Fezes de bebês têm 10 vezes mais microplásticos do que as de adultos
Além do plástico poluir o oceano, o solo e o ar, este polímero pode penetrar nos mais diversos sistemas biológicos, incluindo o corpo humano. Quando um material plástico se degrada, ele forma partículas com menos de 5mm, chamadas microplásticos. Agora, pesquisadores encontraram quantidades assustadoras de microplásticos nas fezes de bebês.
De acordo com a nova pesquisa, publicada no periódico Environmental Science & Technology Letters, bebês têm até 10 vezes mais microplásticos nas fezes do que adultos. Segundo os pesquisadores, isso pode ocorrer devido à alta quantidade de artefatos de plástico em contato com as crianças.
Os autores também ressaltam que os resultados são preliminares, uma vez que a quantidade de pessoas no estudo ainda é pequena. Contudo, após analisar as fezes de seis bebês e dez adultos, a equipe ressalta que é preciso manter a atenção para os efeitos dos microplásticos no corpo humano.
“Nossos dados fornecem uma linha de base em evidências para a as doses de exposição a microplásticos em crianças e adultos e reforçam a necessidade de mais estudos com espaços amostrais maiores para corroborar e estender nossas descobertas.”, concluem os autores, no artigo.
A quantidade de microplásticos foi, de certa forma, variável, mesmo nas crianças. Os pesquisadores afirmam que crianças recém-nascidas tinham quantidades dos poluentes parecidas com as dos adultos em suas fezes.
Segundo a pesquisa, isso indica que a exposição a artefatos de plástico como mamadeiras e chupetas possa aumentar significativamente, em até 10 vezes mais microplásticos no corpo.
Efeitos dos microplásticos no corpo humano
Nesta pesquisa, vale ressaltar, a equipe de cientistas investigou principalmente um único microplástico: o politereftalato de etileno (ou PET). Portanto, outros resíduos de poluentes podem ainda estar presentes, talvez em altas quantidades, no corpo de crianças e adultos.
Os microplásticos são uma descoberta bastante recente, e ainda se sabe muito pouco sobre os seus efeitos em organismos vivos. Contudo, fato é que estas partículas estão espalhadas mesmo pelos lugares mais remotos do planeta.
Uma pesquisa recente até mesmo encontrou quantidades significativas de microplásticos em placentas humanas.
Justamente pela falta de embasamento científico até o momento, os efeitos dos microplásticos na saúde humana ainda não são claros. Todavia, certas pesquisas os relacionam a respostas inflamatórias e morte celular.
Além das chupetas e mamadeiras citadas anteriormente, muitos objetos infantis são feitos de plástico, buscando mais segurança para os bebês. Colheres e copos, por exemplo, entram nesta lista.
Ademais, crianças com até um ano de idade têm muito mais contato direto da boca com tecidos e brinquedos. Vale ressaltar, nesse sentido, que a indústria têxtil é uma das que mais emprega a utilização de plásticos no planeta. Quanto aos brinquedos, quase a totalidade é feita destes polímeros.
Os autores afirmam, então, que estas características podem mostrar o espantoso número de 10 vezes mais microplásticos no corpo das crianças. Os efeitos a longo prazo na saúde e desenvolvimento, causados por essa exposição, ainda não são bastante claros.
*Com informações do Só Cientifica