Downsizing, Proconve L7 e a guerra da Rússia – Sim, estão todos ligados

Olá meus caros apimentados! um feliz ano novo! Não, as comemorações de carnaval não aumentaram os níveis alcoólicos desse que vos escreve. Como vocês bem sabem, o ano por aqui só começa de fato após o carnaval. E esse nosso início de ano já vem bem conturbado: uma guerra na Rússia x Ucrânia e a crise gerada pelo COVID-19. E é claro que isso abala toda a indústria automotiva do mundo, que já não anda em seus melhores dias. Para iniciar a nossa saga cabe lembrar cada termo que usei para linkar os acontecimentos, assim o caro leitor não se perderá nessa reflexão de quinta (feira), sem trocadilhos.

Downsizing significa “diminuir o tamanho”, em uma tradução literal, e sim: os motores vêm sofrendo isso já há uns 20 anos, no mínimo. Para fins de exemplo, um motor 2.0 do início dos anos 2000 tinha cerca de 130 cv, já hoje os 1.0 turbo tem essa mesma potência e, muitas vezes, torque superiores aos apresentados na versão de maior cilindrada, em rotações mais baixas. O que isso quer dizer? Mais economia, menos poluentes, menos peso e mais tecnologia para gerenciar isso tudo.

Já o Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores) L7, é um programa do governo que institui regras para emissão de poluentes dos veículos, com regras mais duras a cada edição, o que acarreta na evolução dos nossos motores. Por esse motivo, VW EA111, Família 1 GM, Renault F4R, Fiat E-torq e outros disseram adeus ou foram atualizados para ganhar uma sobrevida até que fosse possível um substituto mais moderno. Note que a maioria desses propulsores não eram frutos do downsizing, mas sim modelos mais antigos. Também foram necessárias mudanças no sistema de catalisador e tanques de combustíveis dos veículos, que são muito mais factíveis de se realizar do que as atualizações dos motores.

Caso não esteja claro, os dois primeiros tópicos estão diretamente ligados, onde, por força da lei, as montadoras precisaram atualizar seus modelos e até matar alguns onde não seria possível ou factível realizar as modificações necessárias. Basicamente, dos poucos modelos antigos que restaram, todos tiveram que sofrer mudanças de cunho tecnológico, como reprogramação, modificações físicas de componentes, etc. É exatamente aí onde entra o “link” para a guerra na Rússia. Você pode se perguntar onde o Brasil, no campo automotivo, depende do país da Vodka, mas o “buraco” é mais embaixo e tem um nome: chips. Sim, caso você não saiba, o seu automóvel tem uma quantidade ENORME de chips e componentes eletrônicos. Recomendo a leitura desse texto para clarear a sua mente.

Dando continuidade, temos uma produção desses microchips concentrada em países asiáticos (90% da produção mundial: Taiwan, Japão, China e Coreia), que, por sua vez, têm se mostrado aliados da Rússia. Entendeu meu ponto? Aí que mora o perigo! Caso a guerra dívida o mundo em dois (espero que não), temos uma produção de chips absolutamente afetada por essa crise. Não entendeu ainda? Eu explico: China tem divergências com Taiwan, e pode aproveitar o momento para resolvê-las de um jeito não muito amigável, se é que me entendem… E as Coreias vivem um clima tenso que já dura décadas. Podem aproveitar o momento para resolver brigar. Afinal, o gordinho está muito quieto nesse momento. Com isso, só sobraria o Japão como um produtor desse material para o resto do mundo.

Não quero vender sustos, nem muito menos causar o caos e a discórdia, mas, sim: existe um risco grande desse conflito afetar, além de vidas e da paz mundial, o nosso querido mercado automotivo, assim como toda a produção de eletrônicos. Temos solução pra isso? Claro que sim! O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sinalizou um investimento massivo para estimular a produção local desses componentes, o que pode modificar essa distribuição de pouco mais de 10% da produção nos EUA. O grande problema é o prazo para que esse jogo “vire” e a enorme demanda reprimida do componente em virtude da COVID-19 seja atendida.

Então, para fechar essa equação, temos de um lado a lei que pressiona a evolução dos motores, de outro as montadoras seguindo um caminho de downsizing, injeção direta, turbo, sensores e centrais ultra modernas, que implicam em baixo consumo, níveis de poluição aceitáveis, desempenho surpreendente… Tudo isso dependendo de microchips e tecnologia que podem ficar escassas em virtude de uma guerra no oriente.

Nós do Perda Total defendemos o fim da guerra e a constante busca pela paz e uso do diálogo como ferramenta para resolução de divergências políticas, culturais e etc.

William Marinho, engenheiro mecânico e entusiasta do mundo automotivo.

Siga o Perda Total nas redes:

YouTube: www.youtube.com/c/PodcastPerdaTotal

Instagram: www.instagram.com/perdatotal_podcast/

Tiktok: vm.tiktok.com/ZM8GLEo1n/

Facebook: www.facebook.com/perdatotalpodcast

Twitter: twitter.com/PerdaTotal_pod?t=hfooT0-imwj9etnMSABD5Q&s=09

Related post

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *