Consciência negra é mais que feriado

Data é celebrada feriado nacional pela primeira vez em anos

Falar de racismo, equidade racial, políticas afirmativas ainda é um assunto mal visto no Brasil de 2024. Tanto em grupos de pessoas sabidamente avessas ao tema, quanto entre aqueles que se dizem progressistas porém tratam o assunto com restrições.

Quem até hoje não entendeu de qual racismo estamos falando, desde que não cometa crimes atentando contra as oportunidades da população negra, pode passar alheio pela discussão porque não fará falta. Prometeu nada, entregou nada.

Mas o que dizer dos que se declaram antirracistas, aliados ou contra qualquer tipo de preconceito, e, no entanto, compactuam com segregações ou ainda se questionam sobre a pertinência desse assunto?

Prometeram tudo, entregaram pouco ou nada.

A esses, eu digo: não se percam entre tantas distrações. A luta contra o racismo exige mais soldados do que as vítimas que faz. Precisamos dos antirracistas, mais do que isso: precisamos de medidas concretas que vão além do discurso.

O Brasil é um país onde, progressivamente, mais pessoas se dizem contra o racismo e – basicamente – ninguém admite ser racista. A má notícia é que há muitos incoerentes assim. A boa notícia é que também há várias pessoas que respeitam as diferenças raciais e podem pesar mais na balança, vencendo – tal como árbitros de uma situação – tantas injustiças que vivem acontecendo por aí.

Lutar contra o racismo é mesmo questão de escolha, envolve muitas subjetividades, ao mesmo tempo que exige medidas objetivas.

Em outras palavras, se para cada racista houver o dobro de antirracistas, isso fará diferença apenas e unicamente se esse grupo agir. Chega de ler o livro, declamar a frase, repetir o punho fechado e deitar a cabeça no travesseiro tranquilo por um dia totalmente consciente. Isso não existe, só distrai.

Ou partimos para o exercício diário da consciência negra, ou a data servirá mesmo apenas de descanso já que agora (felizmente) é feriado nacional.

*Com informações de CNN

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