Crítica A Noite das Bruxas | Detetive Poirot retorna no melhor filme da série
Histórias de mistério existem aos montes, mas poucos autores conseguiram criar uma fórmula tão rica e efetiva quando a escritora Agatha Christie. Com dezenas de romances que cobriam situações diversas, com suspeitos fascinantes e reviravoltas a todo momento, suas histórias se tornaram sinônimo do gênero literário whodunnit, com histórias em que o leitor tenta adivinhar o culpado através de várias pistas deixadas pela trama.
A Noite da Bruxas, novo filme baseado em romance da autora, segue exatamente essa ideia, colocando novamente o detetive Hercule Poirot no meio de uma investigação de assassinato, em um palacete assombrado em Veneza.
O filme estrelado e dirigido por Kenneth Branagh (Thor) é o terceiro de uma nova franquia em que o ator e diretor interpretada Poirot. Apesar de não praticamente nenhuma ligação com os filmes anteriores, o longa novamente tem no carisma de Branagh seu ponto forte, junto com uma trama envolvente do começo ao fim.
De volta da aposentadoria
O filme começa com Poirot já aposentado e morando na cidade de Veneza. Atormentado por fantasmas do passado, ele abandonou completamente a sua profissão de detetive, tentando viver tranquilamente na cidade italiana.
A visita de uma antiga amiga, a escritora de mistério Ariadne Oliver, interpretada por Tina Fey (30 Rock), acaba tirando ele de casa para participar de uma sessão espírita em um palacete local. O objetivo é usar de sua sagacidade para conseguir desmascarar uma vidente famosa que realizará o ritual.
O primeiro ato do filme é basicamente esse, com o detetive se recusando a sair da aposentadoria, mas curioso o suficiente para observar e descobrir os segredos da vidente. A partir desse ponto, o filme ganha corpo, já que o resto do elenco é apresentado e um assassinato traz Poirot de volta ao jogo.
Você sabe desde o início que isso era só uma questão de tempo, mas a forma como tudo é feito é interessante e faz bastante sentido dentro da trama. O detetive apenas precisava de um caso forte o suficiente para voltar à ativa.
O segredo está nos detalhes (e no elenco)
A Noite das Bruxas é uma história com uma fórmula bastante conhecida, com vários personagens como possíveis culpados de um crime, e um detetive tentando encontrar brechas em suas histórias para saber quem é o criminoso.
A história de uma jovem que cometeu suicídio e a tentativa de falar com ela do além abre portas para que a trama crie mais de um homicídio a ser solucionado, envolvendo o espectador de um jeito bastante eficaz, mesmo os mais atentos conseguindo decifrar o enigma pela metade do filme. Isso se dá ao estilo que a narrativa é construída e pelos atores que interpretam os suspeitos.
Além de Branagh e a Tina Fey, o filme tem em seu elenco nomes como Jaime Dornan (Agente Stone), Jude Hill (Belfast), Kelly Reilly (Yellowstone), a ganhadora do Oscar Michelle Yeoh (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo) e Camille Cottin (Casa Gucci). Todos funcionam bem nos seus papéis, com destaque para Kelly Reilly como a dona do palacete e mãe da moça que morreu, e Michelle Yeoh no papel da médium capaz de falar com mortos.
Porém, o destaque mesmo fica com Branagh e seu Hercule Poirot. O filme poderia se perder completamente não fosse a atuação e direção do irlandês. Com carisma e trejeitos que fazem você realmente acreditar que ele é o maior detetive do mundo, o seu Poirot funciona tão bem que você deseja que a série continue e mais histórias com ele sejam produzidas para o cinema.
Assim como aconteceu com Morte no Nilo, A Noite das Bruxas não é um longa que tenta reinventar a roda, mas sim entregar um mistério interessante e que prende a atenção do espectador por toda a sua duração. Ele não é particularmente um deleite aos olhos, não apresenta algum truque visual que o destaque, sendo bastante comum nesse aspecto.
Não que isso seja ruim, mas boa parte do que segura o espectador é como a trama se desenvolve e os diálogos entre os personagens, algo que faz sentido em um filme desse gênero.
Dificilmente alguém terminará o filme pensando que ele é a melhor coisa que já viu na vida, mas ele é diverte e consegue ser um longa bem honesto, que vale a pena ser assistido. Existem filmes mais interessante e empolgantes com detetives e mistérios em torno de assassinatos, mas A Noite das Bruxas é um ótimo exemplar do gênero.
A Noite das Bruxas estreia nos cinemas de todo o Brasil no dia 14 de setembro.
*Com informações de Canal Tech