com o envelhecimento”, colocou Scullin. “Esses últimos tipos de uso são há muito considerados benéficos para o envelhecimento cognitivo.

Contudo, os autores destacam que, para que o uso das ferramentas digitais seja benéfico, ele deve ser feito de maneira consciente e equilibrada. Ainda que possa trazer vantagens para o cérebro envelhecido, o uso excessivo e indiscriminado dessas plataformas pode, por outro lado, promover sedentarismo físico e mental, agravando o problema.

Embora a explicação para essa conexão ainda não esteja completamente clara, é importante ter cautela ao fazer afirmações definitivas sobre o assunto. “Muitas variáveis ​​são controladas neste estudo, e os resultados são promissores, mas grande parte da nossa resiliência cognitiva pode ser determinada geneticamente, o que também pode levar a uma maior facilidade no uso da tecnologia”, explicou Davide Bruno, professor de psicologia na Liverpool John Moores University, no Reino Unido, que não esteve envolvido no estudo, em entrevista ao Newsweek.

*Com informações de Galileu

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