Conheçam os produtos que floparam em 2022
O ano de 2022 foi forte para a indústria de tecnologia, que recebeu algumas inovações importantes em diferentes segmentos. Telas LCD tradicionais começam a dar lugar aos mais avançados LCD com iluminação Mini LED, enquanto o OLED se populariza e ganha uma versão mais brilhante com cores intensas e melhor resistência ao burn-in — o QD-OLED.
Ainda dominado pela Samsung, o mercado de celulares dobráveis viu a chegada de concorrentes de peso de gigantes como OPPO e Honor, enquanto outros dispositivos, como os notebooks, implementaram a tecnologia dos painéis dobráveis para proporcionar maior versatilidade aos usuários. Também foram destaques tecnologias inéditas de zoom turbinado, carregamento de mais de 200 W, entre diversas outras novidades.
No entanto, 2022 também foi marcado por alguns pontos baixos, com produtos polêmicos que repetiam fórmulas de antecessores, dispositivos que entregavam baixíssimo custo-benefício, e até mesmo soluções promissoras que tiveram seus planos atrapalhados por um preço mal posicionado, estratégia de alcance limitado ou por circunstâncias do mercado. Nesta lista, selecionamos 5 dos principais produtos que sofreram com um destino pouco amigável neste ano.
iPhone 14 Plus
Com a chegada do iPhone 12 em 2020, a Apple expandiu sua linha de smartphones com a adição de um modelo extremamente compacto: o iPhone 12 Mini. O aparelho fugiu da tendência do mercado de aumentar cada vez mais o tamanho da tela e visou atender os usuários que buscavam um celular menor, que não exigisse muito esforço para ser usado com uma mão. Pelos sacrifícios em áreas como a bateria e a legibilidade da interface, o projeto não teve o retorno que a gigante esperava.
Recheado de correções, em especial na autonomia, o iPhone 13 Mini chegou em 2021 tentando, pela segunda vez, conquistar o público, mas novamente o retorno não foi o planejado pela Maçã. Diante disso, em 2022, a companhia resolveu fazer uma aposta diferente com o anúncio do iPhone 14 Plus, que seguiu o caminho oposto da série Mini: resgatando a estratégia de gerações mais antigas, o modelo estreou basicamente como uma versão crescida do iPhone 14 tradicional, tendo tela e bateria similares às do iPhone 14 Pro Max.
O dispositivo entrega um pacote sólido e, considerando aspectos como a tela com taxa de atualização de apenas 60 Hz, chama atenção pela autonomia, contando ainda com pontos fortes conhecidos dos iPhones, incluindo a boa qualidade de gravação. Dito tudo isso, o iPhone 14 Plus chegou recheado de decisões duvidosas: o aparelho não apenas manteve o design do iPhone 13, mas com dimensões avantajadas, como ainda trouxe o mesmo chipset — o “antigo” A15 Bionic — e um preço bastante salgado para a proposta, de US$ 899 (R$ 8.599 no Brasil).
A solução foi duramente criticada pela mídia especializada, que destacou as fortes similaridades com o iPhone 13 e os valores de venda próximos aos do iPhone 13 Pro Max — modelo mais completo, que soma os pontos fortes do 14 Plus a características como a tela de 120 Hz —, e mal recebida pelo público, a ponto de forçar a Apple a paralizar a produção para reavaliar a demanda pelo dispositivo.
Motorola Razr 2022
A marca Razr é uma das tradições da Motorola: além do clássico V3, a linha marcou época com o Razr 4G e foi revivida por diversas vezes sempre que um dispositivo importante para a empresa era anunciado. Esse foi o caso do Razr 2019, o primeiro celular de tela dobrável da companhia. Com design inspirado no V3, o aparelho foi considerado um artigo essencial para o público mais nostálgico, mas apresentava falhas difíceis de ignorar, como a bateria pequena, a construção que não inspirava confiança e o processamento limitado.
Parte desses problemas foram resolvidos pelo Razr 5G, apresentado em 2020, mas o modelo revisado acabou ofuscado pela concorrência, em especial do Galaxy Z Flip da Samsung, que já entregava recursos mais avançados incluindo o chipset de topo de linha e câmeras que, ainda que simples, forneciam maior versatilidade e melhor qualidade de imagem. Em 2021, a Motorola decidiu se recolher por um ano e voltou à mesa de projetos para reavaliar sua iniciativa de smartphones dobráveis.
A estratégia teve sucesso e, neste ano, a empresa apresentou o Razr 2022, que buscou forte inspiração nos concorrentes para proporcionar um pacote muito mais atraente. Além do elogiado processador Snapdragon 8 Plus Gen 1, chip mais poderoso do mundo Android no período de estreia, a novidade contava com tela AMOLED de 144 Hz, bateria muito maior de 3.500 mAh e câmera dupla de 50 MP, ao mesmo tempo em que mantinha recursos bem recebidos dos antecessores, como a grande tela externa.
Diferente de outros produtos desta lista, o Razr não possui nenhuma falha grave ou mesmo decisão duvidosa por parte da fabricante. O que o colocou por aqui foi o seu alcance muito limitado: lançado inicialmente apenas na China, o dobrável estreou na Europa em outubro, mas não causou o mesmo barulho que a primeira geração. Mais do que isso, além de uma Samsung líder no segmento, o novo Razr passou a enfrentar forte competição de gigantes como OPPO e Huawei.
Outro ponto que faz o celular se destacar do restante dos dispositivos desta matéria é que ainda há chance de vermos a solução com melhor recepção em 2023, quando o aparelho será levado a mais mercados, inclusive à América Latina, segundo rumores. Resta saber qual será a estratégia da Motorola — em especial na questão de preço — para tentar abocanhar uma parcela do promissor segmento dos dobráveis.
AMD Radeon RX 6400
Baseada na microarquitetura RDNA 2, a família de placas de vídeo Radeon RX 6000 da AMD foi aclamada por colocar a empresa de volta à briga no segmento entusiasta após alguns anos limitada a GPUs com foco no custo-benefício. Apresentado preços competitivos e performance por vezes superior às soluções equivalentes da Nvidia, as RX 6000 conseguiram agitar a indústria, mesmo com performance em Ray Tracing significativamente mais limitada e, na época, a ausência de um recurso de upscaling poderoso como o DLSS.
No entanto, diante de uma combinação de fatores — a explosão da criptomineração, a crise de oferta dos semicondutores e os impactos da pandemia de covid-19 — as GPUs da AMD sofreram um aumento expressivo de preço, com forte escassez por todo o mundo. Com isso, o segmento de entrada foi duramente afetado, ficando praticamente sem placas de vídeo acessíveis para usuários que buscassem por uma opção mais simples e barata.
Em meio ao caos, a AMD tentou contornar essa limitação com o lançamento da Radeon RX 6400, GPU bastante básica em formato compacto que seria oferecida por preços mais baixos. Apesar da intenção positiva, os cortes implementados foram drásticos demais: além de uma interface de comunicação de apenas 4 pistas PCIe, que limitava demais as taxas de transferência em sistemas com versões mais antigas do barramento, a placa oferecia pouco ganho de desempenho perto de GPUs mais antigas e sofria com os 4 GB de memória.
Concluindo o lançamento polêmico, aceleradores dedicados para compressão de vídeo, importantes para streamers, foram retirados, e os preços não foram tão baixos quanto o esperado, partindo dos US$ 159 no exterior e beirando os R$ 2.000 no Brasil. A combinação foi muito mal recebida pelos usuários, e constantemente criticada pela mídia. Atualmente, a placa pode ser encontrada por preços mais razoáveis, na faixa dos R$ 1.000, mas sua imagem permanece manchada.
Nvidia GeForce GTX 1630
A GeForce GTX 1630 foi a resposta da Nvidia para a mesma crise para a qual a RX 6400 foi desenvolvida, mas apresentou um projeto ainda mais básico que a concorrente e, curiosamente, partindo de um preço mais alto, de US$ 169.99. Baseada na microarquitetura Turing, mesma das placas da família RTX 2000, porém sem acesso ao Ray Tracing e upscaling com DLSS, a solução trouxe apenas 512 núcleos CUDA, acompanhados de 4 GB de RAM em uma interface muito simplificada de 64-bit, com largura de banda de 96 GB/s.
Como a ficha técnica indica, o desempenho oferecido é decepcionante: mesmo conseguindo ser mais rápida que a GTX 1050, e mantendo uma parcela razoável de jogos rodando em 1080P a 30 FPS, a GTX 1630 é mais lenta do que qualquer outra placa que utiliza arquiteturas mais modernas — inclusive a própria RX 6400. Por incrível que pareça, ainda há algumas vantagens para a solução super básica da Nvidia frente à concorrente da AMD.
A GTX 1630 conta com 8 pistas PCIe 4.0 físicas para comunicação com a placa-mãe, reduzindo engasgos quando a capacidade de memória não é suficiente, e não sofrendo quedas drásticas de performance quando está instalada em sistemas que ainda utilizam PCIe 3.0, um dos pontos fracos da RX 6400. Outra vantagem é a presença de estruturas NVENC para compressão de vídeos, sendo útil para streamers ou mesmo criadores de conteúdo que planejem utilizar a placa como uma GPU secundária.
Se o modelo já não era tido como uma opção no lançamento, hoje a recomendação é evitá-la por completo, mesmo que seja possível encontrá-la mais barata que a concorrente, por volta dos R$ 900. O cenário dos preços de GPUs melhorou drasticamente, e estoque limitado não é mais um problema, sendo fácil encontrar soluções muito superiores por valores levemente mais caros, como a RTX 3050 ou mesmo a RX 6600.
Logitech G Cloud
Fechando a lista está o Logitech G Cloud, a primeira aposta mais ambiciosa da famosa marca de periféricos em um dispositivo gamer, desenvolvido em parceria com a chinesa Tencent, gigante na indústria dos games conhecida por trabalhar com estúdios como a Ubisoft. Conforme sugere o nome, o aparelho foi desenvolvido com o objetivo de ser um portátil focado no streaming de jogos da nuvem, especialmente no Xbox Cloud Streaming, Nvidia GeForce NOW e no (agora finado) Google Stadia.
Utilizando sua expertise em mouses, teclados e outros acessórios, a Logitech produziu um dispositivo com visual minimalista que, segundo a mídia que pôde experimentar o G Cloud, apresentava conforto e bons componentes. O G Cloud roda Android, tendo acesso à biblioteca completa da Play Store, e apresenta duas opções de interface ao usuário: a tradicional, do Android puro para tablets, e uma com menus otimizados para navegação com controle, similar ao Big Picture da Steam.
No entanto, as decisões duvidosas superaram os pontos positivos: em vez de atuar como um dispositivo híbrido, o console focou totalmente na nuvem, e utilizou especificações hoje ultrapassadas. Além de processador Snapdragon 720G, mesmo de celulares como o Galaxy A52 da Samsung, foram implementados apenas 4 GB de RAM e 64 GB de armazenamento, com espaço para cartões MicroSD.
A combinação não lida muito bem com jogos populares mais exigentes, e apresentava performance pouco satisfatória ao executar games nativamente. Seu máximo potencial era atingido apenas com o streaming, que por sua vez é extremamente dependente de uma boa conexão de internet. A “cereja do bolo” foi o preço: US$ 349.99 (~R$ 1.820), apenas 50 dólares a menos que o Steam Deck, mais poderoso, confortável, flexível e que também possui acesso a games na nuvem.
A situação do G Cloud ficou mais complicada com o anúncio do Razer Edge, portátil que possui a mesma proposta, mas é significativamente mais poderoso por utilizar o Snapdragon G3x Gen 1, dedicado para games, possui tela OLED superior com alta taxa de atualização e controle removível que pode ser utilizado em outros aparelhos, além de também contar com opção munida de redes móveis 5G.
Alguns entusiastas do segmento acreditam que, caso tivesse sido lançado por um preço mais baixo, o Logitech G Cloud poderia ter vingado como uma porta de entrada para o streaming, sendo mais acessível que os smartphones — também capazes de acessar jogos na nuvem — e permitindo jogar sem gastar recursos e bateria do celular. Resta aguardar para vermos se a empresa ouvirá as críticas e seguirá apostando na linha com uma versão aprimorada.
*Com informações de Canal Tech