A Lenda de Candyman: Filme resgata terror noventista com trama aterrorizante

Honrando com maestria as raízes do terror físico, a nova produção de terror apresenta matança com autocontrole

A Lenda de Candyman, escrito e dirigido por Nia DaCosta e produzido por Jordan Peele, é um conto de terror moderno, baseado na obra de Clive Barker. O filme é um revival de “O Mistério de Candyman”, lançado em 1992, no qual a pesquisadora Helen Lyle (Virginia Madsen), passa a investigar estranhos assassinatos no bairro de Cabrini-Green, uma região pobre da cidade de Chicago, EUA. Ela se depara com a lenda urbana do Candyman (Tony Todd), uma aparição que possui um gancho no lugar da mão direita, que é invocada quando seu nome é repetido cinco vezes em frente a um espelho.

Sim, isso te parece familiar, né? Digamos que um pouco parecido com a lenda da Loira do Banheiro ou a Bloody Mary. Pois é, existe mais alguém que não gosta de ouvir o próprio nome, e sua história voltou a ser contada: Candyman.

Já em “A Lenda de Candyman”, lançado esse ano, a história é ambientada cerca de 27 anos depois da trama do original, onde o espírito raivoso do rapaz “volta”, por meio do artista Anthony McCoy (Yahya Abdul-Mateen II), quem redescobre a história e a leva para uma exposição de arte, até que os assassinatos pelos espelhos recomeçam.

Yahya Abdul-Mateen II como Anthony McCoy em ‘A Lenda de Candyman’ – Imagem: Reprodução

O protagonista é filho de uma das moradoras de Cabrini-Green que foi entrevistada por Helen Lyle, anos atrás, no início dos assassinatos.  

O Candyman nunca é mostrado diretamente, mas é possível vê-lo flutuando de forma ameaçadora, ou então sua silhueta através do espelho. Nos momentos em que ele é invocado, a matança não demora para acontecer, e mesmo os trechos mais sangrentos são retratados com muita sutileza e autocontrole, nunca cedendo ao espetáculo da violência.

É importante destacar que a trama é um protesto político e manifesto contra o racismo. É um filme com mensagens fortes, que trabalha o tempo todo em um nó artístico e subjetivo. Não é atoa, que Peele, conhecido por dirigir “Corra” e “Nós”, filmes que apontam temáticas sobre a população negra americana e o preconceito social envolvido, deixa sua marca nessa produção também.

A fotografia da nova produção é incrível, tanto em cenas externas quanto durante os assassinatos, que não são tão visuais quanto de costume para filmes de slashers, mas têm um visual brutal mesmo assim.

A história por trás de Candyman

Ele é um homem negro, filho de um escravo do início do século XX. Quando se apaixona por uma mulher branca e a engravida, o pai dela envia uma multidão para matá-lo. Ele foi espancado, teve a mão decepada, foi amarrado e teve mel espalhado pelo corpo, a fim de ser atacado por abelhas e formigas até a morte. O nome Candyman (homem doce) surgiu como deboche pelas pessoas que testemunharam a brutalidade.

Nota: 7,0

*Juliana Gomes.

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