A cada 10 anos, um buraco negro primordial pode visitar nosso Sistema Solar

É possível que buracos negros microscópicos tenham se formado logo após o Big Bang — e, se este realmente for o caso, talvez alguns deles visitem nosso Sistema Solar a cada década. A conclusão é de um estudo de pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, que sugerem que as distorções gravitacionais causadas por estes objetos podem ser detectadas. 

A descoberta é importante porque sugere que, se tais distorções forem identificadas, elas podem ajudar os astrônomos a desvendar o mistério da matéria escura. Ela tem este nome porque é invisível, e os cientistas consideram que existe devido aos efeitos gravitacionais que causa na matéria “comum” e na luz. 

É possível que a matéria escura tenha relação com os buracos negros primordiais, que existem desde o início do tempo. Enquanto os buracos negros supermassivos chegam a bilhões de massas solares, a coautora Sarah Geller explica que os primordiais “são pelo menos 10 bilhões de vezes mais leves que o Sol, e são pouco maiores que um átomo de hidrogênio”.

Alguns estudos já indicaram que os buracos negros primordiais que sobreviveram até hoje podem formar praticamente toda a matéria escura. Agora, Geller e seus colegas decidiram investigar a frequência com que eles atravessam o Sistema Solar, e se causam algum efeito perceptível. “Se existirem vários buracos negros lá fora, alguns deles devem com certeza passar por nosso ‘quintal’ aqui e ali”, acrescentou ela. 

Buracos negros primordiais poderiam causar perturbações pequenas, mas perceptíveis no Sistema Solar (Imagem: Reprodução/Ruby Nury/Sketchfab)
Buracos negros primordiais poderiam causar perturbações pequenas, mas perceptíveis no Sistema Solar (Imagem: Reprodução/Ruby Nury/Sketchfab)

Eles perceberam que precisavam de um sistema grande o suficiente para buracos negros atravessarem, mas que permitisse a coleta de dados com a precisão necessária para a detecção dos efeitos. “Foi quando começamos a pensar sobre as órbitas dos objetos do Sistema Solar, medidas muito precisamente”, explicou. Segundo ela, a gravidade de um buraco negro primordial causaria oscilações nas órbitas dos objetos em nosso sistema, que seriam grandes o suficiente para serem medidas. 

Por isso, é possível até que algum deles já tenha passado por aqui. No entanto, Geller reforça que isso não quer dizer que os autores afirmaram que buracos negros primordiais existem ou que estão no Sistema Solar. Na verdade, o que dizem é que “se existirem e formarem a maior parte da matéria escura, então um deve passar pelo Sistema Solar interno em intervalos de 1 a 10 anos”, ressaltou ela. 

Além disso, os resultados foram obtidos através de simulações computacionais simples, que não têm a precisão necessária para analisar dados relacionados às órbitas do Sistema Solar interno. “Para fazer afirmações definitivas, precisaremos trabalhar com colegas especializados em modelagem do Sistema Solar com métodos computacionais muito mais sofisticados”, acrescentou Benjamin Lehmann, outro coautor. 

Agora, a equipe está analisando a possibilidade de colaborar com especialistas em simulações do Sistema Solar, do Observatório de Paris, para investigar dados orbitais já existentes. “Eles são alguns dos maiores especialistas em métodos de simulação sofisticados que serão necessários para tornar essa análise uma realidade”, finalizou Lehmann. 

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Physical Review D.

Fonte: Physical Review DSpace.com

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