HQs e super-heróis: Infinite Frontier na nova DC e Heroes Return na Marvel
O que aconteceu de mais relevante no mercado de quadrinhos norte-americano no mês que passou? A resposta está aqui, com uma lista resumida das principais edições lançadas em junho, especialmente da Marvel Comics e DC Comics.
Vale lembrar que, a cada semana, o mercado gringo recebe muitas edições, então, as “escolhidas” abaixo contam com um resumo rápido e alguns comentários. Várias dessas novidades chegarão ao Brasil muito em breve; e o objetivo aqui é também chamar atenção para coisas que têm grandes chances de influenciar as adaptações para TV e cinema. Você sempre pode acompanhar os lançamentos lá fora por meio do site Comic List.
Então, vamos lá, lembrando que este conteúdo traz uma boa dose de spoilers! Fique avisado.
DC Comics
Depois dos eventos de Dark Knights: Death Metal, o Multiverso DC sofreu um novo reboot, que basicamente arreganhou os limites das editora para o chamado Omniverso, um conjunto de Multiversos e linhas temporais. Em janeiro e fevereiro, vimos em Future State que essa nova fase deve revitalizar alguns personagens clássicos por meio de uma nova geração de heróis — teremos um Batman, um Superman e uma Mulher-Maravilha mais jovens, enquanto a “velha guarda” assume papeis mais amplos em todo o mundo, e em toda a galáxia.
Agora, com Infinite Frontier #1, vemos como essa nova DC organiza-se. Bem, na verdade, “desorganiza-se”: com os Multiversos interagindo ao mesmo tempo em todas as realidades, presenciamos como isso afeta as diversas Terras da editora. Na trama desta edição, acompanhamos, por exemplo, o Batman Thomas Wayne do arco Ponto de Ignição indo parar na Terra-23, onde o Superman presidente dos Estados Unidos, Calvin Ellis, reúne heróis de diversas Terras no grupo chamado Justice Incarnate.
Enquanto isso, os membros da Totalidade, formada por heróis e vilões, monitora as oscilações dos Multiversos no Omniverso. E aqui ficamos sabendo também que Barry Allen será o fio condutor para as diversas Terras dos Multiverso. Ele já fazia isso, mas agora realiza essa tarefa mais facilmente, vibrando sua velocidade de acordo com onde pretente ir. E, pela primeira vez, ele reúne energias de vários Multiversos, chegando à Terra Omega, um lugar sem vida, que, aparentemente, foi dominado por Darkseid.
Por enquanto, continua mesmo confuso para sacar como é que tudo isso vai ser organizar nos títulos mensais, mas rever personagens que estavam mortos e novos conceitos tão malucos deixa tudo muito curioso e interessante. Há uma certa noção que todo mundo agora conhece o Multiverso nas diversas Terras, então, a população já não mais deve estranhar ao ver, por exemplo, um Batman ou um Superman de outra Terra atuando juntos. Vamos ver no que vai dar, tem mais algumas edições pela frente.
Lobo é um personagem muito divertido, mas “envelheceu mal” em alguns aspectos, pois ele lembra aquela abordagem “machão” de anos atrás, o que, convenhamos, já não tem assim tanto apelo nos dias atuais. Mas o lado “bruto” dele continua trazendo boas histórias e, para atualizar essa ideia, nada melhor do que uma versão feminina. E é justamente isso que acontece aqui com Xiomara Rojas, filha única do último czarniano.
DC Pride #1
Esta edição celebra os personagens que “saíram do armário” ao longo das décadas e, agora, finalmente, estão estabelecidos com seus gêneros sem que isso seja assim algo “especial” nas tramas — eles apenas são o que são, sem que isso seja um “destaque” nos enredos. E, em comemoração com o mês do orgulho LGBTQIA+, a DC reuniu tramas com o Lanterna Verde Alan Scott, Batwoman, Hera Venenosa e Arlequina, Questão Renê Montoya, Apolo e Meia-Noite, entre outros.
Catwoman – Soulstealer
O livro Mulher-Gato – Ladra de Almas, da premiada autora Sarah J. Maas, fez muito sucesso e a DC Comics resolveu adaptar a obra para quadrinhos. A trama mostra mais do passado da personagem e promove, também mais diversidade racial e sexual. A edição de luxo foi convertida do romance original para graphic novel pelas mãos de Louise Simonson (lenda viva que reformulou os X-Men nos anos 1990) e a jovem Samantha Dodge, que tem traços influenciados pelos mangás.
The Swamp Thing #4
Depois de um tempinho em uma fase mais poderosa e heróica, o Monstro do Pântano deixou de ser representado por Alec Holland e agora se fundiu com um novo hospedeiro, Levi Kamei. Com um avatar do Verde mais “cru”, vulnerável e “jovem”, a DC revisita todo o passado do personagem e atualiza suas histórias com aquela ambientação clássica de terror. É um ótimo ponto de entrada para os leitores que não conhecem a franquia.
Detective Comics #1037-1038
O Batman segue em transformação, em um status em que ele não tem mais os recursos financeiros e todas suas bugigangas eletrônicas. Nesta edição vemos a escalada disso, com um personagem que ecoa ao passado da família Wayne. É bom ver o Homem-Morcego mais vulnerável e integrado à “Batfamília”, afinal, agora, ele precisa mais do que nunca de seus aliados. E aqui continua também a mudança da imagem perante à polícia de Gotham, que já não o vê como um parceiro no combate ao crime.
Justice League #62-63
Seguimos com a introdução de uma nova personagem superpoderosa, Naomi McDuffie, que vem de uma mesma Terra que a ameça Brutus. Cabe à nova formação da Liga da Justiça lidar com a ameaça. Este título é o que mais explora as mudanças do atual Ominiverso, com a equipe reunida com os integrantes Adão Negro, Garota Gavião, Arqueiro Verde, Hippolyta, Canário Negro, Aquaman, Flash, Superman e Batman. Vale destacar que essa versão do grupo aos poucos se assemelha com a dos cinemas, mas sem aquela atmosfera deprê do Zack Snyder.
Marvel Comics
A saga da Marvel em que Mephisto faz com que o mundo tenha esquecido os Vingadores foi bem divertida e, na verdade, em vez de uma “trollagem” com a Liga da Justiça, nota-se que a Marvel definiu o Esquadrão Supremo da América como uma equipe extrema mais parecida mesmo com Os Sete de The Boys. Nighthawk, por exemplo, que seria o “Batman”, não tem conversa com bandido e sai metralhando todo mundo pelas ruas.
Doutor Espectro, o “Lanterna Verde”, promove sua visão fascista ultrapatriota da América em toda a galáxia e por aí vai. As edições 5, 6 e7 de Heroes Reborn mostram bem as diferenças entre a “Liga da Justiça sanguinolenta” na forma do Esquadrão Supremo, enquanto revela os heróis tradicionais se reunindo e, aos poucos, lembrando de quando a realidade era protegida pelos Vingadores.
E, assim como magia afeta o Superman, Hyperion é quase levado à morte quando Wolverine enfia suas garras “abençoadas” por um encanto do Shaman, da Tropa Alpha. Heroes Reborn termina quando o próprio Esquadrão Supremo da América aos poucos começa a ruir pelas próprias desavenças internas. Assim começa Heroes Return, precedendo, obviamente, o retorno dos Vingadores.
Vale destacar importante presença de Blade, que inicialmente era o único a se lembrar da realidade anterior e que, gradualmente, vem se tornando mais presente em todos os títulos. Aparentemente, a Marvel Studios tem grandes planos para o reboot do personagem nos cinemas, e, por isso, a Marvel Comics já amplia sua relevância nos quadrinhos.
Heroes Return #1
Uma das passagens interessantes do retorno dos heróis tradicionais acontece em Wakanda, quando vemos que Hyperion, um dos “Supermen da Marvel”, deixa de ficar tão poderoso ao entrar em contato com o Vibranium do local. Assim como a Kryptonita, o metal deixa ele mais fraco; e ficamos sabendo que ele também veio de um planeta que tinha Vibranium em abundância.
Para vencer Hyperion, Thor simplesmente detona o rival em uma cratera no solo de Wakanda, repleto de Vibranium. Pantera Negra rompe os ligamentos da perna do “Flash” Whizzer, e um jovem Estigma incapacita o Poder Prisma do Doutor Espectro “Lanterna Verde”. No final, Mephisto mostra que seus planos são mais amplos com diversas versões de si mesmo no Conselho Vermelho. Vem mais por aí, vamos aguardar o final da saga.
Hellfire Gala (Marauders #21, X-Force #20 e X-Men #21)
O Hellfire Gala é um evento que mostra ao mundo a nova equipe de X-Men formada por Jean Grey, Ciclope, Polaris, Synch, Vampira, Wolverine (Laura Kinney) e Solaris. Além disso, apresenta a todos a cultura mutante e, nessa reunião, distribuída em várias edições ao longo do mês, presenciamos a nova dinâmica dos Filhos do Átomo com os principais heróis e vilões — em um momento de breve trégua, vemos, por exemplo, o Doutor Destino interagindo com os Vingadores e o Quarteto Fantástico. É o tipo de coisa que vai ressoar pelo Universo Marvel pelos vários anos que virão.
Planet-Size X-Men #1
Os X-Men de Jonathan Hickman se apresentaram como uma nova nação, a ilha viva Krakoa; venceram a morte, com uma maneira de ressuscitar mutantes; e anunciaram seu novo status de orgulho mutante pelo mundo com o Hellfire Gala. E , depois de “conquistar” a Terra, querem um planeta só seu. Assim, aqui vemos os Filhos do Átomo terraformando Marte para torná-lo seu novo lar. E, claro, isso deixa a Terra toda desconfiada desse levante de poder — incluindo os Vingadores.
S.W.O.R.D. #6
As histórias dos X-Men sempre envolveram o espaço e ficção científica. Este título mostra isso de forma mais direta, com a própria equipe que lida com missões cósmicas. O mais importante desta edição está na revelação de um novo metal, chamado “Mysterium”, que é tão forte quanto Vibranium e Adamantium. A novidade é também mais malevável e durável e capaz de fazer com que “computadores rodem em um nível de 100% de eficiência sem nunca falharem”. É mais uma sementinha de Hickman para o novo Universo Marvel.
Até o próximo mês!
Obviamente, não dá para comentar tudo o que saiu no mercado norte-americano nas quatro semanas anteriores, mas essas edições são as que mais fizeram barulho em maio e prometem ter relevância nas editoras (e em suas outras mídias) nos próximos meses.
*Com informações do Canaltech