Crítica Um Clímax Entre Nós | Texto afiado acerta ao falar sobre prazer feminino
Investindo em produções que fujam da hegemonia estadunidense, a Netflix trouxe o inesperado Um Clímax Entre Nós, uma comédia romântica holandesa que fala de maneira leve e divertida sobre prazer feminino, relacionamento a três e a necessidade de ser sincero em uma relação amorosa.
A trama segue Luna (Gaite Jansen) e Mink (Martijn Lakemeier), um casal cujo relacionamento é estável e feliz, mas que falta algo: o orgasmo dela. Apesar de gostar de transar com o namorado, a jovem nunca conseguiu chegar ao clímax e, por vergonha, timidez e até medo de magoá-lo, sempre fingiu que gozava ao final da relação.
Isso faz com que Um Clímax Entre Nós seja, sobretudo, um filme sobre a necessidade de ser sincero com o parceiro e de bancar os seus próprios desejos. Isso fica claro não apenas com a personagem principal, mas também com as coadjuvantes.
Uma das amigas de Luna, a Bo (Sinem Kavus), apesar de fingir ser durona, só se realiza quando consegue falar para o seu “caso” que quer tentar algo mais sério. Luna, por sua vez, derrapa tanto com Mink quanto com Eve, pois começa a usar a moça apenas para ter orgasmos e não se abre sobre o que realmente quer e sente por ela.
E, por falar em Eve, quando ela é escolhida para fazer parte do menage, dá um certo receio que o filme perpetue a fetichização de ver duas mulheres transando, mas mais uma vez o bom gosto da diretora entra em cena e as sequências são feitas com naturalidade e elegância.
Protagonistas que agradam e final que surpreende
Falando um pouco sobre os personagens, o trio principal agrada em cena, oscilando entre momentos cômicos e dramáticos, mas mantendo sempre a leveza da trama que, apesar de tocar em temas importantes, tem como intuito ser descontraída e divertida. Gaite Jansen (a Luna), que já participou de Peaky Blinders, acerta ao dar vida a uma jovem que, a princípio, parece ingênua, mas que sabe bem ir atrás do que quer.
Já Martijn Lakemeier (o Mink), de Goodbye Stranger, é um jovem abobalhado de bom coração que tenta entender seus erros e melhorá-los. Por fim, Joy Delima (The Crash) vive Eve, uma mulher alegre e descontraída cuja personalidade contrasta perfeitamente com a apatia dos namorados.
O time de coadjuvantes, por sua vez, é enxuto, contando basicamente com duas amigas de Luna e um amigo de Mink, o que faz com que a trama ganhe fôlego para focar no que realmente interessa, sem se preocupar em desenvolver um monte de personagens aleatórios.
Por fim, o final surpreendente — não destrinchado aqui para não estragar a surpresa do leitor — é uma boa escolha e casa perfeitamente com um happy ending (final feliz em português), título escolhido na versão original.
Para não dizer que não houve erros, o roteiro deixa alguns furos, especialmente em relação a vida de Luna. Não fica muito claro com o que ela trabalha e nem como faz para pagar as contas, já que mais falta do que vai ao batente. O mesmo acontece com Eve. Ainda assim é possível relevar esses detalhes e curtir a trama sem maiores problemas. Quem quiser dar uma chance à trama, já a encontra na Netflix. Que tal dar o play?
*Com informações de Canal Tech