Drag queen do sertanejo, Reddy Allor leva ‘modão’ para a Parada LGBT+: ‘Ninguém me levava a sério’
Cantora falou sobre suas expectativas para o evento, trajetória na música e luta para se consolidar no gênero musical que ama
Defendendo o título de “drag queen do sertanejo”, Reddy Allor promete empolgar o público mesclando modão raiz com pop no Camarote Pride, que acontece neste domingo (2) na 28ª edição da Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo. Em conversa com a Quem, a cantora, de 25 anos, falou que suas expectativas para o evento estão altas.
“Sempre amei a Parada LGBT+ de São Paulo, então sempre acabo me empolgando nessa época do ano. Acho que esse evento é uma ótima forma da gente se conectar com a nossa comunidade, de relembrar toda nossa luta e de criar motivação para continuarmos buscando nossos direitos”, destacou Reddy.
Este ano, a Parada levanta o seguinte tema: Basta de Negligência e Retrocesso no Legislativo — Vote consciente por direitos da população LGBT+. O objetivo é incentivar as pessoas a escolherem representantes que defendam os direitos da comunidade.
“É um tema extremamente necessário, principalmente porque não temos muitos representantes da nossa comunidade na política. Inclusive, acredito que a maior falta seja a ocupação de pessoas como nós nas cadeiras que comandam o país”, comentou Reddy. “Temos a deputada Erika Hilton, que vem desempenhando um papel crucial na luta dos direitos LGBTQIAPN+, mas a gente precisa incluir mais pessoas, mais falas e mais histórias que nos representem.”
Luta por espaço
Reddy começou na música formando uma dupla sertaneja com o irmão, Gah Bernardes. Eles começaram cantando em churrascos de família e isso se tornou uma tradição. Conforme o tempo foi passando, a cantora foi se entendendo melhor enquanto artista e, aos 18 anos, viu em Pabllo Vittar uma inspiração. Ao conhecer a arte de ser uma drag queen, ela soube que era isso o que queria para a carreira.
“Foi como se eu tivesse encontrado um novo mundo. Pensei: ‘Por que não juntar o sertanejo com a arte de ser drag queen?’. Para muitos, poderia parecer uma loucura, mas, pra mim, era como se eu tivesse encontrado o que me faria diferente, o que conseguiria mostrar toda a minha bagagem cultural”, contou.
O sertanejo, no entanto, é um gênero que por muito tempo foi dominado por homens e encontrar um espaço nesse estilo musical que tanto ama segue sendo um desafio. “Quando comecei a trabalhar como ‘a drag queen do sertanejo’, muitos me olhavam como maluca, e outros como corajosa – mas acho que ninguém me levava muito a sério, sabe? E esse ponto é um dos meus maiores obstáculos dentro do mercado sertanejo: não sou levada a sério”, explicou.
A sensação de Reddy é que ela a todo momento precisa se provar enquanto artista por ser uma drag que investe no sertanejo: “Acabo tendo que mostrar 10, 20 vezes mais resultado para que as pessoas consigam me olhar como uma possibilidade dentro da música. Mas isso não me abala, não, continuo fazendo meu trabalho, me dedicando ao máximo pra mostrar toda a pluralidade da arte drag e da vivência LGBTQIAPN+”.
Do sertanejo ao pop
Em parceria com Diego Martins, que recentemente brilhou em Kevin em Terra e Paixão, a artista lançou a música Laço. Reddy falou que quando ouviu a canção achou ela muito pop para o seu repertório, mas sentiu que se encaixaria perfeitamente em uma parceria com o ator, que também é uma drag queen, e possui uma veia mais pop.
“A repercussão da música foi e está sendo incrível, senti que consegui me conectar com um público além do que eu já havia me conectado. Fora isso, toda a visibilidade do Diego Martins na novela ajudou para que essa música alcançasse mais pessoas e mais canais. Sou extremamente grata por ter feito essa colaboração, sem contar que foi muito divertido fazer uma música entre amigas”, concluiu.
*Com informações de QUEM