Especialista alerta sobre os perigos de medicar crianças sem acompanhamento médico
Hábito bem comum aos brasileiros, a automedicação é repleta de perigos e pode ser um silenciador de problemas maiores, especialmente nos pequenos que ainda estão em fase de crescimento e fortalecimento do sistema imunológico
Tosse, febre alta, diarreia e dores musculares, estes são os principais sinais que as crianças apresentam ao adoecer. Sintomas que de cara assustam os pais, fazendo com que muitos recorram a medicações sem prescrição médica, ação que pode ser prejudicial à saúde dos pequenos.
Pela experiência de vida, é comum que adultos montem seu próprio “kit de sobrevivência” ou de primeiros socorros, e estejam sempre munidos de analgésicos, anti-inflamatórios, antibióticos e até mesmo de corticoides, o que faz com que esqueçam que sinais do corpo são respostas imunológicas naturais. Esses remédios acabam se tornando falsos aliados, pois são repletos de efeitos colaterais, e apesar da venda ser liberada e por vezes não apresentar indicação de dose para crianças, isso nem sempre evita que os adultos mediquem os filhos.
Muito se fala sobre a automedicação, mas os perigos são variados e algumas vezes podem prejudicar a saúde de forma permanente, alerta o pediatra Henrique Gomes. Os riscos vão desde o uso de doses abaixo ou acima das recomendadas (ato que frequentemente leva a intoxicação medicamentosa), até a leitura incorreta dos sintomas e a ingestão inadequada de determinadas medicações, tal processo pode mascarar a doença retardando um diagnóstico preciso.
“Acostumados com a automedicação, muitos pais cometem o equívoco de tratar somente os sintomas dos filhos, ação que pode ser danosa principalmente à saúde intestinal das crianças, pois medicamentos corticoides e antibióticos por exemplo, são compostos que desequilibram a flora intestinal, enfraquecendo a proteção imunológica do corpo”, explica Gomes.
Entretanto, é uma obviedade e por vezes doloroso aos pais e familiares, mas toda criança deve passar por fases de adoecimento, isso quer dizer que ela está desenvolvendo seu sistema imunológico e está crescendo de forma saudável. Contudo, doenças mais graves podem se manifestar por sintomas que muitas vezes são julgados como simples mas que precisam ser analisados e tratados por profissionais antes que evoluam para um quadro grave.
Todo cuidado é pouco
É válido mencionar que é comum, assim como os adultos, crianças apresentarem reações a medicamentos. Caso a criança apresente sinais de desconforto após a manipulação de algum remédio sem prescrição, é essencial procurar urgente atendimento médico. O pediatra reforça também a importância de manter medicações em locais seguros, longe do alcance dos pequenos.
Henrique Gomes pontua ainda que é comum que os pais não saibam analisar as queixas dos filhos, e também que não tenham ciência dos efeitos colaterais dos remédios. Procurar na internet ou recorrer à automedicação costuma ser o primeiro instinto, mas, a melhor solução é ficar atento aos sinais que os pequenos apresentam, buscando dar a eles a sensação de que estão seguros e que vão receber a ajuda necessária.
“Assustar a criança é o que mais acontece. Imagine a situação em que você fala para alguém que está com uma dor e essa pessoa logo se desespera. Diante disso, a tendência é que você tenha medo e tente esconder o desconforto, não é? Portanto, é fundamental que a criança tenha ciência do próprio corpo, dessa forma ela ficará mais sensível aos sinais e saberá se expressar melhor dizendo o que sente e um adulto poderá recorrer ao especialista necessário”, afirma o pediatra.
Sobre o Dr. Henrique Gomes – Pediatra da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal desde 2008, Henrique é pós-graduado em Lato Sensu em Doenças Funcionais e Manometria do Aparelho Digestivo no Hospital Israelita Albert Einstein. Residência médica em pediatria pelo HMIB (2006 e 2007), além de atuação na área de Gastropediatria pelo HBDF (2008 e 2009), o profissional atua na área de Gastroenterologia Pediátrica, especialidade que auxilia o pediatra na assistência de crianças e adolescentes portadoras de sintomas relacionados ao aparelho digestivo, como náuseas, vômitos, diarreias, alergias aos alimentos, dores abdominais, constipação intestinal, entre outros.
Atualmente é pediatra da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal desde 2008; pediatra do Grupo Santa (Hospital Santa Lúcia Sul e Taguatinga) e pediatra das clínicas PedCare e Le Petit.
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