Cerimônia de Abertura do Festival de Brasília terá homenagens a Zezé Motta e Vladimir Carvalho
Mais longevo festival de cinema do país, o 57º FBCB ocorre de 30 de novembro a 7 de dezembro, com nove mostras em cartaz, totalizando 79 filmes
Com 79 filmes programados, o 57º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro volta para mais um ano de celebração da produção nacional no Cine Brasília, neste sábado (30). A programação das mostras Competitiva Nacional, Brasília e paralelas começa oficialmente no domingo (1º/12). Tudo no Cine Brasília. Mas o primeiro dia do festival será reservado à tradicional Cerimônia de Abertura, às 20h, para convidados e com distribuição gratuita de uma cota dos ingressos antes da sessão.
Na abertura, o premiado diretor Marcelo Gomes (Cinema, Aspirinas e Urubus) realiza a primeira exibição mundial de seu novíssimo longa-metragem, Criaturas da Mente. Um filme “onírico”, como define o cineasta, o documentário investiga o sonho como motor da revolução humana, acompanhando o trabalho e a vida do neurocientista e escritor brasileiro Sidarta Ribeiro.
Antes da exibição do filme, a Cerimônia de Abertura do 57º Festival de Brasília celebra icônicas personalidades do cinema brasileiro, sob a apresentação da atriz e influenciadora acreana Gleici Damasceno, e da atriz, arte educadora, produtora e palhaça brasiliense Ana Luiza Bellacosta.
O primeiro Troféu Candango será entregue nesta ocasião, como de praxe. A grande homenageada do Festival de Brasília de 2024, que será agraciada com o prêmio pelo Conjunto da Obra, será a veterana e premiada atriz Zezé Motta, que acumula mais um Candango à sua carreira, 49 anos após vencer o troféu de Melhor Atriz, em 1975, por sua atuação em Xica da Silva.
Ela receberá a láurea em reconhecimento ao seu trabalho dentro e fora das telas, tanto como a grande atriz que ainda inspira gerações, como pela militância pela preservação da memória das artes negras, como fundadora em 1984 do Centro de Informação e Documentação do Artista Negro.
Em celebração aos 80 anos de Zezé Motta, o Festival de Brasília ainda exibe o clássico Xica da Silva (1976), de Cacá Diegues, em sessão única no domingo (1), às 19h, na Sala 2 do Cine Brasília, compondo as Sessões Especiais.
Na ocasião da cerimônia, o festival ainda presta tributo póstumo a três personalidades intimamente ligadas à produção cinematográfica da capital federal, que nos deixaram neste ano. A edição 57 celebra a memória da produtora, atriz e cantora Mallú Moraes. Professora da UnB, com vários créditos no cinema nacional tanto pela atuação como por seu trabalho incansável de produtora, Mallú deixou um legado também familiar, transmitido pelas obras de seus filhos cineastas Bruno Torres e André Moraes.
Pedro Anísio, cineasta paraense radicado em Brasília, responsável por filmes que marcaram a crítica política e social, também é homenageado postumamente, assim como um dos maiores e mais premiados documentaristas brasileiros, o cineasta e professor paraibano radicado em Brasília Vladimir Carvalho terá homenagem póstuma do Metrópoles na grande sala de projeção do Cine Brasília que, desde o início do mês, foi oficialmente batizada de Sala de Cinema Vladimir Carvalho.
A Vladimir é conferido também o tradicional prêmio da Associação Brasiliense de Cinema e Vídeo (ABCV), que neste ano também celebra em vida a roteirista, produtora, diretora Delvair Montagner e sua prolífica produção e engajamento em preservação da memória de povos quilombolas e indígenas, com participação em mais e 40 títulos.
A Cerimônia de Abertura, bem como a de Premiação, no dia 7 de dezembro, contam com tradução para Libras, audiodescrição ao vivo e legendagem em segunda tela. Elas serão transmitidas ao vivo pelo canal do Festival de Brasília no YouTube, assim como os debates da Mostra Competitiva Nacional e a conferência do Festival.
Do lado de fora do Cine Brasília, uma estrutura sem precedentes acolhe uma segunda sala de exibição, dois auditórios, sala multiúso, praça de alimentação e área de convivência com programação musical sempre a partir das 20h. Na noite de abertura, o Sistema Criolina, clássico das pistas da cidade, comanda a festa a noite inteira.
A 57ª edição do FBCB conta com apoio da Câmara Legislativa do DF, Cinemateca Brasileira, Cine Brasília, Canal Brasil, Canal Like, Telecine e Metrópoles. É realizado pelo Instituto Brasil Alvorada e Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal, em gestão compartilhada que se estende às três próximas edições do festival, culminando em 2026, na 59ª edição, e tem o patrocínio do Sebrae.
O secretário de Cultura e Economia Criativa do DF, Claudio Abrantes, reforça que esta pode ser a mais significativa edição do Festival dos últimos anos, referindo-se à entrega da edição e a homenagem prestada a Vladimir Carvalho. “Estamos muito honrados em tornar realidade não só a 57ª edição do festival mais longevo do país, mas também de fazer desta edição um marco para o audiovisual do DF que, recentemente, perdeu um grande nome, um grande entusiasta, mas que ganha com o seu legado, aqui eternizado. Sem sombras de dúvidas a entrega deste ano do FBCB supera as edições anteriores, pelo seu formato e pelo seu significado para a trajetória do cinema brasileiro”, pontua Claudio Abrantes.
Outras homenagens do festival
No domingo, ocorre a primeira sessão da Mostra Competitiva Nacional e, na ocasião, serão entregues mais duas honrarias. Conferida anualmente pelo Festival de Brasília para profissionais destacados pela dedicação à pesquisa e preservação do cinema nacional, a Medalha Paulo Emílio Salles Gomes será atribuída ao professor, pesquisador e ensaísta João Luiz Vieira, titular do Departamento de Cinema e Audiovisual e do Programa de Pós-Graduação em Cinema e Audiovisual da Universidade Federal Fluminense (UFF), autor de Cinema Novo & Beyond (MoMA, 1998), Nova História do Cinema Brasileiro (2018) e Por um cinema de cordel: um livro de Sérgio Muniz (2024).
O Festival de Brasília também retoma outra premiação importante: o prêmio Leila Diniz. Criado na 50ª edição, a láurea celebra mulheres cujos trabalhos marcaram a história do cinema brasileiro, na frente ou atrás das câmeras. Na 57ª edição, o prêmio celebra a carreira e profissionalismo de Sara Silveira, talento incontestável do audiovisual nacional, fundadora da Dezenove Som e Imagens Produções e produtora desde 1982, assinando filmes premiadíssimos como Alma Corsária (1994), Bicho de Sete Cabeças (2000) e Trabalhar Cansa (2011).
*Com informações da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec-DF)