Apps de relacionamento vivem boom de assédio contra mulheres na pandemia
Antes da pandemia, os aplicativos de namoro online já estavam em uma crescente. Mas bastou a pandemia começar – e com ela a “carentena” – para essa popularidade aumentar. A má notícia é que muitas mulheres jovens relatam ter sofrido alguma forma de assédio nesses mesmos apps.
De acordo com uma pesquisa recente do Pew Research Center, de 2020, seis em cada dez mulheres com menos de 35 anos que usaram sites ou aplicativos de relacionamento disseram que homens continuaram a contatá-las, mesmo depois que eles disseram que não estavam interessadas, em comparação com 27% dos homens nessa faixa etária.
As usuárias mais jovens também têm duas vezes mais probabilidade de serem chamadas de algum nome ofensivo do que os homens (44% contra 23%) ou de sofrerem ameaça sobre agressão física (19% contra 9%).
Em outra questão, 57% das usuárias dos apps, com idades entre 18 e 34 anos, dizem ter recebido mensagem ou imagem sexualmente explícita que elas não pediram. Isso se compara a 28% entre os usuários do sexo masculino na mesma faixa etária.
Essas descobertas chegam em um momento em que as empresas de namoro online estão implantando novas ferramentas para ajudar a combater o assédio em suas plataformas – desde o uso de inteligência artificial até o fornecimento de recursos no aplicativo para relatar comportamentos abusivos. Ainda assim, alguns críticos dizem que essas medidas não vão longe o suficiente.
Um problema mais amplo
Estudos anteriores do Pew Research Center mostraram que esses padrões não se limitam a sites ou aplicativos de namoro: as mulheres jovens costumam ser o alvo desse tipo de abuso digital de forma mais ampla.
Em 2017, 20% das mulheres jovens relataram ter sido assediadas sexualmente online contra 9% no caso dos homens. A mesma pesquisa descobriu que 52% das mulheres com idades entre 18 e 34 relataram ter recebido uma imagem explícita que não pediram, em comparação com 36% dos homens.
Além disso, as mulheres que foram assediadas online eram mais propensas do que os homens a dizer que eram alvo devido ao seu gênero (29% contra 11%). Essa diferença foi mais pronunciada entre as pessoas de 35 a 49 anos, com as mulheres cerca de cinco vezes mais prováveis que os homens de dizer que esse tratamento era devido ao seu gênero (29% vs. 6%).
Para mulheres de todas as idades, as consequências do assédio online também são sentidas de forma mais aguda do que pelos homens. Na pesquisa de 2017, 36% das mulheres que sofreram algum tipo de assédio online descreveram o incidente mais recente como extremamente ou muito perturbador. Entre os homens, 16% descreveram seu incidente mais recente dessa forma.
Esses problemas não afetam apenas adultas. As adolescentes também relatam receber mensagens indesejadas online, de acordo com uma pesquisa separada do Center conduzida em 2018.
Nessa pesquisa, cerca de um terço das meninas adolescentes com idades entre 15 e 17 disse ter recebido imagens sexualmente explícitas que não pediram, mais uma vez do que a proporção entre os meninos nessa faixa etária (bem como entre os adolescentes mais jovens).
Diferenças de gênero
Homens e mulheres que usaram sites e aplicativos de namoro online têm opiniões um tanto diferentes sobre o quão difundido é o assédio online nessas plataformas, de acordo com a pesquisa mais recente. Por exemplo, enquanto 32% das usuárias dizem que o assédio ou bullying é uma ocorrência muito comum em plataformas de namoro online, essa proporção cai para 19% entre os usuários masculinos. Essas diferenças de gênero persistem em todas as faixas etárias.
Entre os namorados online, as mulheres têm mais probabilidade do que os homens de considerar o namoro online inseguro. Da mesma forma, as mulheres que usaram plataformas de namoro online têm mais probabilidade do que os homens de dizer que é muito comum as pessoas receberem mensagens sexualmente explícitas ou imagens que não pediram (55% vs. 42%). Essa diferença de gênero é mais pronunciada entre pessoas com menos de 50 anos.
Entre aqueles que usaram uma plataforma de namoro online – assim como entre os americanos em geral – as mulheres têm menos probabilidade do que os homens de considerar seguro encontrar alguém por meio de um site ou aplicativo de namoro.
Cerca de um terço das mulheres que namoraram online (36%) acreditam que essas plataformas não são muito ou nada seguras para conhecer pessoas, em comparação com 22% dos homens. Ainda assim, a maioria dos encontros online vê essas plataformas como uma forma segura de conhecer outras pessoas.
*Com informações do Hypeness.