EVATIMA TARDO: A MULHER QUE NÃO SENTIA DOR
Os anúncios espalhados pela cidade de Nova York, nos Estados Unidos, durante a década de 1890 anunciavam algo inacreditável: “Venham ver a mulher que ri da morte. Nada pode matá-la”. Se não bastasse a surrealidade do espetáculo, Evatima Tardo tornou-se um gigantesco enigma para a ciência.
Em 1897, o jornal The New York Times descreveu ela como “sem dúvidas a mulher mais extraordinária e estranha do mundo”. Mas afinal qual era a sua habilidade? Tardo conseguia resistir a poderosos venenos, crucificações e a feridas gravíssimas sem esboçar qualquer tipo de reação além da serenidade.
Cicatrização acelerada
Se não bastasse o fato da artista circense conseguir aguentar dores incríveis, seu corpo parecia planejado para lutar contra todo tipo de ferimento. Em apenas uma ou duas horas após ter se machucado, tudo parecia estar completamente cicatrizado. De acordo com os jornalistas, Tardo podia se recuperar de cortes cuja profundidade nem mesmo cirurgiões conseguiriam interromper o fluxo de sangue.
Em entrevista à BBC News, a historiadora Bess Lovejoy deu sua opinião sobre os fatos. “Embora não devêssemos levar todos os jornais do século XIX a sério, parece-me improvável que todos os jornalistas da época estivessem mentindo sobre a mesma coisa, que todos os médicos tenham sido enganados e até mesmo Harry Houdini iludido”, declarou.
Lojevoy é autora do artigo “O extraordinário corpo de Evatima Tardo”, que conta sobre as primeiras experiências de Evatima Tardo nos palcos em 1898. Em sua primeira apresentação, a artista colocou a mão dentro de uma caixa cheia de serpentes e deixou que elas a mordessem. Quando a moça retirou sua mão de dentro da caixa, três cobras haviam fincado suas presas em seu membro, mas sua expressão seguia intacta.
Número mortal
Na visão de Tardo, ser mordida por uma cascavel era “tão excitante quanto beber um uísque”. Se não bastasse o controle sobre a própria dor, a artista garantia que poderia beber mais de um litro da bebida sem sentir qualquer efeito do álcool. Para ela, o conceito de desconforto era inconcebível.
Depois de ser mordida inúmeras vezes por cobras com um sorriso no rosto, a jovem Evatima direcionou-se até uma cruz no palco — a qual estava incompleta, uma vez que ela só possuía um braço. Segundo os relatos da época, Tardo chegou a ser pregada naquela cruz três vezes no período de dois dias.
Os pregos atravessavam seu pé esquerdo e mão direita, fixando-os na madeira. Enquanto as pessoas ao redor pareciam simplesmente não acreditar no que estavam vendo, a performista agia como se estivesse bebendo um copo d’água. Ela se divertia com a surpresa dos outros. “Prefiro ser crucificada. É divertido ver os rostos horrorizados dos meus espectadores. São mais de dez desmaios em cada sessão, mas sempre voltam para me ver”, teria dito uma vez.
Triste fim para uma pessoa alegre
Ao ser testada em laboratório, os cientistas constataram que Tardo simplesmente não poderia ser afetada por nada. De acordo com a matéria do The New York Times, “substâncias tão mortais como os germes da cólera, difteria, tísica (tuberculose) e febre tifoide foram injetadas no sangue dela, mas não lhe causaram problemas”.
Os pesquisadores nunca souberam ao certo qual combinação de fatores tornava aquela mulher tão espetacular. Ela só não pode ser considerada imortal pois conheceu seu triste fim nas mãos de um homem: Thomas McCall.
Evatima morava em um bar chamado Arkansaw Club, com o proprietário Hal B Williamson, onde passava as tardes tomando drinques. Em uma tarde de maio de 1905, McCall decidiu fazer uma visita ao local. Naquele dia, o homem havia escutado de uma cartomante que Tardo — pela qual ele estava apaixonado — estaria se envolvendo com outro homem.
Bêbado e com raiva, McCall atirou em Williamson e na sua amada, suicidando-se horas depois. A artista tinha 34 anos naquela época e foi atingida no coração, mas dessa vez não resistiu aos ferimentos.
*Com informações do Mega Curioso