Ideologia insana
No ano de 1993 estreou nos cinemas um filme interessante sobre a perseverança de pais empenhados na cura de uma doença grave de seu filho. “O Óleo de Lorenzo”, 2h 09min, dirigido e roteirizado por George Miller, tem no elenco os ótimos Nick Nolte, Susan Sarandon e Peter Ustinov. A busca incessante pela recuperação do menino Lorenzo, diagnosticado com uma doença rara e fatal, ALD, caracterizada pela degeneração cerebral que leva o paciente a óbito em curto tempo, impulsiona os pais a uma dedicação plena para salvar o filho. O esforço e foco levaram à descoberta de um medicamento que devolve a saúde aos pacientes com tal moléstia. Esse medicamento está disponível hoje em dia.
Essa mesma estirpe de pessoas altamente comprometidas com a vida, não só do próprio filho, mas também com tantas pessoas que poderiam passar por drama semelhante, se traduziu em enormes avanços científicos na área da medicina. Desde que o homem, racional e inteligente, entendeu que algumas enfermidades são passíveis de solução, controle ou cura, a vida humana mudou de patamar.
O que dizer do despossuído casal Pierre e Marie Curie? Ela nascida na Polônia e ele na França, dedicaram literalmente sua vida ao estudo da radiação, que lhes conferiu o prêmio Nobel de física, apesar de a exposição àquele material ter lhes tirado a vida. Também é de se admirar o trabalho árduo do pesquisador novaiorquino Jonas Edward Salk que disponibilizou, em 1953, a primeira vacina eficaz contra a Poliomielite, a temível “paralisia Infantil”, que matou milhares de pessoas ao redor do mundo e tornou milhões em Pessoas com Deficiência. Ou ainda ao grande, também nascido polonês, Albert Bruce Sabin, que desenvolveu uma vacina (1960) economicamente viável, de fácil aplicação e capaz de impedir a transmissão da pólio, além de promover o “efeito manada”, de proteção das pessoas no entorno da criança imunizada, dispensando, dessa forma, a necessidade de imunização de adultos.
Há numerosos de casos de dedicação, de demonstração de amor muito além do básico, da entrega pelo bem das pessoas. Todos dignos de reverência. E isso é o que nos faz permanecer na esperança de um mundo melhor, com tendência ao desenvolvimento, à paz e ao bem-estar.
O difícil de entender, no entanto, é que algumas pessoas, em injustificada posição de liderança, se dediquem a fazer o mal mesmo àqueles que dizem defender, em nome de alguma fé obtusa, violenta, questionável. Por uma atitude desumana eivada de maldade e da ignorância, um grupo com ligações terroristas por excelência, proibiu, no último dia 16 de setembro, a vacinação de crianças contra a poliomielite, no Afeganistão. Aquele país, já muito castigado pela natureza e por inúmeras tentativas de domínio externo, vive outro tormento. Mais recentemente, por uma guerra em resposta à torpe proteção e asilo dispostos ao líder terrorista que causou o famoso atentado às torres gêmeas em 11 de setembro de 2001, em que quase 3.000 pessoas foram assassinadas em Washington/EUA. Além de total insanidade, o que mais poderia motivar tamanhos absurdos?
Mário Sérgio Rodrigues Ananias é Escritor, Palestrante, Gestor Público e ativista da causa PcD. Autor do livro Sobre Viver com Pólio.
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