Ela virou atleta de fisiculturismo depois dos 60 anos: ‘Estarei em cima dos palcos até com bengalinha’
Monica Bousquet começou a frequentar a academia aos 54 anos por ordem médica, depois de ser diagnosticada com condromalácia. A carioca pegou tanto gosto pelas atividades físicas que mudou todo o seu estilo de vida. Depois dos 60, ela ainda se tornou atleta de fisiculturismo: ‘Nunca pensei nisso, especialmente por causa da minha idade’
Monica Bousquet, de 62 anos, jamais teria pensado que viraria atleta de fisiculturismo na terceira idade. A carioca começou a frequentar a academia depois dos 54 anos por ordem médica, após ser diagnosticada com condromalácia, que progrediu de grau um a quatro em dois anos. A condição é caracterizada por um desgaste da cartilagem do osso da patela, localizado na frente do joelho.
“Não conseguia mais sentar, andar ou viajar de carro sem sentir uma dor insuportável, como uma pressão constante. Então, foi assim que me vi indo para a academia. Naquele momento, não estava pensando em estética, embora estivesse acima do peso. Eu já tinha tentado de tudo, todos os remédios possíveis, e nada tinha funcionado”, disse em entrevista com Marie Claire.
Ela também chegou aos 50 anos enfrentando a menopausa, “sofrendo com todos os sintomas que ela traz, inclusive dor”. “Tive crises e entrei em depressão. Estava muito mal, e sempre tive medo do envelhecimento, considerando a história da minha família. Envelhecer parecia ser o fim”. Começar a fazer exercícios também a ajudou nessa questão.
“Meu objetivo era me livrar das dores, pois acreditava que estar acima do peso fazia parte do processo natural de envelhecimento. Tinha essa ideia porque vi minha mãe, minha avó e minhas tias passarem pelo mesmo. Achava que era algo inevitável e que, durante esse processo, deveria começar a usar roupas mais largas, como se ser avó e envelhecer fosse sinônimo disso”, diz.
Ao entrar na academia, Monica estava em um ambiente muito diferente ao que estava acostumada. Ela, que nunca tinha se exercitado antes, passou a mudar sua vida gradualmente também em outras áreas. “Percebi que poderia viver de uma forma muito melhor. Antes, achava que minha vida estava dentro de um padrão normal, mas na verdade estava muito ruim. Dormia mal, bebia muito, vivia como se não houvesse amanhã.”
“Comecei a perceber o prazer de realizar pequenos rituais, como cuidar do meu sono e preparar minhas refeições. Essas mudanças, mesmo que pequenas, foram transformadoras.”
À medida que seu corpo se transformava por conta das atividades físicas e as mudanças em seu estilo de vida, ela acordava com menos dor. “Os benefícios foram ficando claros para mim. Sempre tive o hábito, que mantenho até hoje, de olhar no espelho e ver como estou naquele momento. Conforme eu via as pequenas melhorias, ia me motivando e isso também afetava minha autoestima.”
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Apesar disso, o início foi difícil. Monica perdeu “amigos de bebedeira” e também não era compreendida pela família. “Minha filha e meu esposo não entendiam por que eu estava investindo tanto nisso, gastando tanto tempo e dinheiro com personal trainer e suplementos”, conta. Mas, para ela, essa parecia a única maneira de melhorar sua saúde: “Não queria passar o resto dos meus dias tomando remédios para colesterol, pressão alta e pré-diabetes.”
A mudança foi tanta que, depois de tomar gosto pelos exercícios, passou a compartilhar seus treinos nas redes sociais e fez sucesso: hoje conta com mais de 970 mil seguidores somente no Instagram. Com a vida de influenciadora, antecipou sua aposentadoria para se dedicar totalmente às redes sociais.
Em suas postagens, é comum vê-la puxando ferro na academia, fazendo sua alimentação saudável e mostrando o abdômen definido. Mas, cada vez que aparece de biquíni ou alguma peça de roupa mais curta, Monica também acaba sendo vítima de etarismo. Quanto às críticas, ela diz “encará-las da melhor forma possível”. “Acredito que envelhecer é um privilégio. Me sinto privilegiada por isso, afinal, só não envelhece quem tá morto.”
“Faço questão de entrar num biquíni pequenininho e usar shorts curtos, porque isso me faz bem. Algumas pessoas dizem: ‘Velha, não precisa se expor desse jeito’, mas para cada uma dessas críticas, recebo dezenas de comentários positivos do tipo: ‘Você está ótima!’ e ‘Quero chegar onde você está’. Então, não posso considerar as críticas relevantes”, avalia.
A influenciadora percebe que, por conta dos exercícios, tem uma força que não tinha antes– e não apenas física. “Também te dá uma força mental maior e você consegue superar essas coisas. Me sinto muito forte. Por isso, ofensas que recebo não abalam minha estrutura mental.”
Assim como a vida fitness que leva hoje, sua entrada para o fisiculturismo foi inesperada. O convite para competir partiu de seu treinador, depois de seus colegas da academia a incentivaram a participar de competições. “A preparação, que todos dizem ser monstruosa e muito difícil, fiz muito bem. Quando subi no palco, pensei: ‘Nasci para isso’”.
E foi assim que Monica participou do Musclecontest Brazil no ano passado, levando dois troféus: na categoria Bikini Master e outro na Wellness Master. “Para mim, era algo inalcançável. Nunca pensei nisso, especialmente por causa da minha idade. Tinha esse bloqueio, essa ideia de que uma mulher de 60 anos não subiria em um palco de fisiculturismo.”
“Obviamente, não tenho aquele volume, o que acho difícil de alcançar pela minha idade, mas subi no palco naturalmente, como estou, e me senti muito bem, feliz da vida. Não vou parar mais, agora estarei em cima dos palcos até com bengalinha”, brinca.