Bastidores de uma enfermaria
Pepperina tem um grande amigo que tempos atrás necessitou fazer uma cirurgia de prótese e, com muita perseverança, conseguiu uma vaga no Hospital Sarah em Brasília — conhecido pela sua excelência em recuperação ortopédica.
Esse amigo, o Pedro, apesar de ser gente muito boa, dono de um bom humor refinado, é meio que um pouco orgulhoso, nariz empinado. Logo que se interna, já leva um susto ao ser levado para uma ampla enfermaria com vários leitos colocados um ao lado do outro em uma distância de 1 metro entre cada um deles.
No Sarah é assim, quartos ou apartamentos são poucos, apenas em casos gravíssimos. Então, de volta ao nosso caso na enfermaria, Pedro observou ser um tanto democrática, atendimento pela equipe de enfermagem perfeito, tratando a todos de forma igual, sem distinção de credo, raça, preferência política ou desportiva.
Felizmente para ele, Pedro, seu vizinho do leito à esquerda era um cidadão também muito engraçado, chamado WLISSES, bastante conversador, contador de causos. Travaram logo uma boa amizade. Infelizmente, o leito da direita era ocupado por um senhor ranzinza e que teimava em escutar música sertaneja em seu celular sem fones de ouvidos, um “pé no saco”, como contou o Pedro.
Naquele ambiente bem democrático da enfermaria, você tem a liberdade de circular, pegar sol na varanda ou mesmo almoçar ou lanchar por lá. Conhece novas pessoas (tem gente de todo o Brasil), aprende um pouco sobre cada um ou lugar onde mora. Aos poucos, Pedro foi se sentindo em casa, relaxado, o que colabora em muito para a recuperação cirúrgica.
Mas, na realidade, eu quero contar a história do WLISSES: apelidado de Grilo, chefe de uma família numerosa, morador de Luziânia, estava no primeiro momento em companhia de uma de suas filhas, e seu lugar depois foi revezado por uma outra filha e um sobrinho.
Esqueci de acrescentar que todos os pacientes têm que levar um acompanhante, que pode ser parente ou contratado. No caso do Grilo, ele optou pela família.
Tanto a acompanhante do Pedro quanto as acompanhantes do Grilo se deram muito bem e passavam horas na varanda fofocando, faziam juntas suas refeições e ao mesmo tempo cuidavam dos seus pacientes.
Nesta internação do Sarah, todo o paciente é tratado por uma equipe de médicos, enfermeiras, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas etc. E sempre tem uma atividade em grupo, o que permite uma interação e uma recuperação mais rápida e melhor.
Agora voltemos ao Grilo, motivo da nossa história, que é empresário do ramo de colchões magnéticos e inteligentes, com despertador, massagens várias e outras qualidades. O nosso Grilo começou a vender seus colchões para os pacientes e quem mais viesse pela frente. Nas reuniões de grupo, ele sempre achava uma maneira de atestar as qualidades do colchão como grande ajuda na reabilitação, seja ela qual for. Virou um folclore na enfermaria.
Mas o melhor estava por vir! Ao fim do período de internação, Pedro disse ao seu novo amigo: Grilo, foi um prazer te conhecer e espero manter essa amizade, vamos receber alta em poucas horas e nada como estar de volta a nossa casa.
O Grilo então respondeu: meu amigo, não quero ir embora, me sinto muito feliz aqui. Faço 5 boas refeições diárias, já alimentei 4 membros da minha família, nesta semana que estou aqui não gastei um centavo de combustível, nem de pão ou o que quer que seja, vou embora não!!!! E soltou uma enorme gargalhada juntamente com todos que o ouviam naquela hora.
E o Pedro encerrou a historia dizendo: Pepperina, a vida é boa apesar de tudo , no final o que vale mesmo é uma boa gargalhada!