Cena com abelhas reais em filme de terror fez ator receber 5 mil reais de bônus por picada. Entenda
Clássico cult dos anos 1990 trouxe à tona temas como o racismo e desigualdade social, além de aterrorizar espectadores e atores com uso de insetos no set
Há quem diga que o começo da década de 1990 não conseguiu entregar muita coisa no terror. Seria difícil continuar dando vida para um gênero que espremeu o máximo que pôde dos slashers na década anterior. Entretanto, alguns poucos bons filmes conseguiram sair dessa época difícil e meio esquecida de um gênero tão amplo. Entre os bons títulos está ‘O Mistério de Candyman’, lançado em 1992, como mais uma adaptação das obras de Clive Barker, o criador do icônico e inesquecível ‘Hellraiser’.
Nesse cult amado, uma cética estudante e pesquisadora do folclore moderno acaba por acidente evocando o espírito vingativo do ‘Candyman’, um artista plástico e o filho de um escravizado, que fora assassinado durante o século 19 por ter tido um relacionamento com uma mulher branca. Morto por uma multidão revoltada, o homem teve uma mão cortada e o corpo recoberto por mel de abelha — o que atraiu os insetos para si, causando sua dolorosa morte.
‘O Mistério de Candyman’ surpreende por trazer à tona um assunto que poucos falavam durante aquela época no terror: o racismo e desigualdade social são, aqui, bases para o roteiro do filme. Muito antes do pseudogênero do ‘pós-terror’, o filme de Bernard Rose já trazia em seu cerne problemáticas sociais bastante contemporâneas.
Avançado para a sua época quando se trata de roteiro, o filme teve bastante limitações quando falamos de efeitos especiais. À época, computação gráfica não era uma realidade, e tudo era feito através dos bons e velhos efeitos práticos.
Foi assim que a infame cena que deu prejuízos para Tony Todd foi gravada — tudo 100% real. No trecho, a aparição do espírito de Candyman (que inclui um gancho sobre a mão decepada e um enxame de abelhas o acompanhando) vai perseguir Helen Lyle, a protagonista que o evocou. No aterrorizante momento, o vilão abre a boca para tentar beijar a moça assustada, e uma quantidade enorme dos tais insetos andam e caem de seu rosto. Para quem assiste, a agonia é garantida; para quem gravou a cena, então…
Em 2022, 30 anos após o lançamento do filme, Todd deu uma entrevista ao Entertainment Tonight contando sobre a experiência com 200 mil abelhas: “As abelhas foram a pior nêmesis. Eu tinha um ótimo advogado na época e fomos pagos”.
O ator possuía uma cláusula em seu contrato de trabalho que fazia o estúdio responsável ser obrigado a pagar-lhe mil dólares (cinco mil reais na cotação atual) por cada picada de abelha recebida. No total, foram 27 — resultando em partes do corpo inchadas e doloridas e uma quantia de mais de 130 mil reais nos bolsos do intérprete e de seu advogado.
“Eu não me importei, então. Só disse: ‘Pode vir!’. E foram 27 picadas no total”, continuou o assustador relato.
Poderia ser muito pior para Todd, que felizmente possuía uma prótese na boca para evitar que os insetos explorassem mais partes de seu corpo (gerando uma possível fatalidade).
Outra atriz que acabou pagando um alto preço por aceitar fazer parte da perigosa produção foi Virginia Madsen, a intérprete da protagonista Helen, que era alérgica à abelhas. Paramédicos foram colocados no set para o caso de um acidente, o que só aumentou a ansiedade da moça. “Pelo menos, as abelhas que estavam em mim eram bebês abelhas, então elas poderiam picar, mas provavelmente não iriam”.
Dentro do set e na tela do cinema, ‘O Mistério de Candyman’ causou terror por onde passou. Esse sim é um verdadeiro filme de terror!
Confira a infame cena das abelhas e relembre o trailer de ‘O Mistério de Candyman’, lançado em 1992, com Tony Todd e Virginia Madsen.
*Com informações de Revista Monet