Disney encerra canais lineares no Brasil para se concentrar no streaming

The Walt Disney Company pode ser conhecida por seus personagens fofos, programação para a família toda e parques temáticos em uma passeio que é o sonho de toda criança. Mas, no mundo dos negócios, o conglomerado tem a imagem de uma empresa com estratégias agressivas para avançar no mercado, principalmente quando está em uma posição incômoda. 

O Disney+ é a plataforma de streaming com menor audiência no Brasil, e, para concentrar os esforços em uma só frente, mudanças vêm por aí, com o fim dos canais lineares em operadoras de TV à cabo. A empresa afirma que tomou a decisão para continuar “a evoluir e atender às necessidades de nossos consumidores com agilidade e inovação”. 

“Essa decisão inclui o encerramento dos canais Star Channel, Cinecanal, FX, National Geographic, Disney Channel e Baby TV, sem impactar nossos canais esportivos”, complementa. A descontinuação dos canais em TV por assinatura acontecerá no dia 28 de fevereiro de 2025, e somente os canais ESPN continuarão do jeito que estão nas operadoras pagas.

Essa ação, segundo o Disney, acontece “em resposta às transformações no cenário local de mídia e entretenimento, e para garantir que continuemos.” Vale destacar que, em 2022, a companhia já havia cortado custos e pessoal com uma decisão semelhante, quando Nat Geo Wild, Nat Geo Kids, Disney XD, FXM e Star Life foram descontinuados em toda a América Latina. Disney Junior e Star Life foram enxugados e transformados no Cinecanal no Brasil.

No começo deste ano, a Disney também decidiu incorporar o Star+, sua plataforma de conteúdo audiovisual que concentrava filmes alternativos e mais violentos e as atrações de esportes, à oferta principal no país, com dois planos de assinatura: Padrão: R$ 43,90 por mês ou R$ 368,90 por ano; e Premium: R$ 62,90 por mês ou R$ 527,90 por ano, com melhor definição e número de transmissões simultâneas.

Disney precisa de outro sucesso como Mandalorian (Imagem: Reprodução/Disney+)
Disney precisa de outro sucesso como Mandalorian (Imagem: Reprodução/Disney+)

E, do lado das estratégias de venda, o comercial da companhia já havia fechado algumas parcerias para desconto em pré-venda e degustação gratuita e plano casado mais barato com a Globoplay. Para completar as contingências para aumentar o número de assinantes e a audiência por aqui, a Disney também passou a coibir o famoso compartilhamento de senhas e logins de maneiras mais severas.

Mas por que a Disney tão preocupada? Bem, abaixo estão as principais razões.

Disney+ não consegue voltar para as primeiras posições

Quando estreou no Brasil com Mandalorian e todo seu catálogo Marvel e Star Wars, mais NetGeo e a vasta grade para o público infantil, o Disney+ até flertou com a primeira posição da Netflix e ameaçou o Prime Video, mesmo com o precinho da Amazon mantido abaixo dos R$ 10 há anos.

Só que os números do Disney+ estão bem longe dos que o diretor-executivo Bog Iger exige desde a estreia da plataforma durante a pandemia. Para ter uma ideia, o streaming tem em todo o mundo algo em torno de 122,7 milhões de assinantes, de acordo com dados recentes da Variety. Bob tinha esperanças de fatiar parte dos 277, 7 milhões de usuários mensais da Netflix em todo mundo.

Embora tenha acumulado sucessos de bilheteria bilionários com a Marvel Studios, a Lucasfilm e a 21th Century Fox nos últimos anos, o streaming, que é o grande foco da empresa nas próximas décadas, está longe de se pagar. A previsão, segundo a própria empresa, é de investimento entre 14 e 16 bilhões de dólares.

O Brasil é um dos principais mercados da Disney, e o cenário não é favorável à empresa do Mickey. Em um ano em que o streaming chegou a superar a TV aberta por aqui, a audiência do Disney fica bem abaixo da Netflix, Prime Video, Max e YouTube.

Disney abraça MAX chora de inveja da Netflix (Imagem: Reprodução/Disney+)
Disney abraça MAX chora de inveja da Netflix (Imagem: Reprodução/Disney+)

Já em relação à participação no mercado brasieiro, o app JustWatch verificou em março deste ano que a Netflix continua na frente, com 27%, seguido de Prime Video (18%) e Disney Plus (13%). Há uma previsão de queda global de interesse pelas plataformas de streaming, como um resultado natural da volta do consumo pré-pandemia.

E o Disney+ ainda sofre com uma atividade cada vez mais comum entre os consumidores: o dos assinantes efêmeros, que só pagam para ficar momentaneamente vendo alguma estreia específica e depois cancelam a assinatura.

O que a Disney pode fazer para revidar?

Para aumentar a participação de mercado, audiência e número de assinantes, preciso atacar três pontos em especial por aqui. Bem, primeiro está relacionado ao preço da assinatura e à ausência em uma nova zona de disputa: a faixa de desconto com anúncios ofertada pelos concorrentes se tornou um bolo próprio. Então, além de encontrar uma forma de baratear o preço dos planos, é preciso incluir algum com uma opção que também brigue por um pedaço dessa fatia específica.

A segunda ação, a Disney já vem fazendo, que é tornar o ambiente mais sustentável, com projetos mais econômicos e apostas certeiras. Star Wars, em especial, consome aproximadamente US$ 100 milhões por temporada em cada uma de suas séries. E muitas delas, a exemplo de Kenobi e Ahsoka, assim como O Livro de Boba Fett, não foram bem. O mesmo pode-se dizer da Marvel Studios, que acumula fracassos  no streaming.

Skeleton Crew estreia nesta semana (Imagem: Reprodução/Disney+)
Skeleton Crew estreia nesta semana (Imagem: Reprodução/Disney+)

A terceira e mais difícil gira em torno do algoritmo proprietário da Netflix, que é espetacular. Mesmo quando você fica bastante tempo sem usar, a capa, as sugestões, a busca, enfim,  a programação sempre parece viva e em movimento.

Já o Disney+ tem uma capa que fica estática  e raramente destaca suas principais e novas atrações. Acessar o Star+ na mesma plataforma é algo tão contraprodutivo que nem dá vontade de abrir. Bom torcermos sempre para que todos consigam vencer e ter mais clientes, assim o mercado prospera. Seguimos acompanhando.

*Com informações de Canal Tech

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