Au Revoir, Lyon: Brasil conquista oito medalhas na WorldSkills 2024
Mundial da educação profissional, com 1.400 competidores de 69 países, terminou neste domingo (15). Delegação brasileira encerra competição com 2º lugar no ranking geral de pontos
O Brasil encerrou sua participação na 47ª WorldSkills, o mundial de educação profissional, com oito medalhas, sendo uma de ouro, quatro de prata e três de bronze, além de 27 medalhas de excelência, que reconhecem o desempenho acima da média. O país terminou na segunda colocação no ranking de soma de pontos, atrás da China. A competição, realizada a cada dois anos em uma cidade sede diferente, aconteceu em Lyon entre os dias 10 e 15 de setembro, com 1.400 competidores de 69 países.
A delegação brasileira, formada por 64 alunos e ex-alunos do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), disputou 56 das 59 modalidades do torneio – algumas são em dupla ou trio. Depois de quatro dias de provas, os vencedores subiram no pódio em cerimônia de encerramento, neste domingo (15) no estádio de Lyon.
Conheça os vencedores da WorldSkills Lyon 2024
🥇 OURO
#29 Cabeleireiro – Bruna Pimentel Martins (RJ)
🥈 PRATA
#07 Fresagem a CNC – André Luis Dono (SP)
#06 Tornearia a CNC – João Lucas Gomes Guimarães (SP)
#59 Tecnologia em Design Industrial – Victor Rodrigo de Freitas Ferreira (MG)
#41 Cuidados de Saúde – Estéfany Mariana dos Santos Marengoni (PR)
🥉 BRONZE
#01 Mecânica Industrial – João Luiz Diniz Carvalho (MG)
#60 Optoeletrônica – Nathan Crepaldi Rodrigues (SP)
#51 Logística e Envios Internacionais – Samuel França dos Santos (SP)
A delegação brasileira na WorldSkills Lyon teve cerca de 170 pessoas, entre os 64 competidores, 57 experts (que são os técnicos e avaliadores das ocupações), 36 intérpretes mais delegados técnicos e equipe de apoio.
Para representar o país no mundial, os estudantes passam por uma rotina de treinamentos intensa e seletivas regionais e nacional nos moldes da prova internacional. Para a maioria, estar entre os melhores do mundo é a consagração de um sonho de muitos anos.
Bruna Pimentel Martins: “Eu sonhei muito com isso aqui. Quando eu vi o resultado eu fiquei, ‘eu não acredito’! Eu lembrei de toda a minha trajetória, a menina que eu era, a mulher que eu me tornei hoje. A sensação é de uma gratidão muito grande. Na competição, você tem que lidar com a crítica, mas isso foi tudo fundamental para esse resultado.”
André Luis Dono: “É indescritível. Você abre mão de bastante coisa. É difícil às vezes acreditar que a gente é capaz, mas fomos atrás, fizemos o trabalho que era necessário e estamos aqui, depois de três anos e dez meses de treinamento, de sacrifício e total dedicação para isso”.
João Lucas Gomes Guimarães: “Todo o sofrimento valeu a pena, com certeza. Ultimamente a gente estava vivendo para o SENAI, para a Olimpíada, deixando tudo de lado, namoro, amizade, sair do final de semana… Sempre foi um sonho subir num pódio. Eu queria deixar uma frase que me marcou muito, que eu queria falar a hora que eu pegasse a medalha: ‘Só vive o propósito quem suporta o processo’”.
Victor Rodrigo de Freitas Ferreira: “Foi difícil demais, nunca pensei que pudesse vencer os asiáticos. Tem oito anos que comecei na Olimpíada, passei por várias áreas diferentes e, para mim, era um sonho estar aqui. E hoje poder estar pegando a medalha de prata aqui na WorldSkills é gratificante demais”.
Estéfany Mariana dos Santos Marengoni: “É muito emocionante passar todo esse tempo treinando, uma semana em competição e agora ter algo de concreto para demonstrar tudo isso. Só de sair de uma cidade pequena, de mil habitantes, ir para uma capital, conhecer o mundo praticamente. Vai contribuir, tanto na minha carreira profissional quanto pessoal, e já contribuiu”.
João Luiz Diniz Carvalho: “Estar aqui depois de longos seis anos e de uma jornada que a gente sempre sonhou, sempre acreditou, ter participado de três nacionais e ter tido a oportunidade de estar aqui é sem palavras, sem explicação. Eu era moleque lá na escola, tinha acabado de chegar e não sabia o que era mexer numa máquina, e hoje estou aqui, medalha no peito”.
Nathan Crepaldi Rodrigues: “Foram quatro anos de treinamento, tem dias que você está lá na escola sozinho à noite, você lembra onde quer chegar, que é aqui, poder segurar a bandeira lá em cima e pendurar a medalha pesada no pescoço. Então você chega mais cedo, acorda mais cedo, mesmo cansado, fica até tarde com dor muscular, cansaço mental. E esse último mês foi difícil porque eu nem via meus pais, acordava muito cedo e chegava muito tarde, então eu queria falar pra eles “seu filho conseguiu, está aqui, brigou com a China, com a Coreia”.
Samuel França dos Santos: “Eu estou vivendo um sonho, quando chamaram meu nome é como se todo o trabalho, o tempo que eu fiquei treinando e acredito que todas as expectativas dos treinadores… é como se tudo tivesse sido concluído com sucesso, sabe? Foi uma sensação assim maravilhosa, de alívio, de felicidade.”
Medalhas de excelência
#57 Manufatura Aditiva – Matheus Palha De Barros (MG)
#23 Robótica Móvel Autônoma – Matheus Kern Eichherr e Matheus Maus Gassen (RS)
#42 Construção de Estruturas Metálicas – Alessandro Prado Pires de Camargo (SP)
#16 Eletrônica – Vinícius Person de Oliveira (SP)
#19 Controle Industrial – Gilberto Ocean Furlani (SP)
#05 Desenho Mecânico em CAD – Rafael Paulino Fenolio (SP)
#04 Mecatrônica – Eduarda Gabriela Menegotto e Mateus Gabriel Hillebrand (RS)
#63 Integração de Sistemas Robóticos – Vitória Fernanda de Jesus Nesio e Walace Felipe de Almeida Oliveira (MG)
#10 Soldagem – João Zedan (SP)
#31 Tecnologia da Moda – Letícia Possidônea Eliezer (MG)
#28 Florista – Maria Olivia Fronza Blok (SC)
#40 Design Gráfico – Isabella Rodrigues Souza (GO)
#33 Tecnologia Automotiva – Rodrigo Farias Andrade dos Santos (SP)
#58 Construção Digital BIM – Esther Toledo da Silva (SP)
#18 Instalações Elétricas Prediais – Matheus Dalaqua Ribeiro (SP)
#25 Marcenaria de Estruturas – Bruno Ferreira de Almeida (MG)
#21 Sistemas Drywall- Enrique da Silva Silveira (RS)
#38 Refrigeração e Ar-condicionado – Kennedi Alves dos Santos (SP)
#12 Aplicação de Revestimentos Cerâmicos – Darli Felipe Alves Amaral (MG)
#34 Cozinheiro – Paulo Colauto Bedin (PR)
#54 Segurança Cibernética – Samuel Augusto Marins Bastos e Thaylon Roberto Muniz da Silva (DF)
#09 Soluções em Software para Negócios – Gustavo Lima de Souza (SP)
#17 Tecnologias Web – Pedro Lucas Câmara Rodrigues Lopes (SP)
O que é a WorldSkills
A WorldSkills, maior competição mundial de profissões técnicas, testa habilidades individuais e coletivas de jovens de até 25 anos recém-formados ou que estão cursando a educação profissional. Durante as provas, eles realizam uma série de tarefas de alto nível técnico e dentro de padrões internacionais de qualidade.
“Os maiores méritos da competição são mostrar o caminho da educação profissional para os jovens e o quanto um ensino próximo da empresa e do mercado de trabalho tem condição efetiva de transformar vidas. Além disso, com educação de qualidade, temos uma indústria mais produtiva e competitiva”, afirma o diretor geral do SENAI e Delegado Oficial do Brasil na WorldSkills, Gustavo Leal.
O torneio, criado em 1950, é uma oportunidade de os países prepararem as instituições de ensino e a força de trabalho para as novas tecnologias do mundo do trabalho, já que as ocupações e as provas da competição são regularmente atualizadas.
O Brasil teve sua primeira participação em 1983 e é uma das referências no torneio. Em Kazan em 2019, a delegação, formada por 63 competidores, conquistou o 3º lugar no ranking geral de soma de pontos e 13 medalhas: duas medalhas de ouro, cinco de prata, seis de bronze e 28 certificados de excelência. Neste ano, além dos oito pódios e das 27 medalhas de excelência, o país ficou na 2ª colocação da soma de pontos, atrás da China e seguido por França, Taiwan e Índia.
*Com informações de Portal da Industria