‘Após separação, transei com 4 caras e engravidei sem saber quem era o pai’
“Tentei engravidar enquanto estava casada por sete anos. Meu marido queria muito ser pai. Ele não tinha nenhum problema de fertilidade, mas eu tinha uma endometriose, que pode dificultar a gravidez. Depois de anos de tentativa e 14 de relacionamento, ele quis terminar. Fiquei arrasada, mas quando me recuperei, comecei a me relacionar com algumas pessoas. Nunca tinha feito isso antes de casar por receio de receber o estigma de “vagabunda”. Em um mês, transei com quatro caras e engravidei. Quando descobri a gestação, não sabia quem era o pai.
Eu e meu marido nos separamos no começo da pandemia, seis meses depois de eu fazer a minha cirurgia para a retirada da endometriose. Passei um período na casa da minha mãe e depois voltei a viver minha vida. Conheci pessoas, sem me relacionar.
Na minha cabeça, eu não podia engravidar. O médico mesmo disse que, se eu não tinha engravidado até os 35 anos, não era depois disso que conseguiria. E tenho 38. Então achava que era infértil. Minha família e meu ex-marido também.
Em junho do ano passado, eu e meu ex-marido ficamos juntos novamente. Bateu uma saudade e tivemos uma recaída. Ele estava indo embora de Florianópolis para São Paulo e transamos sem camisinha mesmo. Afinal, eu não engravidaria. Ele até brincou dizendo: ‘Já pensou se você engravidar agora?’ . No mesmo mês, eu tinha saído com mais três caras. Com dois, o sexo foi coito interrompido, quando o homem goza fora, e com outro a camisinha estourou e eu tomei pílula do dia seguinte.
Passado um tempo, descobri que estava grávida. E surgiu a dúvida: quem era o pai? Quando fiz a primeira ultrassonografia, me disseram que, pelo tempo da concepção, era pouco provável que seria do homem com o qual a camisinha estourou. O sexo com ele tinha sido muito recente. E aí comecei a lembrar das outras pessoas.
Quando contei para os caras, cada um reagiu de um jeito. Meu ex-marido ficou meio bravo quando soube que eu estava em dúvida sobre quatro pessoas. Ficamos sem nos falar por um tempo. Outros dois ficaram meio apavorados porque já têm filhos e sabem a dedicação necessária para ser pai. Um deles agiu bem naturalmente.
Eu até quis fazer o exame de DNA enquanto ainda estava grávida, mas custava cerca de R$ 5 mil para cada pessoa, um total de R$ 20 mil, e ninguém tinha esse dinheiro.
“Nas redes, mulheres se identificaram comigo”
Resolvi falar da minha jornada no TikTok desde o começo, e uma coisa me chamou bastante a atenção: mulheres me achando corajosa por ter contado para todos os envolvidos que eles poderiam ser os pais. Para mim, foi fácil. Eu não tinha nada sério com ninguém e nem nada a esconder. Tem mulheres que até hoje falam que o pai não quis, mas na verdade tinha dúvidas sobre a paternidade, e não teve coragem de contar para a família, com medo do julgamento. Muitas se viram na minha história.
Minha família reagiu bem à notícia. Eu não sou uma adolescente. Tenho 38 anos, vivo minha vida e eles sabiam que eu queria ser mãe. Não era algo ruim. Mas minha mãe ficou apreensiva por eu não ser casada, morar sozinha e em outro estado: eu em Florianópolis e ela no Rio Grande do Sul. E meu pai foi muito presente na minha criação e cuidados, e eu não teria isso com meu filho. Dos parentes, aconteceram alguns julgamentos pelo fato de eu ter feito sexo com quatro homens. Mas não me importo.
Mesmo com tudo às claras, não tive apoio de ninguém durante a gestação. Como não sabiam quem era o pai, eles não deram muita bola. No final da gravidez, um deles com o qual eu continuei ficando me ajudava a levantar da cama e pegava copos d’água, porque meus movimentos já estavam restritos. Mas minha gravidez foi bem tranquila, apesar da ansiedade por não saber quem era o pai. Fiz terapia e a médica me receitou um antidepressivo leve, pois era melhor eu me medicar do que continuar do jeito que estava. Já tinha tido um quadro de depressão anteriormente, então tinha medo da depressão pós-parto.
Pai não reagiu bem
O DNA foi feito uma semana após o nascimento do Rudá. Como para um dos homens a possibilidade era menor, só três fizeram o exame. Peguei o resultado com meu pai e minha irmã. Estava torcendo para que fosse do meu ex-marido, porque sei que ele queria muito, e é um homem responsável. Seria uma preocupação a menos. Mas todos foram bem solícitos comigo, menos o pai.
Quando soube quem era o pai, liguei para ele, que ficou bem nervoso. Ele não queria, e eu entendo, pois já tem duas filhas e ficamos apenas duas vezes.
Mas registramos meu filho no dia seguinte. E escolhi o nome sozinha, em homenagem a minha família, que é de origem indígena. Todos os possíveis pais gostaram. No fim, o pai biológico pediu para que eu acrescentasse Cacau como segundo nome, porque ele tinha o sonho de ter um filho que chamasse assim. Então ficou Rudá Cacau.
Pai e filho não têm nenhuma relação. Em dois meses de vida, eles só se viram três vezes. Eu fico um pouco chocada em pensar que a pessoa sabe que é pai de um bebê tão lindo e não valorizar o contato, não querer por perto. Mas não me machuca porque ainda não vejo a reação do meu filho sobre isso. Mas se perceber que Rudá ficará triste com isso, sei que vai doer”. Viviane Araújo, 38 anos, contadora e influenciadora digital, de Florianópolis (SC)
*Com informações de UOL