Brasil vence a Espanha e conquista o segundo ouro seguido no futebol das Olimpíadas

Se conquistar o ouro olímpico era um tabu para o futebol brasileiro até 2016, agora já virou rotina. Na manhã deste sábado (7), no mesmo Estádio de Yokohama que testemunhou o pentacampeonato em 2002, a seleção olímpica venceu a Espanha por 2 a 1, na prorrogação, e conquistou o título do futebol nas Olimpíadas pela segunda vez consecutiva. Matheus Cunha abriu o placar, Oyarzabal empatou, e Malcom definiu a vitória brasileira na prorrogação na mesma goleira em que Ronaldo marcou duas vezes há quase duas décadas. A Espanha, campeã em 1992, ficou com a terceira prata de sua história.

Brasil e Espanha tiveram campanhas contestáveis no caminho até a decisão, ainda que fossem desde o início os grandes favoritos ao ouro. A seleção brasileira, por exemplo, empatou com a Costa do Marfim na fase de grupos e precisou dos pênaltis para passar pelo México nas semifinais. Os espanhóis só venceram um jogo no tempo regulamentar em toda a campanha — contra a Austrália, na primeira fase. No mata-mata, precisou da prorrogação para derrotar os marfinenses e o Japão.

A final começou no padrão do famoso jogo de posição espanhol, que jogava 4-3-3. Uma esticada a partir do campo de defesa espanhol exigiu que Santos saísse da área para afastar com o pé aos dois minutos. Ainda que o domínio de posse fosse dos europeus, o Brasil esboçou o seu primeiro ataque aos sete, em uma roubada de bola. Mas Matheus Cunha conduziu até perder a bola perto da área. Aos 11, o goleiro Santos deu um chutão que se transformou em lançamento para Antony, mas o goleiro Simon saiu da área e impediu qualquer risco.

As trocas de passes da Espanha geraram um lance de alto perigo para o Brasil aos 15. Depois de uma bola cruzada, Diego Carlos desviou de cabeça contra o próprio gol, mas ele próprio conseguiu afastar em cima da linha. No minuto seguinte, Asensio cobrou falta por cima do gol. Aos 18, um erro na saída de bola da Espanha gerou oportunidade para os brasileiros. Richarlison rolou para Douglas Luiz, que chutou travado.

A seleção, que passou a ter mais controle sobre o volume de jogo, voltou a atacar bem aos 24. Arana trabalhou a bola pela esquerda e cruzou rasteiro para Richarlison, que bateu de virada. A bola foi na rede, mas pelo lado de fora. Antony fez, aos 29, uma bonita jogada pela esquerda e cruzou, mas Richarlison cometeu falta no meio da área.

O Brasil se defendia com uma linha de cinco quando não estava com a bola. Aos 31, a Espanha tentou furar o bloqueio jogando pelos lados. Asensio, na direita, chutou cruzado com o pé esquerdo, mas Santos pegou com facilidade. No meio do primeiro tempo, o árbitro australiano Chris Beath começou a perder o controle da partida. As entradas duras eram recorrentes, com cartões amarelos para Garcia, da Espanha, e Richarlison.

Aos 33, uma dessas faltas gerou uma boa chance para o Brasil. O goleiro espanhol saiu muito mal do gol e atropelou Matheus Cunha — a bola passou ao lado da trave. O choque gerou a revisão do árbitro de vídeo, e Beath confirmou o pênalti cometido por Simon. Richarlison, no entanto, pegou embaixo na bola depois de dar passos lentos a caminho da bola e mandou para fora.

Depois do pênalti desperdiçado pelo Brasil, os dois times ficaram mais cautelosos. Mas isso não impediu que a seleção atacasse. Aos 44, Richarlison recebeu na área e bateu em cima da zaga. Aos 46, o gol finalmente saiu. Daniel Alves aparou cruzamento alto e mandou de volta para o meio. Matheus Cunha, finalmente recuperado de lesão muscular, dominou com classe no meio de três zagueiros espanhóis e chutou no canto para abrir o placar. 1 a 0.

Na volta do intervalo, o técnico Luis de la Fuente Castillo surpreendeu ao tirar Asensio — também saiu Merino, e foram a campo Bryan Gil e Soler. O Brasil voltou com a mesma formação. O próprio Soler foi responsável por impedir uma boa chance espanhola aos dois minutos, ficando no meio do caminho na finalização de Oyarzabal — além de ter interceptado o chute, estava em posição de impedimento.

Aos quatro, Antony recebeu uma bola em profundidade e entrou de cara para o goleiro. Mas Simon defendeu, e a arbitragem deu posição irregular. O Brasil assustou novamente aos seis em um contra-ataque veloz. Daniel Alves cruzou de carrinho, e Richarlison chutou por baixo. Só que a bola desviou no goleiro espanhol, subiu e bateu no travessão.

Aos 13, os espanhóis levaram certo perigo em cruzamento para a área. Pau Torres tentou escorar para o meio, mas a bola bateu em Matheus Cunha — os europeus até pediram pênalti por toque, mas foi apenas escanteio. Dois minutos mais tarde, a Espanha aproveitou o momento e empatou. Olmo cruzou da direita e encontrou Oyarzabal às costas de Daniel Alves. O camisa 11 se jogou e bateu com força, de perna esquerda, para igualar.

A final passou a ser como os espanhóis gostam, com posse, controle e volume. Aos 21, eles levaram perigo com um chute de fora da área de Soler. Santos bateu roupa, mas conseguiu se recuperar a tempo e segurar firme. A partir dos 30, o Brasil voltou a tentar mais ações ofensivas, especialmente com Guilherme Arana e Richarlison em combinações da esquerda para o meio.

Contudo, foi a Espanha que levou perigo aos 34. Soler cruzou da direita em elevação, e a bola desviou, pegou um efeito estranho e explodiu no travessão. E o mesmo travessão salvou o Brasil aos 42, quando Bryan conduziu na frente da área, pela direita, e bateu com força de canhota.

Sem um gol no fim, o jogo correu para a prorrogação e, assim como nas semifinais diante do México e Japão, Brasil e Espanha precisariam encarar o tempo extra. André Jardine, então, finalmente mexeu no time. Malcom entrou no lugar de Matheus Cunha, deixando Richarlison como o único homem de ataque.

Se a Espanha tinha mais posse e chegava sem perigo, o Brasil conseguiu um bom ataque aos cinco minutos. Descansado, Malcom recebeu após trama pela esquerda e bateu no lado de fora da rede, após desvio — depois, foi uma sequência de três escanteios para os brasileiros. Quando parecia que a Espanha havia se livrado da pressão, cometeu um erro na saída de bola, mas Claudinho se precipitou e chutou por cima. Aos 10, Malcom lançou Arana na esquerda. O lateral cruzou à meia altura, mas Simon se antecipou para impedir a finalização.

Para o segundo tempo da prorrogação, a novidade no time foi Reinier, que substituiu o estafado Claudinho. E o pulmão de Malcom fez a diferença. Aos dois, ele voou pelo lado esquerdo e bateu na saída do goleiro para fazer 2 a 1.

Depois do gol, Jardine passou a usar as mexidas a que ainda tinha direito para travar o jogo. Assim, a seleção controlou as ações até o apito final para celebrar o ouro em Tóquio.

Agora, a seleção brasileira tem sete medalhas olímpicas no futebol masculino — ouro em 2016 e 2020, prata em 1984, 1988 e 2012, bronze em 1996 e 2008.

Jogos Olímpicos — Final — 7/8/2021

ESPANHA (1)
Simon; Gil (Vallejo, int. P), Garcia, Torres e Cucurella (Miranda, int. P); Zubimendi (Moncayola, 6’/2°P), Merino (Soler, int.) e Pedri; Asensio (Bryan Gil, int.), Olmo e Oyarzabal (Rafa Mir, 13’/1°P).
Técnico: Luis de la Fuente Castillo.

BRASIL (2)
Santos; Daniel Alves, Nino, Diego Carlos e Arana; Bruno Guimarães, Douglas Luiz, Antony (Gabriel Menino, 6’/2°P) e Claudinho (Reinier, int. 2P); Richarlison (Paulinho, 8’/2°P) e Matheus Cunha (Malcom, int. P).
Técnico: André Jardine.

Gols: Matheus Cunha (B), aos 46 minutos do primeiro tempo; Oyarzabal (E), aos 15 minutos do segundo tempo; Malcom (B), aos dois minutos do segundo tempo da prorrogação.
Cartões amarelos: Richarlison, Matheus Cunha, Arana, Douglas Luiz (B); Garcia, Bryan Gil (E)

Arbitragem: Chris Beath, auxiliado por Anton Shchetinn e George Lakrindis (trio australiano). VAR: Abdulla Al Marri (Catar)
Local: Estádio Internacional de Yokohama, no Japão

*Com informações do GZH.

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