CARNAVAL COM O TIO SAM


Morava em Nova Yorque quando soube que iriam promover um baile de Carnaval no Hotel Paramount. O recanto era conhecido por abrigar a maioria de visitantes brasileiros na cidade, inclusive alguns o haviam adotado como moradia fixa. O hotel era bem simples, talvez um três estrelas, não sei, mas uma referência para todos que por lá aportavam naquela época.
Na ocasião, eu dava aulas de violão a um pequeno grupo de alunos interessados nos ritmos brasileiros. E no Carnnegie Hall, teatro famoso da Big Apple, havia acontecido naquele tempo um show de músicos brasileiros e a nossa música era a bola da vez, estava na ponta da língua dos gringos.
Procurei, então, me informar nas redondezas do Paramount e soube que a festa seria abrilhantada pela cantora Eliana Pittman, filha do grande saxofonista Booker Pittman. Ela cantava canções românticas na noite novaiorquina e incluía em seu repertório muitas músicas brasileiras como sambas de lançamentos internacionais, além da recém-lançada bossa nova. Muito duro, consegui um ingresso depois de implorar aos promotores do evento, que haviam montado uma banca no hotel, para venda dos ingressos. Meus alunos, mais folgados, e por mim incentivados já haviam comprado os deles e me ajudaram a convencer os promotores para ceder o meu. Não podíamos perder!
A festa estava muito animada e quando foi chamada a cantora Eliana para o palco, meus diletos alunos, apontando para mim, berraram em uníssono: Aqui, brasileiro cantor! A convite dela fui ao palco e, interronpendo a folia momesca, fizemos belos duetos na bossa nova, assim dividindo com a famosa cantora os calorosos aplausos da galera presente.

Roberto Hermeto Brandão – advogado e professor aposentado
Email: robertohbrandao@gmail.com

Related post

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *