A década de 1990 e seu impacto nos carros

Uma excelente quinta feira para todos vocês, apimentados do nosso coração! Costumamos falar muito por aqui sobre a década de 1990, seus carros e suas mudanças. Se você não viveu, não se recorda ou não prestou atenção nos anos 90 pode achar estranho. Afinal, o que aconteceu de tão importante lá? Simples: tudo mudou!

Para entender um pouco melhor o impacto dos anos 90 no mercado automobilístico brasileiro precisamos voltar um pouco mais no tempo. No início havia a escuridão… E 100% da nossa frota era composta de importados. Não havia fábricas ou montadoras por aqui. A Ford foi uma das pioneiras, montando aqui os modelos fabricados em Detroit. Nessa época habitavam nossas ruas esburacadas modelos americanos, como Oldsmobile, Plymouth, Studebaker… e Europeus, como Peugeot, Opel, etc. Nos anos 50 as coisas começaram a mudar. A Romi, empresa nacional sediada em Santa Bárbara D’Oeste – SP, começou a fabricar sob licença da Isetta o famoso Romi-Isetta. Que só não é por unanimidade o primeiro automóvel de passeio fabricado no Brasil por, teoricamente, não ser um automóvel. Pois por possuir uma única porta contraria uma definição comum, que diz que automóveis tem duas portas ou mais…

Depois do Romi-Isetta algumas outras marcas se aventuraram a fabricar modelos por aqui. Dentre elas, basicamente três sobreviveram: VW, Ford e Chevrolet. Mas ainda tínhamos outras importando regularmente como: Mercedes-Benz, BMW, Volvo, Alfa Romeo… O início do governo militar e sua política de protecionismo praticamente impossibilitaram a importação de produtos, mantendo, assim, nosso mercado automotivo isolado do mundo por mais ou menos vinte e cinco anos. Neste período a mudança mais significativa do mercado foi a chegada da Fiat, começando a fabricar a linha 147 em Betim.

Os carros lançados por aqui nas décadas de 70 e 80 eram praticamente Frankensteins. Uma mistura de carros lançados na Europa no mínimo cinco anos antes, com algumas atualizações de design. Exemplo? Passat, Chevette… Ou ainda modelos fabricados sob licença de outras marcas, com várias adaptações para redução de custo. Exemplo: Corcel, que na verdade era um Renault 12 com penduricalhos Ford.

Então veio o fim do governo militar, veio a hiperinflação do governo Sarney, e veio o governo Collor. Dentre as reformas realizadas estava a abertura do mercado. Entre 1990 e 1994 nosso mercado foi inundado por importados muito mais modernos que nossos nacionais. Isso, aliado ao otimismo presente na época e alimentado pelo Plano Real, forçou as montadoras já estabelecidas aqui a evoluir seus modelos, extremamente defasados à época. Em 1994 nosso mercado tinha opções como Honda Civic, com injeção eletrônica multiponto, cabeçote com 16 válvulas, em algumas versões contava até com comando variável… E tinha também o Fusca. Basicamente o mesmo carro desde os anos 40, com novas lanternas traseiras…

Se você fosse um apaixonado por carros e andasse pelas ruas de uma metrópole nos anos 90 não conseguiria prestar muita atenção no seu caminho, tamanha era a quantidade de modelos diferentes. Avistar um Chrysler Stratus era muita loucura para uma mente acostumada com Santana e Omega. Nesse turbilhão de importados tivemos modelos muito emblemáticos, como: Alfa Romeu 145 e 155, Mazda 626, Subaru Impreza, Suzuki Swift, Dodge Dakota, Mercedes-Benz C180, BMW 318, Volvo S40, Citroën ZX, VW Golf…

Esse impacto é sentido ainda hoje. Impossível dizer, mas se não tivéssemos essa abertura do mercado, nesse momento de otimismo, certamente não teríamos a onda dos anos 2010, onde nosso mercado esteve bem próximo de ficar paralelo com o Europeu, tendo os mesmos modelos vendidos aqui e lá.

Infelizmente nossa economia não é estável, e pula de crise em crise. Além disso, a indústria automotiva tem uma enorme força, conseguindo com seu lobby ações como redução de IPI para nacionais e aumento da alíquota de importação… Isso afugenta marcas interessadas em nosso mercado gigante.

Só nos resta torcer para nosso mercado não se fechar novamente…

Antonio Frauches, engenheiro mecânico e entusiasta do mundo automotivo.

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