Após K-pop e K-drama, nova onda de literatura sul-coreana chega ao Brasil
Listamos alguns livros para conhecer a literatura do país – inclusive aqueles que foram recomendados pelo BTS
A cultura sul-coreana tem ganhado cada vez mais espaço no mundo. O fenômeno do K-pop na música logo foi seguido da popularização de K-dramas — produções audiovisuais sul-coreanas que se assemelham muito às nossas novelas — e de vários outros produtos do país, inclusive livros.
Nos últimos anos, a literatura sul-coreana emplacou alguns sucessos de venda no Brasil. E boa parte dessa popularização pode ter começado por conta do grupo de K-pop mais famoso do mundo: o BTS.
Em um reality show que acompanhou os cinco integrantes do grupo durante uma viagem, RM e Suga apareceram lendo o livro “Amêndoas”, de Won-pyung Sohn. Depois disso, o livro se tornou best-seller na Coreia do Sul e passou a ser comercializado com sucesso em diversos outros países como “recomendação dos membros do BTS”.
A edição brasileira de “Queria Morrer, Mas no Céu Não Tem Tteokbokki”, de Baek Sehee, traz imprensa na capa a frase “livro indicado pelo Namjoon do BTS”. O livro também viu o número de vendas crescer depois que RM — cujo nome real é Kim Namjoon — apareceu lendo em um dos reality shows que acompanhou o grupo.
Existem, inclusive, clubes do livro dedicados a ler as recomendações de RM e dos outros membros do grupo.
Essa nova onda de literatura coreana que tem chegado ao Brasil é quase inteiramente composta por autoras mulheres, que narram histórias sensíveis sobre como nos relacionamos com o outro e com o mundo.
Listamos abaixo alguns livros sul-coreanos para quem quer conhecer ou mergulhar mais fundo na literatura do país:
“Amêndoas”, de Won-pyung Sohn (Rocco)
“Amêndoas” foi um fenômeno da literatura coreana no Brasil em 2023, e parte de seu sucesso provavelmente está ligado à fama de “livro recomendado pelo BTS”.
Nele, acompanhamos Yunjae, que nasceu com uma condição neurológica chamada alexitimia, que o torna incapaz de identificar e expressar seus sentimentos, como medo, tristeza, desejo ou raiva. As duas estruturas em forma de amêndoas no seu cérebro que causam essa condição fizeram com que o menino crescesse sem amigos, mas protegido pela mãe e avó.
No seu aniversário de 16 anos, no entanto, uma tragédia deixa Yunjae sozinho. Além de lidar com a perda, ele precisa se abrir para novas pessoas e sair de sua zona de conforto para conseguir fazer amigos.
“A Vegetariana”, de Han Kang (Todavia)
O livro de Han Kang lançado em 2018 foi, para muitos brasileiros, o primeiro contato com a literatura coreana.
Yeonghye decide parar de comer, preparar e servir carne. A decisão foi motivada pelos frequentes pesadelos que atormentam a mulher, que quase sempre envolvem sangue e carne crua.
A escolha de excluir a carne de sua vida pode ser fruto de uma perturbação causada pelos sonhos, mas ganha ares de rebelião, já que Yeonghye foi ensinada desde cedo que é sua responsabilidade cozinhar e alimentar o marido e a família.
“Bem-vindos À Livraria Hyunam-dong”, de Hwang Bo-Reum (Intrínseca)
Desmotivada e cansada de sua vida, Yeongju decide transformar em realidade o antigo sonho de abrir uma livraria. No entanto, não basta amar livros para garantir o sucesso de um novo negócio, e ela terá que aprender como administrar o lugar.
Quando a livraria Hyunam-dong se torna um local no qual os clientes se sentem confortáveis para compartilhar suas histórias, esperanças e emoções, Yeongju percebe que finalmente está onde deveria.
“Queria Morrer, Mas No Céu Não Tem Tteokbokki”, de Baek Sehee (Universo dos Livros)
Com o selo de “livro indicado pelo Namjoon do BTS” estampado na capa, o livro de Baek Sehee é quase autobiográfico. Diagnosticada com ansiedade e depressão, a autora busca na terapia uma solução para os sentimentos que a assombram desde criança.
Ela compartilha com o leitor páginas de seu diário de infância, diálogos com seu psiquiatra e o amor por tteokbokki, um bolinho de arroz quente e picante, enquanto passa pelo processo de tentar entender melhor a si mesma.
“Pachinko”, de Min Jin Lee (Intrínseca)
No início dos anos 1900, a adolescente coreana Sunja se vê sozinha e grávida de um homem casado, e então decide aceitar a proposta de casamento de um homem gentil, mas muito doente, que está indo para o Japão.
O nome do livro vem dos salões de pachinko ― um jogo de caça-níqueis presente em todo o Japão –, o lugar mais fácil para que imigrantes coreanos arrumem emprego no país.
A história retrata a esperança e a persistência de três gerações de imigrantes coreanos no Japão, uma população discriminada e excluída.
*Com informações de CNN