A nova versão de Cinderela desperdiça um talentoso elenco com produção esquecível e sem identidade
Talentos do elenco são perdidos em roteiro que não faz ideia de como usar música para contar a sua história
A Amazon Prime Vídeo lançou recentemente uma nova versão de Cinderela, protagonizada pela estrela da música pop Camila Cabello.
A história do longa você já conhece, afinal, inúmeras adaptações tanto em animações quanto em live-actions foram realizadas da versão mais clássica do conto da Cinderela. Dessa vez, a plataforma de streaming apostou em uma releitura mais contemporânea e desengajada que suas predecessoras. Entretanto, mesmo com as puras intenções, o resultado é extremamente frustrante e desperdiça talentos do elenco em prol de um amontoado de acontecimentos sem pé nem cabeça.
A nova versão de Cinderela, mostra a jovem Ella (Camila Cabello) que sonha em se tornar estilista. Enquanto isso, o príncipe Robert (Nicholas Galitzine) é um rapaz rebelde sem interesse algum em herdar a coroa do pai, o rei Rowan (Pierce Brosnan), ao contrário de sua irmã, a princesa Gwen (Tallulah Grieve), cheia de ideias progressistas para melhorar a administração do reino.
Ella é tratada como empregada pela madrasta, Vivian (Idina Menzel) e suas filhas, até que a chance de mudar sua vida surge com uma ida ao baile do príncipe Robert, com a ajuda da Fada Madrinha, que nesse longa, ganha o nome de Fab G (Billy Porter). Outros elementos também estão por ali, como os ratinhos leais da jovem e os sapatinhos mágicos… Porém, existe algo diferente nessa história.
A jovem não tem o sonho de encontrar seu príncipe encantado e sair de uma vida de miséria para alcançar o final feliz. Essa felicidade é traduzida por outro desejo, o de abrir seu empreendimento como estilista de moda, almejando a oportunidade de tirar do papel desenhos de belíssimos vestidos e conseguir deixar para trás tristes eventos que tiraram a vida de sua mãe e do seu pai. É através desse contexto que o desenrolar da história toma outras proporções.
Em formato musical, essa nova versão do filme foi bastante explorada, claro, por ter uma cantora como Camila Cabello como a protagonista, que apesar de para algumas pessoas isso não ter sido um problema, para alguns críticos foi.
Em minha opinião, o filme foi exageradamente recheado de músicas com um roteiro um tanto quanto fraco. O problema maior mesmo são as escolhas musicais, culminando em uma versão lamentável de “Let’s Get Loud” de Jennifer Lopez, “Somebody to Love” do Queen, e a interpretação equivocada da madrasta em “Material Girl”, de Madonna. O único momento mais inspirado do filme é a canção original “Million to One”, coescrita e interpretada por Cabello. Embora não tenha muita oportunidade de mostrar suas verdadeiras habilidades de atuação no filme, a estrela do novo Cinderela contribui com a composição mais genuinamente tocante, e que funciona precisamente porque a canção se conecta à história e à personagem, movendo ambas adiante em letra e ritmo. Talvez, da próxima vez, Camila Cabello possa escrever o roteiro também.
Ao contrário do que muitos haters acreditam, a escolha inusitada de Camila Cabello funciona. Ela tem carisma e diverte como a personagem. Sua química com Nicholas Galitzine é bacana, rendendo uma parceria diferente entre a gata borralheira e o príncipe (mais ou menos) encantado.
O filme é bom? Não. Nem pensaria em assistir de novo! Porém, não é ruim também, só deixa de ser marcante. Ele tinha o potencial e no fim desperdiçou… Mas é incrível ver, finalmente, uma Cinderela latina.
Nota: 5,0
*Juliana Gomes.