Aberta por brasileira em Lisboa, loja de crepes em forma de vagina e pênis tem fila já antes de começar expediente
Mineira Juliana Lopes e seu parceiro austríaco Rober Kramer mantêm ‘La Putaria’ aberta de domingo a domingo e vendem cerca de 300 unidades por dia. Crepe em forma de seios deve ser próximo lançamento.
Os inocentes pasteis de nata e os famosos doces de ovos moles de Lisboa ganharam um grande e forte concorrente: crepes em forma de pênis e vagina que há dois meses estão sendo vendidos na Rua da Rosa, no Bairro Alto da capital portuguesa.
A doceria se chama “La Putaria” e há filas para provar a guloseima que estreou em agosto deste ano, logo após a abertura do comércio pós-confinamento causado pela pandemia da covid-19. O empreendimento é da brasileira Juliana Lopes, que se uniu ao namorado austríaco, Robert Kramer, para montar a loja.
Catapultada pelas redes sociais, a pequena loja de 50 metros quadrados abre de domingo a domingo, e vende uma média de 300 crepes todos os dias. Os donos não confirmam o faturamento mensal, mas como o menor preço de cada bolinho é 4,50 euros, em uma conta simples dá para calcular o faturamento mensal de pelo menos 40 mil euros (algo em torno de R$ 260 mil). Os crepes são recheados e cobertos por chocolate e/ou doce de leite e os preços variam entre 4,5 e 6,5 euros, dependendo da quantidade de recheios e coberturas que o cliente desejar.
O endereço é no bairro mais boêmio da capital portuguesa, famoso por reunir jovens das mais variadas nacionalidades que chegam a Lisboa para estudar nas universidades. O sucesso da loja está diretamente ligado ao uso das redes sociais para divulgar o negócio. No TikTok, a hashtag #Laputaria tem mais de 10,9 milhões de visualizações e praticamente todos os vídeos recentes foram feitos por clientes que compraram os bolinhos da loja da brasileira.
‘La Putaria’ também já enfrenta a guerra dos algoritmos. A primeira conta criada no Instagram foi derrubada pela rede:
“Imaginamos que houve denúncias. Portugal é um país muito tradicional. Por isso imagino que o tema da loja deve ter chocado e pode ter recebido uma série de denúncias. Inclusive, eu confesso que me surpreendi com o sucesso da loja. Mas, enfim, aconteceu”, analisa Juliana Lopes.
O segundo perfil foi criado e sinalizado como comercial, tem quase 19 mil seguidores e não sofreu mais problemas desde que foi reaberto (@laputariaoficial). Assim como no TikTok, a hashtag #Laputaria é quase toda com conteúdos feitos na loja da Rua da Rosa. A empreendedora destaca que nunca fez qualquer impulsionamento de conteúdo e que a movimentação nos perfis da loja é completamente orgânica.
As imagens dos crepes se espalharam pelas redes sociais, mas o sucesso da loja é mesmo no plano físico. As portas abrem por volta das 15 horas e todos os dias há filas para comprar as guloseimas. As amigas Inês Rodrigues e Marta Bras moram em Sintra (distantes 30 quilômetros de Lisboa). Mas vieram à capital apenas para conhecer o local. “Vimos nas redes e achamos divertido. Viemos conhecer, comprar e tirar fotos para colocar nas redes sociais”, contaram.
Elas disseram que devem voltar outras vezes, trazendo amigos e até familiares. “Minha mãe achou giro (engraçado) e vou mostrar as fotos quando eu chegar em casa”.
Mãe e filha compram juntas
A maioria do público é realmente de jovens, mas não é raro encontrar famílias inteiras no local. Mariza Melo, de 25 anos, viu os doces na internet e convidou a mãe, Mari Melo, de 50 anos, para conhecer. “Achei incrível e vim aqui conferir se era tudo aquilo que prometiam. Bem, bonito é. Vou ver agora se é gostoso”, disse Mari, enquanto aguardava o bolinho em forma de pênis.
Ela escolheu o tradicional que leva duas coberturas. Uma de chocolate preto que cobre 80% do bolo e a de chocolate branco, que vai na pontinha do crepe e é chamada pelos atendentes de “final feliz”. “Achei muito ‘giro’ e vou fazer umas fotos para colocar no grupo da família. Tenho certeza que todos vão se divertir muito”, disse a mãe que parecia muito mais a vontade com o doce do que a filha.
Atendentes são ‘poliglotas’ de pênis e vaginas
O endereço do La Putaria é um dos mais turísticos de Lisboa. Por isso, os atendentes precisam saber “traduzir” o produto. Dos seis funcionários que se revezam no balcão ao longo dos dias, uma é brasileira do Maranhão.
Daniela Silva diz que gosta muito do trabalho e que é mais uma diversão. Para atender bem os clientes, precisou aprender como os nomes pênis e vagina são ditos em diferentes idiomas. E começa a dizer os nomes que aprendeu: “Tem pila, picha, coño, pepeca, xoxota, pussy, dick… há também os mais pejorativos, mas são pouco comuns”” explica.
Nelson Costa e Diogo Barros são portugueses e pediram demissão de seus antigos trabalhos para atender no ‘La Putaria’. “Achei que poderia ser uma experiência diferente e divertida. E realmente está sendo… consigo até paquerar com alguns clientes”, confessa Diogo.
Crepe em formato de seios
A loja vende dois formatos de crepes: o de vagina e o de pênis. Esse segundo formato é disparado o mais vendido (cerca de 80%). Há estudos para crepes em outros formatos, o próximo deve ser em forma de seios (ou maminhas, como chamam os portugueses).
O sucesso da loja provocou uma série de cópias do negócio. Robert Kramer disse que alguns concorrentes chegaram a ir fotografar os doces na loja e que nas redes sociais algumas pessoas chegam a marcar o perfil da loja reclamando do serviço (com fotos de doces que são de outras lojas). “Algumas pessoas acham que somos franquia. Não. Nascemos só com esta loja, por enquanto”, diz o austríaco que vive há cinco anos em Portugal e namora Juliana há três.
Segundo ele, a ideia da loja veio de amigos que foram a Bangkok e capitais de países da Europa e enviaram informações de negócios parecidos. “Quando vi a foto, pensei logo que seria uma ótima ideia aqui. Comprei as máquinas nos Estados Unidos e pedi a ajuda de Juliana com a receita do crepe e o trabalho com redes sociais”, conta.
Do dia em que viu as fotos dos amigos para a abertura da loja foram apenas quatro meses. “Sabia que daria certo, mas não esperei que fosse tão rápido”. O sucesso dos crepes de pênis e vagina não deve parar por Lisboa. O casal já recebeu mais de 200 propostas para abrir franquias em vários países. Os dois planejam implantar uma segunda loja em Porto (segunda maior cidade de Lisboa) e planejam, ainda em 2021, lojas físicas também no Brasil (mas ainda sem locais definidos).
A loja de Lisboa já entrega os pênis e vaginas doces nas casas dos clientes e fazem pacotes com pedidos maiores. “Muita gente compra para despedidas de solteiro’’ , explica Juliana. O sucesso dos pênis e vaginas doces também entrou na rota da imprensa portuguesa. O casal já participou de seis programas de TV em Lisboa.
Essa exposição é uma grande novidade na vida da brasileira. Juliana chegou a Lisboa há pouco mais de três anos. Ela é de Minas Gerais e tem graduação na área de estética. Veio para Portugal morar com a mãe que já vive no país há mais de uma década. O plano inicial era trabalhar com ela, em uma empresa de estética feminina. Paralelo a esse trabalho, também vende bijuterias com uma amiga através de redes sociais. “Sou empreendedora e a minha vida já estava bem organizada com esses dois projetos”.
Ela conheceu Robert meses após chegar a Lisboa. Ele veio para Portugal tentar empreender na área de informática. Mas a vida dos dois está mudando rapidamente com a “La Putaria”, primeiro negócio deles juntos. “Pensei que fosse ser uma brincadeira. Mas o negócio deu certo e já é a minha principal fonte de renda”, declara Juliana. O casal de namorados trabalha agora para organizar o projeto em forma de franquia e espalhar bolinhos doces em forma de pênis e vaginas pelo mundo.
Tamanho do crepe usa medida média de pênis
Os planos são tão ousados e ambiciosos como a promessa que está em uma luminária neon na parede da loja: “É maior que a do seu namorado”. Essa parede, inclusive, foi desenhada para ser a parte ‘instagramável’ da loja. Depois de comprar o doce, tirar uma foto ao lado do letreiro faz parte da experiência de ir ao ‘La Putaria’.
Quando questionado sobre o tamanho e o formato dos crepes, Robert Kramer diz que não houve discussão sobre isso. A máquina já tinha esse formato e, no caso do formato de pênis, mede 16,5 centímetros. “A explicação que encontramos é que essa é a média de tamanho mundial do pênis”, diz Robert.
*Com informações do G1