Especialistas dizem que o pegging, que reconfigura estereótipos sexuais e de gênero, pode ser libertador (Foto: Getty Images)

Já ouviu falar de Pegging? A última novidade que vai impulsionar sua vida sexual

Especialistas explicam por quais motivos ele transforma relações – e orgasmos – de homens e mulheres

Não é uma palavra que você escuta sempre, ou então, de forma alguma. Você já ouviu falar de pegging (de ‘To Peg’, ou “Empalar”, em tradução livre)? Caso não, você claramente não assistiu a Deadpool (leia mais abaixo).

Estatísticas mostram que pegging é a última novidade do sexo que tem dominado quartos e fóruns online. É tão procurado quanto as posições sexuais, bondage para iniciantes, bolinhas eróticas ou o Kama Sutra. É uma ótima opção se você está querendo agitar um pouco as coisas.

Deseja tentar algo novo e sexualmente adentrar em um território desconhecido com seu parceiro? Considere esse, então, o seu guia de A a Z. Apenas adicione um pouco de lubrificante e um dos seus melhores brinquedos sexuais, que você já vai se tornar uma expert.

O que é pegging?

De acordo com o terapeuta sexual e autor de She Comes First, o PhD Ian Kerner, pegging é um termo que foi cunhado pela primeira vez pelo colunista de sexo Dan Savage. Para as menos experientes e mais inocentes, é a palavra usada para descrever sexo anal em casais heterosexuais. Tipicamente, se refere ao sexo no qual o homem recebe a penetração anal e a mulher usa um dildo preso a si por uma alça.

Em outras palavras, pegging é um homem sendo penetrado por uma mulher usando um dildo preso por uma alça. Observação: apesar do termo ser comumente usado em um contexto heterossexual, pegging é aproveitado por casais lésbicos, trans e queer.

O quão comum é o pegging e qual a porcentagem de casais que “empalam”?

Se perguntando sobre a porcentagem de casais que empalam? Boa pergunta. Em uma pesquisa, 45% dos casais disseram que não sabiam o que significava. Contudo, um levantamento da Lovehoney mostrou que 10% das 1,000 mulheres entrevistadas já haviam empalado o seu parceiro e uma de cada dez disse que gostaria de tentar. Também foi  reportado que é claramente um movimento em alta entre casais heterossexuais do Reino Unido, com as vendas de alças tendo aumentado quase 200% no último ano.

Como o pegging se tornou popular?

Da mesma maneira que Ann Summers atribuiu o grande frisson aos vibradores na aparição do Rampant Rabbit (coelho vibrador) em um episódio de 1998 de Sex And The City (e Cinquenta Tons de Cinzas levou à comoção por spanking, bolas eróticas e bondage). A cultura pop ajudou a colocar esse movimento sexual no mapa do sexo.

Em 2015, o sitcom estadunidense Broad City, uma série que mostra as explorações de duas mulheres millennials de Nova York, mostrou uma das personagens principais empalando o seu crush de longa data.

Pegging também apareceu em uma montagem de sexo no filme de super-herói Deadpool, com Ryan Reynolds emplacando para o time progressivo masculino. Há inclusive uma thread no Reddit com 34 mil pessoas dedicada a esse movimento sexual, com posts que se alternam entre inocentes conselhos a selfies comemorativas de “nós conseguimos!”.

A subversão dos papeis excita mulheres e homens (Foto: Getty Images)

Espera… pegging foi mencionado no Gogglebox?

Sim. Nós selecionamos esse clipe maravilhoso aqui para você. Observação: essa é apenas a opinião de um casal sobre o movimento sexual.

5 benefícios do Pegging para manter no seu radar

De acordo com Ian Kerner, muito do apelo do pegging tem a ver com o prazer masculino da próstata. Quando um homem é empalado, a próstata, que já foi chamada de ‘ponto G masculino’, é estimulada, levando a um maior prazer sexual e orgasmos. Para que você saiba: a próstata é uma glândula, do tamanho de uma noz, localizada logo abaixo da bexiga e facilmente acessível por penetração anal.

Porém, ele acredita que os prazeres psicológicos do pegging são maiores (e possivelmente transcendentes) aos físicos. Ele diz que “a troca e subversão dos papeis de gênero, o jogo de poder e a novidade da mulher usando o pênis podem ser muito excitantes para o homem.”

Além disso, ele afirma que tentar novos movimentos sexuais pode ser bom para a sua relação. “A novidade estimula a transmissão de dopamina, um neurotransmissor que tem grande importância na excitação sexual. Então, se a sua vida sexual está um pouco familiar, novos movimentos sexuais – incluindo o pegging – são uma forma de manter o fluxo de dopamina.”

A doutora Gayle Brewer, psicóloga de comportamentos sexuais e relacionamentos da Universidade de Liverpool, concorda. “Abandonar estereótipos sexuais associados com gênero e sexualidade pode ser libertador. Tradicionalmente, nós temos essa ideia de que é papel do homem assumir o controle sexual e que as mulheres são mais submissas no quarto.”

“Um ato como o pegging pode ser um interessante lembrete para os homens de como as mulheres podem ficar vulneráveis durante o sexo e da confiança que elas depositam neles quando têm relações sexuais (vaginais ou anais) com eles”, continua.

Gayle ainda adiciona que compartilhar abertamente fantasias sexuais – mesmo que você não as performe – é um sinal de uma relação positiva e saudável. “Possibilitar aos homens a habilidade de dizer que eles não querem estar no controle o tempo todo – e que eles apreciam quando suas parceiras tomam iniciativa – e, da mesma forma, possibilitar às mulheres se sentirem empoderadas, estarem no controle e não perceberem o sexo como algo que simplesmente acontece com elas, é um grande nivelador”, diz a doutora Brewer.

“Me sinto poderosa e dou algo para o meu parceiro que ele realmente quer”, relata praticante. (Foto: Getty Images)

4 críticas honestas de como é o pegging de verdade

1) “Eu gosto do poder”

“Eu me excito ao introduzir um homem a algo que ele nunca considerou antes e também ao observar a sua reação à medida que ele percebe que gosta disso. Eu acho que o poder do sexo anal da ‘mulher no homem’ vem da troca de papeis, para ambas as partes”, diz Eve.

2) “Tem sido um despertar inesperado”

“Eu estava casualmente saindo com esse cara por algumas semanas e nós havíamos falado sobre pegging. A ideia nos excitou e, em uma noite bêbada em particular, nós decidimos tentar”, diz Danielle, 29 anos.

“Foi muito casual entre nós”, diz ela. “Ele tinha um flat de um quarto, o que é relevante porque nós não precisamos nos preocupar com coisas que você normalmente leva em conta quando tem colegas de apartamento. Como um roomate andando pela sala e vendo uma garota negra aleatória com um pênis branco. Semanas depois, eu recebo uma mensagem dele falando: “Espera, então você quer fazer isso?”.

“O que? Fazer o que?”, respondeu ela.

“Aparentemente, na noite anterior nós estávamos conversando bêbados e eu brinquei sobre colocar uma strap (alça). Eu não me lembro de fazer essa piada, mas parece algo que eu diria então eu acreditei. Eu realmente esqueci a resposta dele mas tenho certeza que foi algo do tipo ‘e se eu tivesse uma strap, você a usaria?’.

Nós decidimos ficar muito bêbados e fazer depois. Então, nós fomos a um bar e voltamos ao seu apartamento. Os detalhes não são claros, mas eu me lembro de ser coerente o bastante e tirar uma ‘foto de pinto’ de mim mesma usando as alças – a qual eu enviei para duas amigas, incluindo uma que sempre quis empalar um cara.

Eu me lembro de deslizar com muita facilidade: tinha lubrificante, mas era um dildo grande. Nos próximos meses, nós fizemos algumas outras vezes, todas por iniciativa dele. Uma vez, eu fui no seu armário para pegar a alça e notei alguma coisa estranha. Eu olhei para baixo e percebi que a alça que eu estava segurando era menor (e mais venosa) do que a que nós estávamos usando.

Eu percebi que isso significava que ele já tinha feito com um dildo ‘para iniciantes’ e trabalhou o bastante para alcançar o que usávamos. Eu levei o pinto pequeno para ele e ele ficou tímido por um segundo, depois nós deixamos ele de lado e usamos o grande.

A questão com o pegging é que eu achei estranho e não me excitou ou fez qualquer coisa por mim, mas eu não liguei. Então, quando ele quis, por mim, sem problema. Eu tenho 1,70m, então foi legal ver um homem de 1,93m em uma posição vulnerável e fuder com ele. 

Algumas vezes, eu terminava e ele dizia ‘sua vez!’; e então ele pronunciava três palavras que são tão esquisitas de ouvir de um cara sobre anal: ‘É bom, né?!’”

“Você faria de novo?”, pergunta Danielle. “Claro, se um cara realmente quer. Eu estranharia um pouco? Claro, mas provavelmente faria de qualquer jeito.”

3) “Meu parceiro experienciou orgasmos mais fortes”

Elisha, de 31 anos, concorda. O seu parceiro certamente experienciou orgasmos mais fortes e se libertou com a troca de papéis e disrupção das políticas de gênero. Atualmente, ela diz que ele comumente menciona o quão forte ela parece e como ele gosta de estar ao seu dispor. E para ela? “Me sinto poderosa e dou algo para o meu parceiro que ele realmente quer. Além do incrível exercício de coxa e abdominal”, ela brinca.

“Trouxe um novo tipo de intimidade para o meu relacionamento com meu namorado de longa data. Ao fazer compras online, ele me mostrou o que estava na sua cesta. Não era uma lâmpada da Ikea; eram arreios de couro e um conjunto preto de dildos. Eu não fiquei surpresa. Nós dois trocamos em nossa relação (por troca, entende-se a alternância entre submissão e dominação na cama), mas eu sabia que ele amava ser submisso. Foi incrível saber que ele confiava em mim daquela forma, que eu seria possível de amá-lo desse jeito que ninguém antes amou. Minha única preocupação foi se eu seria péssima nesse negócio de pegging”, ela ri.

O casal agora empala de uma a duas vezes por mês e Elisha credita o movimento a ajudar na relação fora da cama. “Ele passou a sua vida adulta inteira achando que ele nunca poderia compartilhar esse lado comigo. Então, confiar em mim com essas fantasias nos deixou mais próximos.”

4) “Foi novo e excitante”

Ao pensar nos efeitos físicos do pegging, os benefícios, em sua maioria, recaem sobre os homens (apesar de que algumas alças têm ponta dupla que pode ser inserida na vagina durante a penetração). Peter, de 23 anos, de Newcastle, já fez pegging com três namoradas.

“Toda garota aproveita”, ele diz. “Eu acho, que para elas, foi algo novo e excitante. Com uma, tornou-se a nossa forma favorita de transar”. Ele ficou curioso pela primeira vez após ler sobre o ‘ponto G masculino’.

Pegging talvez não seja o delírio de todo mundo, mas parece ser extremamente libertador. Pode inverter estereótipos sexuais de ponta cabeça e te expor a novas perspectivas, com consequências surpreendentemente prazerosas e progressivas. Aproveite.

*Com informações da Marie Claire

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