Algo acontece dentro de você: por que a voz vai mudando ao longo da vida?
Nosso corpo muda e a voz vai mudando junto conforme envelhecemos, caro agudense. A laringe muda de posição, o tamanho das pregas vocais (popularmente chamadas de cordas vocais) aumenta e isso tudo junto altera nosso timbre —alterações hormonais ao longo da vida também influenciam a nossa identidade vocal.
“Um dos fatores mais importantes para definir o tom da voz é o tamanho das pregas vocais. Quanto menores elas forem, maior a frequência vocal e mais agudos os sons emitidos por elas. Conforme elas crescem, a frequência sonora diminui, produzindo sons mais graves. Compare um violino e um baixo e pense em que instrumento terá o som mais agudo? O violino, pois suas cordas são menores”, descreve a fonoaudióloga Letícia Amado Pacheco, especializada em voz.
“Para dar outro exemplo, a frequência fundamental da voz de crianças fica acima de 250 hertz. Em homens, essa frequência gira em torno de 100 hertz e, nas mulheres, em torno de 200 hertz na fase adulta”, acrescenta.
No vídeo a seguir, é possível fazer a comparação sugerida pela Letícia entre o violino e o baixo —e ainda tem o violoncelo no meio do caminho:
Ao nascermos, a laringe é bem alta no pescoço, na altura da 3ª vértebra cervical. As cartilagens são frouxas e nem todas as camadas das pregas vocais estão formadas, além de termos um controle cerebral ainda muito imaturo.
Na infância, já é possível formular frases mais elaboradas, mas as vozes de meninos e meninas são agudas e praticamente indistinguíveis.
É só na adolescência que os garotos passam a ter, na maioria dos casos, uma voz mais grave do que as garotas. Nesta fase da vida, aliás, a voz fica instável porque a laringe e as cordas vocais crescem acentuadamente.
E olha só que curioso: essa alteração é conhecida como muda vocal —parece até trocadilho. Aliás, se a voz não muda nessa idade, existe a possibilidade de a causa ser um distúrbio chamado puberfonia —procure um fonoaudiólogo se for o caso.
Na idade adulta, a voz se estabiliza, com as pregas vocais totalmente formadas e a laringe na altura da 6ª ou 7ª vértebra.
Só que, conforme o tempo passa, entra em cena o processo de presbifonia, relacionado com o envelhecimento celular. Aos poucos, alterações das células musculares acabam por modificar as cordas vocais. E a frequência vocal é impactada diretamente: nos homens, ela aumenta e a voz fica mais aguda; nas mulheres, ela diminui e a voz fica mais grave.
Então, aquelas vozes que eram semelhantes na infância entre meninas e meninos, e que se diferenciaram na adolescência, voltam a ficar parecidas entre os gêneros na velhice.
*Com informações do Tilt