Explodir um asteroide em rota de colisão com a Terra salvaria o planeta?
Se os telescópios terrestres detectassem algum asteroide fatalmente em rota de colisão com a Terra, os pesquisadores teriam algumas opções de evitar uma tragédia. Eles consideram que o eficaz seria empurrar a rocha espacial, tirando-a da trajetória de impacto, mas talvez a detecção ocorra tarde demais para isso. Neste caso, haveria uma solução mais radical: explodir o asteroide. Mas essa medida drástica resolveria o problema, ou causaria outros danos?
Explodir uma rocha gigante no espaço não é uma tarefa tão simples, por causa dos detritos, que ficarão soltos pelo espaço perto do nosso planeta. O mais provável é que cada um deles faça seu próprio percurso orbital ao redor do Sol, mas qual a trajetória exata? Como a preservação de momento angular do asteroide poderia interagir com a força da explosão?
Atualmente, não há nenhum asteroide conhecido em rota certa de colisão, mas os astrônomos sabem que muitos objetos espaciais ainda não foram descobertos, e pode ser que uma potencial colisão seja detectada a poucos meses do impacto. Por isso, uma nova pesquisa simulou uma “interrupção”, ou seja, explodir o asteroide, para saber o que aconteceria em seguida.
Para isso, eles consideraram as cinco órbitas diferentes para asteroides no formato do Bennu, mas com apenas 1/5 de seu tamanho. Em todos os cenários, a interrupção dois meses antes da data do impacto na Terra reduziu o pedregulho espacial o suficiente para que 99,9% do total da massa passasse longe do nosso planeta.
Para um asteroide maior, a dispersão seria menos significativa, mas, mesmo com velocidades de dispersão reduzidas, 99% da massa permaneceria no espaço sideral, desde que a interrupção fosse planejada pelo menos seis meses antes da data do impacto. Ou seja: explodir um asteroide poderia salvar nosso planeta, desde que sua detecção fosse realizada com antecedência. Se descobrirmos um asteroide destruidor tarde demais, essa medida poderia não ser eficaz.
Não foi simples chegar a este resultado, porque a interrupção, a última opção de defesa eficaz, resulta em muitos detritos, e a órbita de cada um desses pedaços precisou constar na simulação. Isso é algo complicado, leva tempo, mas fornece resultados bons o suficiente para deixar muitos cientistas seguros de que a estratégia funciona.
O software usado para as simulações é o Spheral, escrito por Michael Owen, um dos coautores do artigo que detalhou o estudo, publicado no Acta Astronautica. O Spheral consegue simular a ruptura nuclear do asteroide original, com a física detalhada do impacto que parte a rocha em pedacinhos, e, depois, captura as propriedades dos fragmentos.
Então, o software permite acompanhar a evolução gravitacional da nuvem de detritos, considerando os efeitos de uns sobre os outros, além de toda a influência gravitacional do Sol e dos planetas.
*Com informações do Canaltech.