A Terra era um forno na pré-história; como ela será no futuro?
Ao estudar dados das últimas centenas de milhões de anos, cientistas conseguiram estabelecer a média de temperatura da Terra ao longo de diversas eras geológicas, chegando a 485 milhões de anos atrás. Na época, ainda não havia dinossauros e sequer árvores, com os únicos habitantes fora do mar sendo musgos, centopeias e insetos primitivos.
Apesar das variações entre temperaturas mais baixas e mais baixas, o máximo que o planeta esquentou foram 15 ºC acima da média atual, muito menos do que havia sido calculado no passado. Estudos datados haviam estabelecido 30 ºC acima da era moderna, mais especificamente. A pesquisa foi publicada na revista científica Science.
O clima da Terra no passado
Não se engane: o fato das plantas e animais terem sobrevivido às flutuações climáticas do passado e as variações terem algo de natural não exime os seres humanos da culpa de interferir com o clima e aumentar a temperatura global.
Segundo a ciência, as mudanças climáticas nas quais temos influência atualmente estão se desenrolando rápido demais para que as espécies consigam se adaptar — essa rapidez já foi responsável, no passado, por extinções em massa. O período estudado pelos pesquisadores abarca o Éon Fanerozoico, cujo nome vem das palavras gregas para “vida visível”, e inclui a história da vida terrestre.
Os dados utilizados vêm dos fósseis de animais e plantas, bem como da vida orgânica e até mesmo das rochas — sua análise indica o quanto de frio ou calor as criaturas e restos do passado tiveram de aguentar com base no isótopo de oxigênio 18 absorvido por elas, e, coletando o suficiente por todo o mundo, é possível montar uma média de temperatura para cada época.
Os cientistas responsáveis, sendo da Universidade de Leeds, concluem que as oscilações de temperatura do planeta estão claramente ligadas à concentração de CO2 na atmosfera.
Estima-se que diversas variações ocorreram ao longo das eras, indo de uma média de 30 ºC (período chamado “estufa”) a uma média de 15 ºC (“casa de gelo”). Como a temperatura média atual fica em torno de 15 ºC, estamos, na verdade, em uma era de “casa de gelo”.
A velocidade das mudanças climáticas
A pior extinção do planeta foi há cerca de 250 milhões de anos, no final do período Permiano, quando 70% de toda a vida terrestre e 90% de toda a vida marinha entraram em extinção graças a erupções vulcânicas e as emissões de dióxido de carbono que emitiram.
Outro estudo também publicado na Science reavaliou o evento e descobriu pontos irreversíveis dos oceanos que contribuíram para o evento, como um enorme El Niño que acelerou o aquecimento. O mais importante é a conclusão de que não foi o aumento de temperatura em si que extinguiu as espécies, mas sim a rapidez desse aumento.
A Terra nunca passa da média alta de 30 ºC ou da baixa de 10 ºC — no calor, não há gelo e há muita água, o que expõe rochas ao ambiente, e sua dissolução em sedimentos sequestra carbono e resfria o planeta. No frio extremo, as rochas volta à cena, liberando o carbono novamente e aquecendo, voltando ao ciclo.
Em outras palavras, a Terra seguirá controlando sua média de calor e frio, mas, se nós, seres humanos, não agirmos agora para diminuir nossas emissões e controlar o dióxido de carbono na atmosfera, não estaremos vivos para ver o planeta resfriando novamente, bem como inúmeras outras espécies que não suportarão o aumento súbito de temperatura.
*Com informações de Canal Tech