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CONHEÇA O CASO DE AMOR DE UMA BRASILEIRA QUE LEVOU FAROFA AO JAPÃO

Nem É o Tchan promoveu uma mistura tão boa entre Brasil e Egito Japão: cultivar mandioca na terra do sol nascente para fazer uma legítima farofa, do outro lado do mundo. Mas além do fato ser curioso por si só, a história que motivou a farofa japonesa também é muito interessante — e envolve um romance. Dê o play em Ariga Tchan e vem conhecer esse causo:

Um ótimo assunto para os primeiros encontros

Tudo começou quando a física brasileira Gabriela Bailas — a Bibi — foi fazer um pós-doutorado no KEK, o maior laboratório de física de partículas do Japão. Ela é pesquisadora na área e atua no Japão há três anos, além de ter um canal sobre física com 220 mil inscritos no YouTube.

Por meio de um amigo em comum do laboratório, ela conheceu Hiro Takagi, um japonês de 27 anos que trabalha com consultoria científica para agricultores. O romance começou em janeiro de 2020 e, logo num dos primeiros encontros, ela resolveu fazer strogonoff para o amado — o prato que surgiu na aristocracia russa, mas se tornou brasileiríssimo.

A gente geralmente combina strogonoff com arroz e batata palha, né? Mas Bibi aproveitou o clima brasileiro do jantar e apresentou a farofa para Hiro. Farofa da Yoki — nome que até hoje é associado ao assassinato do então CEO, em 2012. A brasileira achou de bom tom contar os detalhes do crime pro namorado no segundo ou terceiro encontro. Parece algo que eu faria.

Mesmo assustado com o papo estranho, o que marcou esse jantar para o japonês foi mesmo o sabor da farofa. Hiro se apaixonou pelo alimento e começou a comê-lo com tudo. Chegou ao ponto dele levar seu potinho de farofa na mochila para colocar nos pratos dos restaurantes, já que no Japão isso não existe em lugar algum.

Do altar para a fazenda

O romance continuou e Bibi foi conhecer a família de Hiro, que vive em Omitama, uma cidade de 50 mil habitantes. Lá, os avós da família Takagi mantém uma fazenda orgânica há 60 anos, onde cultivam repolho, alface, batata, amendoim, tomates e outras plantas. 

Aí veio a ideia de plantar mandioca. 

Hiro descobriu que sua amada farofa vinha dessa planta. Também descobriu que é proibido importar mandioca fresca para o Japão, já que ela contém veneno. De vez em quando, eles encontravam alguma mandioca congelada em mercados de produtos brasileiros — mas que era produzida na Tailândia. Não era a mesma coisa, né.

Por mais que o coração estivesse satisfeito com o romance, o estômago de Hiro Takagi pedia por uma coisa: farofa de mandioca caseira. Então, o casal pesquisou, descobriu que existiam algumas poucas plantações em ilhas como Okinawa (bem no sul do Japão) e percebeu que era possível sim fazer farofa na terra do sol nascente. Ele conseguiu importar os talos que serviram como mudas e começou a plantação, na fazenda dos avós. 

Imagem: Projeto Omitama/Reprodução

O Projeto Farofa ganha o mundo

Como Bibi já tinha uma audiência grande na internet (e esperamos que ela republique nosso post) surgiu a ideia de documentar o processo nas redes sociais. 

Hiro é bem tímido e começou a aprender português por causa da esposa, mas atualiza sempre a página do Projeto Omitama no Instagram, com detalhes da produção. Além disso, ele divide suas experiências com outras coisas brasileiras, como açaí e a música Dig Dig Joy, de Sandy & Júnior, que ele ama. A malemolência do casal na coreografia impressiona:

Mas talvez você tenha chegado ao final deste texto só querendo saber se a farofa japonesa deu certo… E não é que deu? Os avós (incluindo uma senhorinha de 88 anos muito fofa) e o irmão de Hiro estão cuidando da plantação, que “pegou” bem no solo japonês. Há algumas semanas eles colheram as primeiras raízes e provaram petiscos como mandioca frita. Hmm…

A farinha de mandioca mesmo só saiu essa semana. Ainda aguardamos novidades sobre a farofa de verdade. Hiro está tentando algumas receitas com ingredientes japoneses, como wasabi, para criar sua farofa original.

Só tem uma coisa estranha nessa história: lembra que eu disse que o Hiro começou a levar um potinho de farofa na mochila para comer com tudo? Muito que bem: em uma das entrevistas do casal, ele disse que ama farofa com curry japonês, com nabemono (uma espécie de sopa com vegetais e carne), gyudon (uma tigela de arroz com carne) e oniguiri.

Algumas dessas misturas até devem ficar boas, mas parecem meio estranhas, né? Bom… Essa é a justa vingança dos japoneses pelos brasileiros colocarem cream cheese no sushi.

*Com informações do Mega Curioso

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